sexta-feira, 28 de maio de 2010

DIÁRIO DE BORDO: CAMINHO E SONHOS


                                             CAMINHANDO....
                                                           JORGE BICHUETTI

Vivemos num tempo de confusão e perplexidades... Não sabemos, não vemos... mas nos sentimos, muitas vezes, perdidos.
A vida que já foi estrada com destino e sinalizações, é hoje, uma encrucilhada...
Para onde vamos?
Podemos mergulhar no oceano de ilusões do capitalismo, e seguir solitários, individualistas, competitivos e consumistas.
Somos felizes, assim?
Não vemos a vida , nem enxergamos o outro...
Não sentimos nossos desejos, nem conectamo-nos com a nossa singularidade.
Somos escravos. Da rotina, da expectativa alheia, da mídia... De idéias e ideais que não correspondem aos sonhos e anseios do nosso próprio coração.
Cinzentos, robotizados, alienados nos tornamos vulneráveis.
Somos uma sociedade de deprimidos, panicados e dependentes químicos, afirma Birman.
É hora de mudar... Acordar, sonhar e amar.
É necessário tomar as rédeas da vida e dirigí-la a espaço de alegria e paz, serenidade e amor.
Nunca como hoje necessitamos da ética espinoziana: bons encontros e paixões alegres.
Vida nova: com a ternura e simplicidade do sorriso matinal que emerge novo dia com a sinfonia dos passarinhos e leveza do orvalho, com o horizonte clareando-se numa apoteose de cores que revelam a beleza do que pode uma vida...
O  que pode um corpo?
Nosso corpo servil, adestrado e codificado pelos limites do modo de vida hegemônico nos acomoda num experiência de impossibilidades e impotências.
... Mas um corpo pode: amar, sorrir, brincar, sonhar, cantar, dançar, celebrar...
Um corpo pode saber, se o escutamos nos seus alvitres de desejos e sonhos.
Um corpo pode... viver e fazer viver... partilhar, encontrar e se encontrar.
Um corpo pode... voar com as as asas de uma utopia.
Um corpo pode, inclusive, não-poder... E arbitrar , por si mesmo, seus limites.
Nosso corpo não é nosso, o cedemos ao ideal coletivo de acumulação, poder-dominação, desejos introjetados do outro, e vida repetiva em busca da aprovação de uma medíocre normalidade.
Ecoa, então, a pergunta de Michel Foucault: O que estamos fazendo de nós mesmos?
Verifiquemos como gastamos o tempo, nossas prioridades, o que ocupa nosso cotidiano...
Ousemos reinventar nossas vidas.
Dominemos nosso tempo e o transformemos em possibilidades de realização do riso contido, do encontro adiado, do sonho olvidado, da carícia esquecida...
O céu estrelado numa noite de luar, lá fora, e, nós aqui dentro presos ao vício do quietude atormentada do corpo largado no sofá, sem forças e sem vontade; o entardecer dourando oinfinito, lá fora, e nós aqui dentro das horas alongadas do trabalho que nuca acaba em busca de mais que não usufruímos...
Ousemos amar... solidarizarmos com o outro que do nosso lado clama e pede mudo um gesto, ato, um encontro de carinho, gentileza, ternura e compaixão.
Ousemos sonhar... e deixemos noso corpo navegar nas ondas da esperança e alegres degustemos a vida , nela encontrando a potência da nossa singularidade... Nós com a multidão num devir alegria de quem rompeu o cinzento e se encantou com os sonhos...
os sonhos necessitam de pontes para que possam florrir os caminhos

Nenhum comentário: