A Luínha dorme, sonha... é mesmo uma rebelde: não se submete aos alvitres do relógio. A roseira me acariciou generosa com seu perfume inebriante; um elixir para remoçar os pensamentos. O limoeiro se assusta com meu trabalho madrugadeiro. Mas cedeu-me o suco diário, sorridente... O vento da madrugada guarda magias que a ciências não ousa auscultar...Só e povoado... escrevo. Ontem, foi um dia de grande emoções. O diálogo com a família, a conversa insituinte com Juvenal Arduini, A Universidade Popular e o mágico reencontro com amigos da eternidade, mas que não os via... o tempo e a vida corre e separa o inseparável.
Enganam o os que direi que ontem houve uma paradigmática vitória da ética,. Precisamos viver e fazer política afirmativamente. O pólo paranóico é sempre o espaço do conservadorismo. Não celebrarei aqui a infelicidade de Palocci... Celebrei, sim; o dia que puder começar a amanhã, dizendo: é feriado, saímos nas ruas e celebremos a aprovação do Plano Nacional de Direitos Humanos e com ele a Comissão da Verdade, o fim da impunidade e a história restaurada, diante dos nossos mortos e desaparecidos; o Kit nas escolas; a lei contra a homofobia; o PLC 122/06; a discriminalização da maconha... e código florestal, com respeito e preservação das nossas matas, rios e riachos; celebraremos a reversão da Usina de Belo Monte e um debate sério e consequente sobre sustentabilidade e desenvolvimento.
Assim, hoje falarei do ontem...
Dialogando com Juvenal Arduini, o ouvi... nos seus 92 anos, com uma fala que revela a beleza da dignidade dos que mesmo no leito lutam... Refletindo sobre a luta na construção da Universidade Popular, disse: reúnam com ternura, o novo se constrói no caminho de partilha e solidariedade... porém, o grupo se solidifica, ganha vitalidade e coesão é na ternura. Recordei de Espinoza, para quem, a política se desagrega por funcionar como paixão triste e mal encontro. Na ternura conseguimos o perene perambular da alegria.
Um dia antes, rimos num bar: meu cunhado, bom mineiro, relembrou um dia na beira do Rio Grande. Todos apreensivos, minha sobrinha havia saído de carona no Jet... De volta, ante a preocupação geral, ela logo indagou: é ciúme?... Os pais lhe contestam: Não, filho, o moço não problema, mas ir pelo rio sem colete... Fiquei pensativo. O que pode a vida quando, suprimimos a repressão, e educamos com ternura e liberdade?... Novas subjetividades, anseios de vida novo, um outro mundo possível...
Depois, no Face reencontro Gallo, Pato, e eles me contam que conversavam com Iola, Nilo e Sibele...
Quanta saudade!... Luínha se preocupou com minhas lágrimas e, novamente, lhe expliquei que há lágrimas belas... São livros, poesias da vida. É a força da saudade contando a grandeza do carinho e do amor que não passou e não passará...
Éramos ousados, criativos e amigos... A professora Eli Gurgel pariu uma geração que há eternizará, como compreende a eternidade as nossa queridas Madres de Plaza de Mayo... Nos ensinou economia política e nos entres dos encontros, escutando, ensinou-nos: ética, amizade, ternura, paixão pelo saber inventar e saber aprender, ministrou aulas vivas de generosidade e solidariedade; nos subjetivou insurgentes e afirmativas...
Um dia escreverei sobre ela... Ela que é uma bricolagem do espírito militante e questionador de Sartre, com a ousadia e pensamento instituinte de Guimarães Rosa... Ela tem si todas e todos os Rosas... uma revolucionária que já vive visceralmente o porvir...
Abraçando-a, abraço aos amigos, a nossa bela tribo, e abraço aos dignificam no caminho da luta a grandeza da partilha na suavidade de uma vida poética.
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