Jorge Bichuetti
Somos ciosos da nossa individualidade... Mas, vemos a vida e nela nos fotografamos cópias amorfa da subjetividade dominante. Vida coisificada e massificada; um objeto ganhando status com adereços que são os objetos reificados que na magia do fetiche nos valoriza e nos dá um palco e um cenário. Todavia, nem sempre sabemos quem somos... O que desejamos? o que sonhamos? o que é a nossa singularidade?...
Perdidos no meio da massa amorfa, vegetamos... Vegetamos alheios aos desejos e sonhos, alienados de nós mesmo...
Consumimos, competimos, acumulamos...
Mas não temos caminho nem horizonte.
Acumulamos informações, porém, nenhum pensamento singular...
Imersos na tecnologia, estamos globalizados... sintonia imediata com tudo e com todos... embora, solitários e individualistas, vivemos num mundo onde já se tecem encontros e vínculos.
Cheios: de tédio, angústia, falta de sentido, tristeza, solidão e vazio...
Já não temos a palavra e o silêncio... nem o sorriso e a lágrima.
Tudo esta no código dominante que estratifica, sobrecodifica e anula... a nossa alma, o nosso querer e sentir, o nosso peculiar existir.
Galinhas que ciscam o chão, não ousamos o voo da águia...
Formigas laboriosas não nos embriagados com o canto da cigarra...
Dinossauros pós-modernos, ossificados na moda mumificante, não nos aventuramos no andarilho caminho das borboletas que obstinadas buscam a doçura e a suavidade das flores...
Somos iguais... Normóticos. Homens comuns; vida banal...
Naturalizamos esta realidade e nem nos damos conta de que ela é anti-natural.
Ela é fruto do estriamento normativo do mundo e da vida.
A identidade é o avesso da singularidade.
A identidade é o ser humano subjetivado servil e cordata, como u modo de ser e existir que se dá na moldagem que nos individualizam massa amorfa.
Vida estriada, espaço segmentarizado: o ser humano é um robô multifacetado...
Contudo, a vida é impermanência e permanente reinvenção, criatividade e arte, artimanha que nos possibilita se fazer, desfazer e se refazer...
As repetições não são florações espontâneas da vida. A vida é devir e o devir produz criativamente singularidades e diferença.
Somos metamorfoseantes - afirma Orlandi.
Há em nós uma singularidade perdida, suprimida, inibida e reprimida...
Há uma permanente e cruel evitação do devir, do novo, das criações inventivas autopoéítica.
Podemos...
Podemos nos descobrir, nos desnudar e nos encontrar... Novos, singulares, cheios de desejos e sonhos... Um estilo de viver e uma ética...
Temos corpos de sonhos e margaridas, como canta o poeta...
Eis o desafio da vida para os que desejam a alegria e a paz...
A individuação é reverso do individualismo, é singuridade que se compõe de u'a rede de multiplicidades, que nos coletivos libertos do assujeitamento, nos agenciam e nos acolhem, sustentando-nos, nas travessias, aventuras e travessuras do devir... Um processo que se dá com saltos e surtos... onde pouco a pouco, o ser humano e os coletivos se produzem singulares e novos, como obra de arte... arte-vida, arte-inovação, arte-paixão e utopia nos caminhos nômades da vida liberta e libertária...
10 comentários:
Oi jorge!
Passando pra conferir os textos e desejar uma boa semana!
bjs e paz!
Leka, querida, a noite após o grupo a visitarei também... sempre com a alegria de sabê-la u' fonte generosa da ternura que renova os caminho, abraços jorge
Jorge...
"Contudo, a vida é impermanência e permanente reinvenção, criatividade e arte, artimanha que nos possibilita se fazer, desfazer e se refazer..."
E quantas vezes??!!!!!! Ando cansada.
bjos
Anne
Anne, às vezes, me pego juntando os pedaços e recomeçando... olho a vida e pergunto o mesmo; depois, o caminho me encanta e o sorriso do horizonte me fascina... assim, perambulo. Abraços com carinho; jorge
Somos sim, meu querido amigo, somos dinossauros pós-modernos, é triste que talvez tenhamos que levar o mesmo fim... Talvez alguns se salvem, talvez tentem continuar projetos iniciados pela humanidade com mais sentido do que este atroz 'Naturezidio' Este modelo de vida de agora é recente, não vai demorar em ser passado, nós ajudamos a supera-lo e sair dele. Neste lutar a arte nos ajuda a respirar e será nossa memória, uma abraço com ternura e esperança, Concha
Concha, anda sentindo que mudaremos o rumo da vida, revertendo a destrutividade e ódio incustada no socius; anda cheio de esperança... E a vida pode ser um dia uma brisa de ternura; jorge
Olá Jorge,
Acredito que mudaremos sim, e estamos partindo para isto, mas o caminho é silencioso e gradativo. Pensamentos se assemelham silenciosamente entre as mutidões. A singularidade de cada um se distingue e recria essa formosa dança que é a vida.
Abs
Elania; iremos sim viver e nos reinventar criando para o mundo uma nova outrora, abraços com carinho-ternura e esperaça. Jorge
Olá Mestre! Quanto tempo não comunico por aqui.
Este texto é uma chave de abertura muito completa! Entra um sofrer pelo modo de vida já incabível, passa pela revolta, ou vontade de revolução, que deve ser apresentado aos humanos já pesaroso de seus processos antiquados e finaliza numa prosa amorosa que ressalta que ainda não acabou, que devemos nos engrandecer de nossa singular existência e de Devir-super-homem.
Um forte abraço de saudades infinitas!
Michel: filósofo com o coração no devir... pensas , libertando novos sonhos e dando-nos claridade sobre o vivido. Perfeito.
Abraços com carinho e saudade, jorge
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