domingo, 3 de outubro de 2010

DIÁRIO DE BORDO: SEMENTES, SEMENTEIRAS...

                                                                                 JORGE BICHUETTI

Acabo de cumprir meu dever ético de bricolar num voto toda vida que sinto pulsando na esperança e na alegria dos que caminham, sonhando...
Sinto-me leve. Algo fiz e o fiz afetado pela ousadia dos que na história ousaram viver e morrer por um novo mundo.
Em casa, no sossego acolhedor das canções que vão mapeando meu coração, penso...
Penso, que há muito por fazer...
A esquizoanálise produz um pensamento tão liberador e um cuidado tão revolucionário, que não me parece digno prolongar, demasiadamente, o meu regozijo na rede-de-balanço.
Sementes, sementeiras... De volta à estrada.
Desejava num diálogo refletir sobre o blog utopia ativa.
Muitos não se atrevem a escrever seus comentários; outros não materializam suas inscrições como seguidores que é só uma forma de nos reconhecer " tribo nômade" num processo de trocas que devem gerar vida afirmada na alegria da criatividade que nos potencializa na arte de viver, sonhar, cantar, criar e amar.
Sempre que desejem fazer um comentário, expor uma dúvida, façam: a casa é sua e os sonhos são frutos partilhados na poeira da estrada.
Se o desejo é de alguma contribuição, basta me enviar no utopiaativa@netsite.com.br que posto e ilustro.
Sejamos um coletivo e, assim, rompamos com a solidão do individualismo neoliberal e pós-moderno.
                                                                   ****
O II Congresso Internacional de Esquizoanálise e Esquizodrama se materializou com alegria e cumplicidade, amizade produções inventivas.
O nosso querido Fernando Yonezawa já iniciou um diálogo de avaliação; seria importante que todos pudessem opinar, comentem: está postado como BONS ENCONTROS: Fernando Yonezawa fala do congresso de uberaba.
Se avaliamos juntos, iremos produzir novos encontros com a potência da colaboração de cada um: um+um é sempre mais que 2.
Escrevam...
                                                                 *****
Neste momento de emoção, quando esperamos os resultados, deixo-os na companhia de dois grandes poetas.
Gullar diz: "Não melhores, nem piores; melhor é a nossa causa."
E velho e carinhoso Drummond, nos ensina a arte da vida, dizendo:
O Homem; As Viagens
Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

2 comentários:

Renata disse...

Manhã de domingo, acordo com vontade falar, conversar, dialogar sobre o dia 03 de outubro
Passarinhos cantando!
Primavera!
Manhãs mais bonitas, de vera!

Hoje é dia da democracia
O povo nas ruas...
Quem vai governar o país?
Já caminhamos muito
Antes era cabresto!
É certo que a mídia, hoje cabresta e dita um dito!
Mas, sinto que tem um dito por dentro por de cada um!

Ainda falta-nos coerência, mais não podemos negar
Que o povo segue a mudar!

"Esse é o nosso país
Essa é a nossa bandeira
É por amor a essa pátria Brasil
Que a gente segue em fileira

Queremos que abrace essa terra
Por ela quem sente paixão
Quem põe com carinho a semente
Pra alimentar a nação

Amarelos são os campos floridos
As faces agora rosadas
Se o branco da paz se irradia
Vitória das mãos calejadas

Queremos mais felicidades
No céu deste olhar cor de anil
No verde esperança sem fogo
Bandeira que o povo assumiu

A ordem é ninguém passar fome
Progresso é o povo feliz
A Reforma Agrária é a volta
Do agricultor à raiz"
(Zé Pinto - Ordem e Progresso)

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Renata, emoção pura. Ouvindo a canção do Zé, lembrei-me das caminhadas dos Gritos dos excluídos e me senti do brasil brasil-sonho-luta-paixão...
necessitamos da palavra: grito, canto... ou confissão. caminharemos. abraços jorge