domingo, 23 de maio de 2010

SOCIEDADE DE AMIGOS: UM POETA ENTRE OS SONHOS E AS FLORES DO CHÃO

                A escada
                           PAULO CECÍLIO

Multidão excitada
Mãos geladas.
Murmúrios.
Subir o patíbulo.
Conhecereis a verdade.
O tamborim.
Os caracóis do mar
- a verdade vos liberará.
Um.
O medo fede.
Dois: mijo.
Maria me vê?
Três: choro
Papai
Quatro e cinco.
O vento.
Carinho impessoal.
Seis:
Há algo no sete
Abre-se um túnel.
Agora vejo.
Algo me toca.
Algo me tange.
êxtase.
Diante de mim,
O tempo para.
Pressinto a eternidade.
O tempo é meu.
Música. Mozart. Ravel.
Giro em seu bolero.
Ravel e sua rosca sem fim
Girando em mim.
Nó na garganta.
Plenitude. eternitude .
doce.
Conhecereis a verdade.
Guernica. Pablo.
Carrascos relincham.
Olhos arregalados.
Sublime.
Ravel girando.
Caravelas. Descobrimento.
a multidão tem sede.
O lapso é eterno.
Poesia deflagrada.
Nasce um poema.
Poema do patíbulo.
cada palavra é um mundo.
Garças. Araras.tucunaré.
Avaré.tibiriçá.
Vôo. Muito alto.
Carona de albatroz.
planar com todos.
Rasgar o véu.
Navegar nos ares.
A infância funde-se
pequenos que virão.
netos desconhecidos
Velhos que virão.
passado e futuro.
O cosmos funde-se.
Ravel girando.
                                                                            

O cemitério

                                                                                      PAULO CECÍLIO
                                                                              ( ESCRITO EM ARRAIAL D'AJUDA)
                                                                                      

Rua branca
pedras desiguais.
dúvidas : dádivas
de deus aos loucos.
loucos de dor,
entre ervas
que nada querem
ou nada dizem,
perambulam meus hippies
irmãos de lua
calmaria na rua
os mortos(será que os há?) :
cúmplices.


E SE?

                                                                              PAULO CECÍLIO

Não nos conhecêssemos.
Te encontrasse
num parque
Algo no chão.
Você me estorvasse,
também eu te...
E se ao olharmos
nos olhos iluminasse
por um momento
as Iris nossas.
Obrigado. Que isso.
Tem irmãos?
E ríssemos.
Tenho filhos.
Nossa,como eu.
Hoje to só
Não tá mais.
Pipoca, quentinha
gostas?
Nem me lembro mais.
Então, sentássemos
num banquinho
como nossos pais.
E nos apresentássemos.
E gargalhássemos
das conicidências.
Das dores.
Do Ibirapuera.
O que fazes?
Talvez ficasse
um gosto desatento
de quem parte....








                                                                             

                                                                             


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