sexta-feira, 3 de junho de 2011

OPRESSÃO, RESISTÊNCIA E A ARTE DE INSURGIR, REINVENTANDO A HUMANIDADE...

               MÃE ÁFRICA

DOR:.. navios negreiros, mares
de solidão e saudade; na senzala,
as feridas sangrando e as lágrimas
que caiam no chão, silenciosas e
no peito o lamento a indignação...

ESCRAVIDÃO:  u'a humanidade pervertida
na ganância do ouro, dos cafezais e da cana;
a chibata no corpo da vida e os sonhos no
tronco acorrentados... dor, espinheiral e
o banzo da saudade da mãe África, choro
da vida que ama a liberdade... choro e

O CHORO CANTA: doídos  resistem
e cantam, louvando os deuses da pátria perdida
na ousadia de cer, sonhar e lutar quando a vida
era u'a longa noite escura e vazio... Cantam e
dos seus cantos nascem a força e a magia que 
emerge triunfante nos quilombos, quilombolas...

A LIBERDADE:ousou e cantou e dançou  e,
assim, o sol no horizonte raiou... alforria, cantoria,
o povo negro libertou-se e nos legou a força guerreira
de no samba da Mangueira ou nos rituais da fé negra
sonhar, cantando a vida na poesia da luta guerrilheira... JORGE BICHUETTI


O AMOR QUE NÃO OUSA DIZER O NOME

Amores clandestinos, na calada
da noite no escurinho dos becos
a paixão eclodia... amores proíbidos,
amares vadios... tão amor
como todos os amores;
era a vida oculta da sexualidade vivida
entre flores que amavam outras flores e
entre a lua que amava a poesia...

Liberdade e sexo dado a paixão que não era
a paixão permitida no instuído da vida repressiva...

Gays, lésbicas, bissexuais e travestis oprimidos,
sofreram calados... mas acordaram e gritaram,
na avenida: ave, a vida e o cio que nascem nas cores do arco-íris... jorge bichuetti



ÍNDIOS E OS POVOS DAS MATAS CHORAM...
CHORAM A MORTE ...  OS ASSASSINATOS... O CÓDIGO FLORESTAL E A RUÍNA DAS FLORESTAS E RIOS... BELO MONTE - TRAGÉDIA... CHORAM E LUTAM... LUTA QUE SE REVELA O DESEJO DA VIDA DE NÃO SER VIDA AVILTADA E VIDA DESTRUIDA NUMA CATRÁSTROFE FINAL...


TRECHO DA ENTREVISTA DO TEÓLOGO LEONARDO BOFF PARA REVISTA ‘ CAROS AMIGOS’ – AS GRANDES ENTREVISTAS EM DEZ-2000.

Ricardo Kotscho – O que você vê no horizonte, como sonho coletivo, uma luta coletiva, uma coisa que mobilize, que unifique as pessoas? O que você vê ainda capaz de levar o povo para a rua?

Leonardo Boff – Um tema que está mobilizando e possivelmente vai mobilizar mais, é o tema da terra, que é levado pelos sem-terra, mas por enquanto é levado mais para a terra de produção, terra do campo. No dia em que se unir campo e cidade, em que se discutir o tema da terra na cidade e o problema todo da favela, o direito à moradia e à terra como Gaia, não só terra de produção, mas terra como nosso próprio corpo, terra como prolongamento do planeta, vivo, supersistema altamente refinado e organizado...

Leo Gilson Ribeiro -   A nossa mãe-terra.

Leonardo Boff -  A nossa mãe-terra, grande pátria amada. Que é a visão dos povos originários, é a visão do camponês, a visão do nosso cotidiano, porque a visão científica é reducionista, vê a terra como composição desses cem elementos físicos/químicos da escala de Mendeleiev. A terra não é isso. A terra é paisagem, a terra fala, a terra é a mensagem que podemos  escutar, e a também somos nós mesmos, os seres humanos. Então, se conseguirmos dramatizar que o valor supremo é preservar este planeta – e só temos este – porque ele está profundamente ameaçado e não tem uma arca de Noé que salve alguns dessa vez e deixe perder os outros, essa é a base para qualquer outro valor. E o segundo valor, o de preservar a família humana, a espécie humana junto às demais espécies, e garantir as condições para que ela subsista e continue a desabrochar, desenvolver-se. São os dois valores supremos de uma ética planetária, terrenal.


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