quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CIÚME, DESEJO E DOR AMOROSA

                                                                                     JORGE BICHUETTI

" Você sabe o que ter um amor, meu senhor,
   ter loucuras por uma mulher e depois, encontrar
   este amor, meu senhor, nos braços de um tipo qualquer..."
A canção retrata a dor amorosa que invade o coração quando este se vê trocado por outro; e, aí, a problemática do ciúme ganha complexidade...
Posse? Simbiose? Frustração edípica? Luto? Perda? Incompletude? Vazio? Ódio?...
Quantas perguntas, quantos sentimentos: possivelmente, sentimos um pouco de tudo e o nada, nos rondando como um abismo sedutor.
O amor envolve a construção de um vínculo e um repertório de conduta que é nossa rotina-história amorosa.
Toda perda vincula-se a uma crise: produto ou produtor.
Inegavelmente, sofremos...
O ciúme é a insegurança de pertença do vínculo: fidelidade, lealdade, traição...
Se a nossa construção amorosa é edípica, é inerente a ela o próprio ciúme, pois se baseia na falta, na castração e num terceiro excluído. Então, usamos de vigilância, controle, possessividade e exclusividade, para evitar esta insegurança ciumenta básica que faz parte da própria estrutura daquele amor.
Contudo, não parece justo depositar no édipo todo origem do ciúme.
Se amamos e construimos o amor, mesmo , assim, teríamos que ser onipotentes para não temer o fracasso deste investimento de vida.
A diferença é que sabemos que nada nos pode assegurar uma garantia prévia, devemos construir-lo como um bom encontro e uma paixão alegre, e evitar o esvaziamento de nossa vida e de nossos projetos para que não nos vejamos inesperadamente dependentes do outro.
Toda perda envolve um luto e nele: culpa, agressividade, sentimento de esvaziamos pelas projeções excessivas no outro... O luto passa com a nossa retomada de vida que caminha, relaciona, sonha, constrói...
Inclusive, a tristeza peculiar - paixões tristes - é um motor que nos movimenta em busca de novas alegrias.
Se aceitamos a finitude dos processos lidamos melhor e nos sentimos mais fortes...
E cantamos, cheio de energia" começar de novo, só contar comigo, vai valer a pena, ter amanhecido"...

9 comentários:

Samara Dairel Ribeiro disse...

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro, e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.
Martha Medeiros

Sábia reflexão.
Ir e deixar ir, também como forma de amor e continuar amando. E parafraseando Marta: a saudade fará mais por nós dois, que nosso temor pelo fracasso...

bjs Jorgito, saudade, samara.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

samara, saudades!... você me deixa na rua deserta quando atravessa e não olha pra tráss... O ciúme paralisa, mas, também ativa mecanismos de sobrevivência e seguimos: outros olhares, outros cantares... Um novo amor dsativa as fforças paralisantes do ciúme. beijos jorge

Samara Dairel Ribeiro disse...

Chorando e Cantando

Quando Fevereiro chegar
Saudade já não mata a gente
A chama continua
No ar
O fogo vai deixar semente
A gente ri a gente chora
a gente chora
Fazendo a noite parecer um dia
Faz mais
Depois faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer...

Geraldo Azevedo

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Samara, a saudade não mata... fortalece; e nos faz desejar o alvorecer de um novo/mesmo amor. jorge, com carinho

Samara Dairel Ribeiro disse...

Sim, Jorgito!!!
Nos faz desejar o alvorecer de novos amores...
Nos faz acordar cantando, pra fazer e acontecer...

Novo Amanhecer

Eu jogo estrelas em cada noite escura
E na garganta ponho sempre uma canção
Nas auroras do meu peito há só ternura
A cada riso de um amigo eu dou a mão
Entre as pedras do caminho eu planto flores
E faço luz se se faz escurecer
Sonho bonança, vivo esperança
O sol se abrindo para um novo amanhecer

O amor há de brotar, há de vingar e florescer
A paz há de reinar, há de espalhar o bem-querer
O mundo mudará, nós temos que convir
É só viver pro amanhã que há de vir

“Em nome do pai de todos os povos, Maíra de tudo, excelso Tupã.
Em nome do filho que a todos os homens nos faz ser irmãos
No sangue mesclado com todos os sangues
Em nome da aliança da libertação
Em nome da luz de toda a cultura
Em nome do amor que está em todo o amor
Em nome da terra sem males, perdida no lucro, ganhada na dor
Em nome da morte vencida, em nome da vida, cantamos Senhor!”

O amor há de brotar, há de vingar e florescer
A paz há de reinar, há de espalhar o bem-querer
O mundo mudará, nós temos que convir
É só viver pro amanhã que há de vir

Boldrin

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Uma canção acolhe e dispara sonhos... O amor há de brotar... e será suave o trabalho de retirar os espinhos já que uma flor vale uma vida. abraços
samara, a canção que embaala nossas lutas eecaminhadas: obrigado de coração jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Uma canção acolhe e dispara sonhos... O amor há de brotar... e será suave o trabalho de retirar os espinhos já que uma flor vale uma vida. abraços
samara, a canção que embaala nossas lutas eecaminhadas: obrigado de coração jorge

Marcia disse...

Jorge,

O amor...
No momento em que vivo, penso no que é mais difícil, falar sobre o amor quando há ausência, quando se tem, ou quando não se quer o amor convencional.
Sinto que renunciar ao desejo para não ferir o ser humano,é sobre-humano.

Beijo carinhoso,

Marcia

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

márcia, sempre e mais f´´acil sonhar, e sonhar, semeando fagulhas de ternura que adubam os territórios do amar.
A poesia é a linguagem do amor, presente, ausente, esperado.... Todo amor fala nos acordes de um sonho poetizado na magia da arte. abraços jorge