jorge bichuetti
na sede de encontrar um coração
que me escutando, pudesse ver e
sentir a angústia que carrego, sai...
andei, e, logo, na esquina, sorri
de esperança... ali, havia, um ser
humano... um coração, pensei e
dialogando, emocionado, me pus
a falar da vida, dos sonhos despedaçados
e da minha loucura - tenho medo, medo da
vida de desumanidades que atroz corrói a
ternura e a compaixão, o humano no mais
humano da vida labutada nas lágrimas que
andam afogando a vida dos corações....
falei... desafoguei minhas mágoas e ai...
ele, de calculadora na mão, cifrou os
índices, taxas, porcentagens e me deu
um criptograma com as perspectivas:
da vida, das dores, dos sonhos e até
incluiu a métrica agonizante das mi'as
esperanças... acalanto que me refaz
na espera... da vida remoçando no
amor solidário, louco e sedento de
um novo caminho para este órgão,
este dinossauro das emoções...
na esquina, um robô - homo sapiens,
tecnomaníaco, me nocauteou e no chão,
ali, caído, olhei o céu estrelado, o luar
e desalentado com os que eu deveria
chamar de irmãos... eu recorri a relva,
verde, macia, orvalhada e fecunda,
não sabendo desvendar meu enigma,
a perguntei, sobre a terra molhada e
sobre os tempos de áridos de secura...
e ela, então, me olhou e disse com
simplicidade: agora, moço, o coração
da vida mora nas entranhas da terra;
já que o homem o exilou, compondo
o seu com aço, ferro e carvão...
deste este dia eu procuro o homem
nas flores do campo; esperando que
eu possa , um dia, sentir-me na flor,
o sonho destroçado nos cálculos da razão...O ANJO CIBERNÉTICO
Jorge Bichuetti
na majedoura, um menino...
Herodes, louco, decreta
a matança generalizada...
o rei não sabia que bastava
computadorizar o garoto e
criar um anjo cibernético,
um corpo matemático que
tudo saberia, menos
amar e sonhar...
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