JORGE BICHUETTI
O tempo nos escravizam e vamos administrando os minutos para que não fiquemos com a desagradável sensação de que perdemos tempo e a vida passou...
E a vida passa... e passa despercebida e quando vemos o dia acabou, a velhice chegou e aí entramos no tempo da espera indesejável.
Neste delicado problema, encontramos as graves questões que definem nossa vida e a vida nossa coletividade.
E perguntamos: qual é o sentido da vida?
O tempo não pode ser o senhor da existência.
Antes, o tempo seguia sincronizado com as ditames da vida que falava através da voz da natureza.
Trabalhávamos, obedientes ao Rei sol... Hoje, tornamos nossa jornada de trabalho interminável, inclusive, prolongando-a com tarefas que se extendem após o horário de trabalho e que invadem a nossa casa.
Chuva e sol, tudo igual... Não tiramos tempo para a nossa vida pessoal, e o que gastamos no lazer, se dá numa rotina passiva e repetitiva... não existe lugar na nossa vida para o ócio criativo.
Esgotados, nos drogamos... com o alcoolismo das rodas de amigas ou com as pílulas tranquilizantes dos psiquiátras.
Vivemos muito, pois aprendemos a cuidar da nossa saúde; porém vivemos mal porque ainda não valorizamos ocuidado que precisamos ofertar à nossa alma.
Tempo é dinheiro... e, assim, somos escravos da lógica do dinheiro que escraviza o nosso tempo e , que por sua vez, tiraniza nossa vida.
Chegamos a uma loucura tal que nem meesmo as fases da vida respeitamos.
A criança não pode ser criança... Não se perde tempo, pois a vida é dura e o vestibular antecipado é disputadíssimo.
O jovem. adquire o direito de algumas loucuras extras, às custas de fugir da adolescência e se sobrecarregar de exausivos estudos.
O adulto sustenta... a família, a ganância, a vaidade, a soberba, o consumismo, e o medo da velhice.
E a velhice chega e nós que gastamos tanto tempo, cruelmente a definimos como o tempo do nada. Lhe negamos a sabedoria do vivido, e os excluímos em asilos ou programas sgregatórios.
O tempo nos escravizou... e nos roubou a própira vida.
Se a morte se anuncia, nos assustamos, pois ela nos lembra que doamos a nossa vida ao tempo enão a vivemos. Temos medo... que ela nos tire o que nunca tivemos...
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
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14 comentários:
Salve Jorge, sempre gosto de ganhar um tempo vendo o seu blog, com seus bonitos poemas e assertivos textos. Então, ilustro seu artigo com um poema sobre o tempo careta, o tempo do relógio.
AH! OS RELÓGIOS
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mario Quintana - A Cor do Invisível
Corremos tanto, atrás de que!
Eu não sei.
Abraços. maria alice
Marta. para além do tempo... Como não vemos o instante e o deixamos passar, porque ocupados desprezamos o instante do olhar, da poesia, do beijo e dos sonhos.
Maio Quintana é sempre um anjo sideral , falando do cotidiano com a elegância que se deve usuar nos confins do infinito.
Adoro sua presença, beijos jorge
Maria Alice, corremos ... atras do que nos disseram que era valiososo e necessário. atrás das ganâncias materiais e espirituais, atrás de um eesconderijo com medo de noos encontrar. abraços jorge
Jorge, bom dia!
Estou tentando encontrar o "relógio de Dali para enviar...
Tenho a imagem em um livro de arte mas não consigo escaniar...
Tem muito haver com o que você escreveu...
BJS E BOM DIA!
abraços ciganos
Que ótimo! Esperarei com alegria... E fico feliz com sua preseça , vamos sempre trocar idéias e sonhos. abraços jorge
Obrigada Jorge. Pra sua amiga Maria Alice queria mandar o poema do Jorge de Lima (infelizmente não tenho o livro aqui e não encontrei o poema na internet) em que duas montanhas conversam ao observar a cidade e uma pergunta : "para onde eles correm?". E a outra responde "para o cemitério". Desculpe se estou sendo escatológica, mas é assim: corremos feito alucinados porque esquecemos da morte. Ou esquecemos da vida? E deveríamos sempre lembrar delas (vida e morte), talvez morando perto de um cemitério, como aconselha Nietzsche.
Participei de um casamento iraniano, no final de semana. Lindo! E uma das coisas que observei é que há culturas em que o tempo pára ou anda bem mais lentamente, respeitando-se tradições milenares. Ah Jorge, como fiquei com vontade de me casar a la Iran. E usar lenço na cabeça, e ter um marido de olhar lânguido, muitos filhinhos com nomes lindos (Tabriz, Zahhak, Massoud etc), cozinhar comidas perfumadas, passar as tardes bordando, ter uma família unida, dançar em roda nas festas... Iran, terra de Zaratustra.
Tchiau Jorge. Tô voltando para casa amanhã. Feliz de encontrar meu filho querido e voltar a dormir na minha cama.
Marta, feliz regresso ao nosso chão misturado de samba e gol, corpo sangrando e menino no céu com sua pipa de ilusão> A vida corre ... para morte? Talvez. Corre para a magia do sonho que é um tempo sem espaço num espaço sem tempo: corre para o brilho da canção... abraços jorge
Dr Jorge, leio todos os comentários postados no Blog, de Marta Rúbia, sua querida amiga. E os contemplo, me traz reflexões profundas sobre o viver.
Fiquei feliz ao ler a atenção de Marta para comigo, ao querer me enviar o poema do Jorge de Lima. Gostaria muito de saborear esta leitura.
Olhe só que lindo, o seu Blog faz acontecer.
Um beijo pra Marta e um afetuoso abraço pra você e nossa Lua.
Maria Alice
maria alice, a vida em rede é a formação de um rizoma de amizade que sustenta o jardim do amanhã. abraços jorge
Somos escravos do tempo do relógio. Diante de tantos tempos, escolhemos a pior das representações. Maldito é o povo que não tem tempo para crianças vagabundas...
Bruno, em que esquina esquecemos nosso devir macunaíma... O brincar, o sonhar... A rua é hoje território vigiado da violência..
Um povo sem pipa, sem bola de gude... Sem cirandas... Sem gol...
como nos perdemos!
O Brasil precisa ser redescoberto.
Ai nossas crianças vagabundas vão estar na ciranda de sonhos de umpaís que se semeia alvorecer.
Abraços com ternura jorge
Anjinho, boa noite.
Lições da Natureza
Aprendemos com a natureza a perdoar
e servir.
A roseira sofre a poda respondendo com mais rosas. Represado, o rio caudaloso ilumina as grandes cidades.
"O sândalo perfuma o machado que o fere".
O trigo triturado nutre milhões de seres.
Qe as nossas dores sejam degraus de sublimação.
(do livro crer e agir)
Beijos para você e a lua.
helidamar, assim, é... Cada dor é, também, uma lição. Se sofremos, podemos paralizar-nos ou continuar criando vida e vida mais feliz.
Você é mais forte do que crê... pois crê na força da resistencia dos que caminham, sonhando. abraços jorge
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