( DEDICO ESTE TEXTO A HEBE DE BONAFINI, DE MADRES DE PLAZA DE MAYO - MÃE, ANJO E GUERREIRA, UM FAROL E UM VENTRE ACOLHEDOR... ONDE RENASCEM OS QUE NAS LÁGRIMAS DA OPRESSÃO SUBMERGEM NO ABISMO DO DESESPERO E DA DESILUSÃO; E ONDE RENASCEM OS QUE NELA ENCONTRAM FORÇA E INSPIRAÇÃO PARA LUTAREM, SONHANDO COM O HORIZONTE AZUL DA LIBERTAÇÃO E DA JUSTIÇA SOCIAL.)
Muitos já não crêem na possibilidade de uma nova vida e de um novo mundo. O pessmismo e o niilismo, o fatalismo e o individualismo saqueou a humanidade e a humanidade se viu despossuída da sua maior riqueza: a esperança, a utopia, o sonho... Viver sem sonhar e mergulhar-se num lamaçal escuro e denso, pegajoso, que nos impede de ver e caminhar. Estagnados, nos corroemos e nas pústulas das nossas feridas pesam o vazio, a falta de sentido, o existir em densas trevas sem a esperança das luzes do alvorecer...
O socialismo burocrático se revelou insuficiente e incapaz de dar conta do que pode o ser humano: vida efervescente e cheia de desejos de liberdade e de voos criativos no céu da ternura e do amor partilhado.
O neoliberalismo agravou a fragmentação, o individualismo narcisista e a competição bruta e violenta... O ser humano tem anseios viscerais de liberdade e de encontro com o outro e com a paz.
Quando tudo parecia um labirinto Kafkaniano, surge uma luz no túnel: a solidariedade.
A solidariedade é os pés e as mãos do amor... Através dela, o amor caminha e age, multiplicando ternura, doação, partilha e carinho. Ela- a solidariedade - é o espaço acolhedor e florido da legítima inclusão social.
Ela redesenha o horizonte da humanidade, humanidade que se encontrava perdida nos descaminhos da desumanidade.
Nasce, então, um nosso olhar, um novo sentir, um novo caminhar, um novo sonhar, um novo existir...
A solidariedade nos pare vidas de amor partilhado.
A solidão e a angústia, a depressão e a violência se enraízam na racionalidade pragmática e mercantil e no individualismo segregatório...
Assim, a solidariedade é um corpo-de-passagem para o novo, para a mudança, para o devir...
Ela quebra a lógica da exclusão e a lógica do mundo de vendedores e vencedores...
Dilui fronteiras; derruba barreiras e muros; pulveriza egos e tronos, coroas e fuzis...
O outro já não é, para ela, um alheio, um estranho, um empecilho... O outro nos compõe, tanto quanto o compomos...
Floresce, deste modo, a ética do amor, da amizade, da alegria e do cuidado...
Nos percebemos, agora, num rizoma: somos redes, multiplicidades... coletivos e grupalidades partilhando as agruras e os sonhos da caminhada.
Que mundo nascerá da solidariedade?...
Um mundo para além do sim e do não, dos és, um mundo de es... de conjunções que irmanizam e nos conectam, fraternalmente.
Um mundo onde a lágrima de um é lágrima da humanidade; como o riso de um é alegria de todos...
Um mundo de paz... porque é um mundo que se compreende toda violência é auto-mutilação.
Um mundo de ternura e partilha, de comunhão... e de respeito à singularidade do outro. Amor vivo e atuante, ativo...
Um mundo verdejante... pois a natureza já não será a serva estuprado dos interesses mesquinhos da ganância de alguns... Será mãe e irmã, casa e companhia...
Muitos lerão e dirão: que sonhador!... Sonhos de amor; sonhos da aurora... Sonhos de quem vê na solidariedade a força da vida, impedindo-nos que escrevamos na história da humanidade um nevoento e dantesco ponto final...
2 comentários:
Um dos pores de sol mais lindos que já vi.
A beleza do por-do-sol nos anima e nos faz viver. Abraços ternos, jorge
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