JORGE BICHUETTI
Hora de dormir... Acordo e me sinto num mundo deserto. Gaiarsa se foi... Tantos partem e a dor da partida, despedida numa estação de trem deixa uma dura impressão de vazio.
Não é verdade, nem é justo...
Logo, chegarão a cantoria dos pardais , a meiguice da Lua, os poemas de Manoel de Barros e as recordações de Benedetti...
Porém, não justo ou verdadeiro, porque os que partem nos deixam suas malas: suas lições, seus livros, suas palavras, seus silêncios...
Creio que o deserto se dá mais nos desencontros dos que ficam... No indigno e injusto, no violento e mesquinho, na calúnia e na manipulação... Na dor sem oombro, no ombro sem amor...
Deleuze , certa vez, numa carta emocionada disse que o dia emm que por desventura deixasse de crer na generosidade, na amizade e na solidariedade, a vida perderia seu sentido.
Pesa-me tanto deserto... Mas eu quro gritar com Dom Héllder Câmara: o deserto é fértil!...
Creio no amor e na bondade, na liberdade e na justiça, na solidariedade e na ternura, na compaixão e na generosidade.
Eu creio nos sonhos...
A utopia é e será sempre o meu caminho, com o suor e as lágrimas de saber com Löwy que o caminhante inventa o caminho...
Eu creio... e eu quero cidadania e acolhimento, cuidado e canção.
Perguntaram a Do Pedro Casaldáliga como seria o solcialismo tupiniquim, à modo do povo da floresta, da gente simples co quem partilha sua vida, ele respondeu, sabiamente: pão, terra, seresta e oração!...
Os surrealistas, velhos passarinheiros, dados aos sonhos, escrvevem num manifesto uma nova ordenação: liberdade na arte na revolução, revolução na liberdade da arte...e, aqui, no silêncio desta noite paradoxal, acrescentaria - revolução na arte da liberdade.
Há lugar para o amor... Um oásis...
Um caminho de carinho e ternura... Um caminho de liberdade e respeito... Um camiho de solidariedade e poesia...
Afinal, aprendemos com os surrealistas: " não será o medo da loucura que nos fará baixar as bandeiras da imaginação"
E com dona Aparecida, usuária do CAPS-MARIA BONECA: " A loucura é o vazio da solidão de quem ama."
Sigamos, então, inventando caminhos de dignificação da vida, de utopias solidárias e de sonhos de ternura e amor.
Neste caminho, o nosso povo, esta gente alegre e festiva, não se verá ultrajada pelos nossos atos de puro gozo com o poder, num agir e intervirr onde subtraímos da palavra ÉTICA.
sábado, 16 de outubro de 2010
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11 comentários:
Bom dia Jorge!
Quanto acalento... acordar com o canto madrugadeiro da roça, ler sua fala carinhosa e, juntamente com a docilidade de Marco Aurélio, sentar-me a beira do fogão de lenha, servida de café amargo, preparado a pouco, para renascer na vidinha mundana...
"Generosidade, amizade e solidariedade..." ajudam as redes protetoras embalarem o sono dos sonhadores, dos artistas e dos esperançosos de bela aurora que se fará em instantes para nos dar sentido...
Bom domingo,
Sumaia
Eu e lua, estamos mortos de boa inveja: que é desejo de partilha. A roça e o tempo dão um compasso de suavidade se vivemos o aconchhego do carinho-terno da vida de amor e paz. abraços jorge
Oi!
Convites não faltam... Há, falta sim! "Falta a borboleta Azul buscar o desejo e materializar, Lua e Seu Jorge aqui, num papo bom de quintal..."
Bom domingo!
