JORGE BICHUETTI
Viveste tudo: toda vida e algo mais...
Comeste o pomar e calado, não
beijaste nemhuma semente...
Sugaste o mel das flores, e só:
não sentiste o perfume no ar,
nem viste as abelhas e seus vôos...
Viveste tudo: gol impedido,
gozo roubado, carta falsa
e a vida seguindo a tua valsa...
E agora? desnudo, amarelado
e agonizando, que farás?
Uma pedra ou um ombro
recolherá tuas cinzas,mas
nenhuma nuvem agasalhará
teus sonhos... Viveste tudo e tanto
que nunca tiveste um minuto
ou a valentia de sonhar!...
Oh! pobre amigo, só os sonhos não passam,
só eles - os sonhos - nunca morrem...
TROVOADA
JORGE BICHUETTI
A chuva caiu bruta...
Trovoada!...
Tive medo....
A canoa, não;
o rio é a sua casa.
REDEMOINHO
JORGE BICHUETTI
Voando sem asas,
sou uma pipa dada ao vento,
sonhando o destino
dos pássaros e das borboletas
que sabem da árvore e da flor,
e, assim sentem-se seguros...
Não há solidão... há uma espera...
No redemoinho, mora o coração
da aventura... Na poeira, há um bailado
nos compassos dos desatinos... Uma vida
ou uma morte, um deus ou um corrisco,
um tudo ou um nada.... Um místerio
nas piscadas da encruzilhada!...
MINHA CASA
JORGE BICHUETTI
Deitado na relva orvalhada,
aspirando o perfume da noite
que partiu,sem ir embora;
sonhando com jardins encantados,
escondidos na maciez das nuvens...
Ouvindo o sabiá e os assobios do vento,
alucino tua presença e na loucura orada,
teu abraço é minha casa...
AMOR
JORGE BICHUETTI
Se amo, sou colibri... esquecido, carrapato... O amor, mesmo, é penas voando no ar!...
6 comentários:
CRIAÇÃO
Enquanto ouço a enxurrada escorrer pelas gretas da rua,
Deslizo ondulamente meus dedos sobre o papel vazio
Na esperança de que sentindo-se acariciado,
Possa gerar e dar a luz a um lindo poema.
Mero engano...
Pois, enquanto acaricio o papel,
Nada em sua superfície emerge,
Continua mudo e pálido.
Mas...sinto algo!
E sentindo é que escrevo.
E chovendo é que escorro.
EU-CHUVA
Eu queria ser como a chuva.
Essa coisa que nasce de uma nuvem,
Cai cantarolando,
Escorre dançando, e
Vai embora, pela rua, brilhando.
É de uma constância tão estranha, ouvi-la:
Parece ir molhando os pensamentos,
Enxarcando os sentimentos...
Faz criar lodo nas lembranças!
Nunca conversei com o Dr. Jorge Bichuetti. Sempre o admirei. Diante do blog, vejo a admiração ainda maior. Epifania?! Sim! E P I F A N IA!
Li texto por texto. Ainda não conheço o Dr. Jorge Bichuetti. E o admiro sem conhecer, mas o Jorge aqui postado dispensa apresentações. Ainda não oconheço o Dr. Jorge Bicuetti, seria uma honra conhecer. Até que isso aconteça, vou me deliciar da epifania de aqui estar.
Janaína, nos conhecemos pois o seu carinho me diz da sua alma especial e terna, e partilhar estas conversas no blog é uma grande alegria; e, um dia,, dividiremos um café. um abraço com carinho jorge
Josie, poeta-terapêuta: amiga e irmã... vamos voar ainda muito... e não nos impediirão de bailar e cantar nos territórios dos sonhos. Lá os opressores se calam e choram a vida perdida e as vidas maltratadas. jorge
Gostei muito da sua poesia Redemoinhos e Trovoadas,ás vezes nos vemos entre redemoinhos e trovoadas. Assim são as passagens de nossas vidas. Precisamos sempre estar desviando-nos de redemoinhos e trovoadas.
Abraços
Helidamar
Heilidamar, viver é resistir... As flores pedem cuidado com os espinhos e o caminho com as pedras e abismos. Podemos ser felizes, simplificando nossos sonhos e aproveitando as experiências como aprendizagem.Abraços com ternura e carinho imenso jorge
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