" O surrealismo não é, nunca foi e nunca será uma escola literária ou um grupo de artistas, mas propriamente um movimento de revolta do espírito e uma tentativa eminentemente subversiva de re-encantamento do mundo, isto é, de restabelecer, no coração da vida humana, os momentos "encantados" apagados pela sociedade burguesa: a poesia, a paixão, o amor-louco, a imaginação, a magia, o mito, o maravilhoso, o sonho, a revolta, a utopia. Ou, se assim o quisermos, um processo contra a racionalidade llimitada, o espírito mercantilista, a lógica mesquinha, o realismo rasteiro de nossa sociedade capitalista-industrial, e a aspiração utópica e revolunionária de "mudar a vida".É uma aventura ao mesmo tempo intelectual e passional, política e mágica, poética e onírica, que começou em 1924 mas que está longe de ter dito suas últimas palavras." p.9
... "O surrealismo, como a alquimia, o socialismo ou a filosofia romântica da natureza, é um caso de tradição.Ele remete a umm conjunto complexo de rasuras-escrituras, documentos e rituais; à transmissão de uma mensagem esotérica, filosófica e política; à continuidade das práticas mágicas e poéticas.Do passado não fazemos tábula rasa.Aquele que não sabe acender no passado a centelha da esperança não tem futuro.
Mas o surrealismo é também, como a feitiçaria, a pirataria e a utopia, um caso de imaginação criadora. Como os cangaçeiros, os bandidos de honra dos sertões brasileiros, os surrealistas estão condenados a inovar: as estradas consagradas, os velhos caminhos, as trilhas batidas estão nas mãos dos inimigos. Eles precisam encontrar pistas novas ou, antees, traçá-las eles mesmos no chão: é o caminhante que faz o caminho." p.104
Extraídos do livro A ESTRELA DA MANHÃ - SURREALISMO E SOCIALISMO, de Michael Löwy.
sábado, 16 de outubro de 2010
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