JORGE BICHUETTI
Na psicanálise, o desejo é sempre um lamento da castração.
Para ela, o desejo é a reedição teatral de um desejo objetal primário, familialista, triangular, quem se move sempre no registro da falta.
Na esquizoanálise, o inconsciente, não é um teatro, é uma fábrica, e, assim, oo desejo é sempre um agenciamento, é contrutivismo, e se deseja um conjunto, num e um contexto que é geográfico, político e histórico, cósmico.
Nunca se deseja alguém ou algo. Se produz num agenciamento coletivo no seu patamar de desterritorialização.
Desejar é construir e construir dados por múltiplos agenciamentos, e é sempre coletivo.
Deseja-se uma mulher e a paisagem que a compõe um conjunto agenciado no entre dos encontros...
Deste modo, pode-se concluir que o desejonão é normatizante, mas é ele constituinte.
Este processo se dá em relações de poder onde o prazer seria o contrapoder, consequententemente, a reterritorialização.
Se o desejo não é objetal, nem dado, mas fabricado, agenciado, a segmentariedade que gera posições distintas e definitivas em relação à sexialidade não é natural nem funcional ante o inconsciente produtivo e desejante.
Daí, surge o conceito de n sexos.
Homens-mulheres, homens-homens, mulheres-mulheres, homens-bichos... Todo forma de desejar é fabricada e fabricada num inconsciente-fábrica que não possui uma identidade fixa e permanente, um modo único de desejar.
Os modos de desejar e amar são fabricados e se os fabricamos linearmente, é apenas pelo predomínio do édipo que segmentariza a vida, constitue a heterosexualidade como modo dominante e as outras formas de desejar e amar como desvios deste registro normativo.
Desejamos... Fabricamos desejos... E os fabricamos como desejo de conjunto e desejo agenciado que nos leva a desejar num e um contexto.
As minorias sexuais são marginalizadas porque escapam ao processo de viver o desejo como teatro -lamento da castração.
E se é tão comum a infelicidade nos encontros amorosos é porque desejamos e amamos reeditando o falido, a castração, a falta, e daí, triangulamos, competimos, subjugamos, marcamos as vivências por um quantum incomensurável de ciúme e posse, sedução e rejeição.
Não fabricamos o desejo-amor com a potência da ternura e da suavidade, da partilha e do companheirismo.
... O desejo fabricado coloca todos nós diante do desafio de reinventar o encontro amoroso e nele a alegria de uniões marcadas por uma nova suavidade.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
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2 comentários:
Querido Jorge, muito bom tudo isso que escreveu sobre o amor, nos dois artigos. Queria só colocar algumas questões, observações ainda superficiais, devires de pensamento:
1) o amor homosexual atualmente adquire conotações paradigmáticas, ou seja, de modelo social. Há uma "pressão" nesse sentido, subliminar ou ostensiva, na publicidade, nos meios de comunicação etc.
2) além da orgasmomania, eretomania e outras manias que vc comenta, há tb a amarmania. Se não há amor, há tristeza e infelicidade. E não é bem assim, a gente pode ser alegre e feliz sem amor, ou pelo menos sem aquilo que se convencionou chamar amor. Há outros sentimentos e práticas a se cultivar que não só o amor. Ando, por exemplo, adorando o sentimento de beatitude. E também a delícia do pensamento. Delícia, o que não quer dizer que não haja certo tipo de sofrimento no pensamento...
3) Outra coisa que observo, é que se tem criminalizado em certos grupos sociais os amores tradicionais, tipo casamento. As pessoas acreditam que adotam posturas livres ao se posicionarem sempre criticamente sobre tradicionais formas de conviver. Nem desconfiam que trata-se de uma produção social esse tipo de julgamento e valor.
4) observo no seu blog as fotografias. é preciso ampliar a imagem do corpo que ama. os velhos também amam, os gordos também, os aleijados, os anões, os feios. amor e rostificação. rostificação de todo o corpo.
Estou um pouco cansada, muitas horas de aula e estudos. Voltarei aqui pra conversar com vc e os participantes deste blog sobre amor e outras delicias.
marta, enovelamos nossos pensamentos e tecemos uma manta para o inverno e semeamos, igualmente, uma eterna primavera.
Foucault disse no seu último trabalho que tão cruel quanto a proibição era a imposição-obrigação e falou da ditadura da felicidade, da vitória, da beleza e da saúde. O Amor? me sinto pressionado a amar e desejar, no instituído, e incompreendido quando amo o vento, a poesia, as folhas caídas no chão de Nova york, a canção de Noel, os amigos e aa os sonhos...Me apaixonei por uma estrela e uma lua, me condenaram... dava constatada a loucura.
Vejo, também uma tendência a institucionalizar a homosexxualidade; e aquanto o casamento: pura preguiça de se experimentar a sua reinvenção na potência da novo.
As fotos, minha amiga, dois , problemas: minha dependência a rede que falha na procura e minha má.quina que anda estropiada negando-se a usar meu arquivo.
... Mas pensarei, havia uma de dois cisnes se amando e eu troquei... Falha, a hegemonia do midiíadico.
Beijos, adora conversar com você. Que tal um drink com um blues suave? abraços jorge
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