quarta-feira, 8 de junho de 2011

POESIA: ASAS DA NOITE NEÓN...

                                            NA NOITE NEÓN
                                                              Jorge Bichuetti
                                              ( para Iola, Nega Véia, Gallo, Pato, Faustin, Flavin, Vanessa, Marília,Osvaldin, Victor, Laine, Stela, Leda, Xepinha e toda a tribo da Saúde Coletiva da UFMG.)


Palavras esquartejadas no vento
pelas mãos calosas e rudes do
tempo,
tempo que rodopiou no vento
e, entranhando na nossa pele,
não passou...

Éramos a audácia do sonho,
germinando nas pedras da rua,
uma flor;
uma flor tecida no sonho
que  mesmo sendo tenra e terna,
nunca murchou...

Nós, nus... seduzindo o clarão
da nova vida co'a dança da suavidade,
numa noite neón;
numa noite neón onde o clarão
era o suor e os fluidos dos nossos corpos,
que o tempo nem o vento nunca
apagou...

Agora, na saudade, da vida vivida,
somos flores de papel crepón,
que perfumamos o caminho
com o perfume do sonho inventado;
e  colorimos o horizonte
com as cores da aurora esperada...

Somos flores de papel crepón;
mas como sangram
a nossa pele
na noite sem clarão
da vida que se fez distante,
nublando o brilho das faísca do neón...

Somos folhar secas no vento...
Entre uma lágrima de saudade
e a lembrança da viva alegria,
somos um rio
entre livros, discos e muita saudade...

Somos a saudade que ri e chora,
rebeldia que nega as horas
e permanece insurgente;
na memória que escreve no vento,
notícias da vida e do caminho,
das noites de neón,
onde o clarão atômico
era ofuscado
por nossos corpos que brilhavam
no profano céu da aventura,
no sagrado tempo da utopia,
onde abraçados éramos
a multidão, a tribo, a própria vida
nos voos intempestivo de uma louca e eterna
estrela... a estrela da amizade...


                                SIBELE
                                           Jorge Bichuetti

De Si Bela,
sibilos
do cio das Geraes:
terra de com-paixão...

Mineiridade pagã,
na romaria
das flores enluaradas
pelas velas da revolução...

Um canto da noite, um
passarinho
borboleteando nas montanhas
a vida
a aurora
o porvir
as cachoeiras
que serpenteiam entre pedras
e seguem...

No caminho do tempo
nos redemoinhos do vento -
andarilhos do devir -
de si belos
pela arte, teimosia e valentia:
um ser além na artimanha
de ousar recomeçar...

De Si Bela:
vida remoçada
no belo horizonte
da cirando guerreira
que roseando o destino,
é caça e caçador
o novo o madrugar...

Entre pedras, ecoam
os madrigais da esperança...


                                  CRIOULA
                                                  Jorge Bichuetti

Mãe-de-leite e mel; preta velha;
mandinga da filosofia no terreiro
onde o escrito no papel não sabia
da nascente da vida que ali se escondia
no corpo e alma da vida de vanguarda
do que pode o amor semear...  no caminho

um devir mulher... ousadia da ternura
nas vates tresloucadas da sabedoria,
de ser um livro, um jardim, um horizonte...
o novo desbravado e tecida na mãos singelas
de uma estrela viva que ciranda entre as manhãs e o amanhã...


                                            TRIBOS
                                                    Jorge Bichuetti

No canto das madrugadas e na poesia
do entardecer... acendemos a fogueira:
dançamos
amamos
sonhamos...
Uma tribo entre tribos;
uma utopia florescente
fosforescente
nascente do porvir...

Entre pedras, flores...
Entre cicatrizes, sonhos...
Entre ruínas, ternura
abraços transfusão vida
cantigas de ninar
cantigas de despertar...

Blues no luar; aves marias
na lágrima
do partir
e do chegar...

O deserto é fértil:
há de alvorecer...

No acalanto suave do amor,
sempre... iremos sonhar, lutar
e florescer...

No Curral, a serra...
No caminho, a tribo entre tribos,
peregrina andarilha,
da vida de poesia de entre cinzas,
verdejar...

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