sexta-feira, 7 de maio de 2010

PELO DEVIRES QUE NOS CONVOCAM AO NOVO

                                                                TODO DIA

                                                                   Jorge Bichuetti

Queixamos frequentemente do peso asfixiador da rotina. Repetimos, dia após dia, os mesmos costumes; vivemos sempre reproduzindo no presente o vivido no passado e, assim, esperamos desanimados o próprio futuro, prevendo-o como mais um rodopiar do “tudo igual” já exaustivamente experenciado.
Cansados. Exclamamos: vale a pena viver!...
Todavia, a vida altera-se, segundo a segundo... Muda-se o tempo, o espaço e as pessoas...
O nosso próprio corpo se transforma constantemente.
Por que, então, fazemo-nos escravos da rotina?
É que a rotina, embora, não nos ofereça felicidade, dá-nos comodidade.
Somos acomodados. Por natureza ou temor?
A harmonia da natureza se dá nas ordenações de caóticas transformações. Do lagarto à poeira estelar, tudo segue nas metamorfoses de um redemoinho chamado destino.
E o destino humano?... Nós o fabricamos. Fabricamos nossas histórias, realizando no cotidiano a estrada de nossas vidas.
... Mas tememos perder a estabilidade conquistada. O conforto adquirido. O bem-estar da nossa rotina nos adere à vida enquanto um eterno presente.
Ai, vem o tédio: tudo igual.
Todo dia sempre o mesmo dia. E na alma a sensação de já não se viver, de não possuir nenhum dia.
De tanto tédio, chegamos a acreditar que a vida não é lá esta coisa.
Contudo, vivemos a existência que fabricamos no nosso dia-a-dia.
Se queremos ser felizes, precisamos inventariar os minutos que consumimos e ao checar nossa rotina, abrirmos espaço para alguma novidade.
Criar novidades... Viver uma boa pequena loucura... Buscar uma ou outra inovação...
Deixar, enfim, nosso computador existencial conjugar matemática e poesia; e permitir que nossos corações existam multiplicando na ternura de muitos sonhos, a capacidade humana de seguir na estrada misturando o esplendor das estrelas com o perfume meigo das flores campestres.
Se queremos ser felizes... AH! Destruiremos o robô medroso da rotina e seremos humanos na ousadia de um pássaro que se aninha nas árvores, alimenta no chão, mas se aventura bailando no azul do céu infinito.



 
 
 
 
 
 
 
 

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