segunda-feira, 13 de junho de 2011

DIÁRIO DE BORDO: POR UM DEVIR PASSARINHO

                                                      Jorge Bichuetti

O luar clareou a madrugada... Quase não podia distinguir se a noite invadia o dia ou se dia veio de encontro e procurava abraçar carinhosamente o céu estrelado.
O sereno silencioso espera o cantar dos passarinhos e as badaladas dos sinos para decretar um novo dia...
A Luinha descansa do domingo caseiro com a casa cheia de ternura, na alegria do reencontro de grandes amigos.
As plantas agradecem, hoje, o carinho das mãos amigas que as cuidaram...
E os álamos já avisaram; enxergam longe e querem falar sobre o pensam, vendo a vida vista com o coração que escuta as vozes das estrelas, do luar e do infinito azul...
Eu os escutarei... Eles escutam a vida que pulsa na alegria dos recomeços e eles assistem a cantoria dos passarinhos que diariamente, ensinam-nos lições de liberdade e paz.
Escutando-os, digo...
Viver é recomeçar; a vida é a ternura que nasce da solidariedade dos corações que conseguem caminhar livres.
Toda coerção, toda limitação da liberdade resulta num processo de produção de mutilações no coração da vida.
A vida plenifica-se na liberdade que andarilha forja experimentações e encontros que nos desabrocham para a ética do cuidar de si e do cuidar do outro. O amor é valor ético que só sobrevive nos voos da liberdade.
A repressão, a opressão, a vida normativa, excludente e estigmatizante, é desumanizante e sustentáculo da violência institucionalizada.
O ser humano é ser da liberdade...
E a ética é as margens do caminho que nos afetam para que sejamos agentes da afirmação da vida, do amor e da solidariedade, da liberdade e da justiça.
A liberdade só perigosa para os que temem o recomeçar da vida nos encantamentos da aurora.
A vida é um anjo rebelde e insurgente; e ela é apaixonada pelo novo e pela mudança... Ela é uma peregrina que ativamente busca o amanhã, o porvir...
Proibir, reprimir não cuidar; é infantilizar...
Proibir, reprimir não é garantir valores e segurança; é ativar as forças brutas da violência como guardiãs das normas do passado que teimam e desejam na sua teimosia parar o movimento do tempo, evitando a vida remoçada que emerge no recomeçar clamado na beleza do alvorecer.
Somos cinzentos, tristes, rôbos que não ousamos experimentar um novo modo de ser...
Muitos dirão que é preciso preservar as conquistas e manter seguro a manutenção da ordem?
Meus álamos, altivos e guerreiros, perguntam: que conquista e que ordem?
Falam da fome e da miséria?... das guerras?... dos Tsunamis?... do aquecimento global?... da economia perversa do tráfico?...  da violência urbana?... do desamor?... do egoísmo?... da substituição do ser pelo ter?... da exclusão social?...
Este mundo não queremos...
Um outro mundo é possível...
E a liberdade é própria vida, corporificada na magia do anjo que canta os sonhos do porvir... Só a liberdade abre as portas do amanhã...
assim, pela liberdade, voltamos a Maria Quintana e  em coro, contestamos, dizendo:
"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"
Amém...

18 DE JUNHO DE 2011 - MARCHA DA LIBERDADE - UBERABA / MG - 14:00 - IGREJINHA DE SANTA RITA... PARTICIPE... DIVULGUE...

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