Sumaia
Os sonhos se realizam... Minha vida anda atribulada, mas será diferente... O importante é que existem céu azul e canto de passarinhos... Os sonhos alimentam o peso da cruz. abraços jorge
Logo. vamos deixar o horizonte enfeitar nossos sonhos de realidade. Lua e eu necessitamos de vida com cheiro de mato e gosto de liberdade. A vida nos fabricamos, mas nem sempre a fazemos para nós. Cada rotina vivida parece que nos assaltaram um pedaço da alma. abraços jorge
a frase de dona Aparecida curou minha gripe...paulo cecilio.
aCRESCENTE, ENTÃO, ESTA, AMIGO: "qUALQUER AMOR JÁ É CADINHO DE SAÚDE, UM DESCANSO NA LOUCURA" gUIMARÃES ROSA. ABRAÇOS JORGE
Uma perda irreparável.
Gaiarsa partiu dormindo, sozinho, em casa.
Um pensador, um mestre da liberdade. Nos seus livros e programa de TV insistia em nos cutucar, em nos fazer pensar, sobre o amor, a relação entre homens e mulheres, o gozo, a monogamia, a família e a felicidade.
Por suas idéias não convencionais, foi incompreendido pela ciência ortodoxa.
Por sua franqueza, foi amado, odiado e apelidado de terrorista social.
Mas afirmava não se arrepender da vida que levou. Assim como Nietzsche, acreditou que a maior inimiga da verdade não é a mentira, mas a convicção. Sempre dizia
"tive a sorte - e o azar! - de viver quase todo o século XX".
Também a tive a sorte de ouvir José Angelo Gaiarsa, com seu inseparável boné, com sua inseparável simplicidade, discorrer sobre “Respiração, ansiedade, renascimento (rebirthing)”, durante o “Simpósio Saúde Integral”, realizado em São Paulo. Esse psiquiatra-educador, foi aplaudido intensamente por mais de 3.000 participantes, e com direito a bis...bis...
Um pequeno bis:
“(...) Fomos caçadores errantes por mais de um milhão de anos, assim modelados para sermos grandes aventureiros. Mas a sociedade tornou-nos sedentários e pouco ou nada fazemos do que de fato desejamos. Sempre ‘prontos para’ fazer ações, não as fazemos, porque não pode, não se deve... Obrigados a uma infinidade de coisas sem interesse, ‘fugimos’ o tempo todo do presente e a personalidade é comandada pelas habituais reações automatizadas. Entra em ação o ‘sonâmbulo’, o morto vivo, o normopata: não pensa, pouco percebe e nada sente”(...).
Carinhoso abraço, Dr Jorge,
Maria Alice.
Maria Alice, o terror não é a morte, que é inominável para quem vive, já que este nunca falará ou escreverá afetado por ela... Ele se aquieta no aconchego do silêncio...O maior terror é não poder partilhar com alguém a partida de um mestre, de um amigo, de um coração querido.
Obrigado!
Ele foi persistente na sua condição de homem liberador.Era um liberador: nos liberava de nossas neuroses, de nossas llimitações normôticas, de nossos comodismos, de nossos medos, de nossas repressões...
Sempre humilde, simples e de bom humor.
Nos ensinava a respirar, a movimentar-nos: hoje baila nas nuvens e respira o perfume de flores angelicais...
E deve rir muito de nós, os homens de aqui debaixo, que perdemos tempo e não vivemos, já que se estamos condenados a viver, o melhor e mais prático é viver bem e feliz.
Abraços . com ternura e carinho: jorge e lua
O Gaiarsa era uma das últimas inteligências reais do nosso país. Triste de nós, que já tivemos uma personalidade como ele na TV, e hoje temos os idiotas aplaudidos como grandes pensadores e mestres. Não podemos deixar que caia no esquecimento os seus ensinamentos.
Pois é, “hoje baila nas nuvens e respira o perfume de flores angelicais...” baila entre as estrelas e admira a beleza da Lua.
Um bom a menos do lado de cá.
Dr. Jorge, um afetuoso abraço e um beijinho na linda Lua, que nos dá ternura e luar.
Maria Alice
Querida, Deus também gosta de boa companhia.
Outros surgem, a vida se renovam, porém, eles são inesquecíveis. Lua manda um abraço e beijos . jorge
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