A MORTE COMO ACONTECIMENTO
( fragmento de palestra de DANIEL LINS)
Fazer da morte um acontecimento, isto é, um belo movimento de vida, evitando assim que não se transforme a vida em um canto de morte, eis o que torna cada um experimentador não da eternidade, mas da invenção cotidiana da própria vida. Inventar a vida, em todos os instantes, não é nossa “santa vingança” contra a morte, embora sabendo, como os grandes artistas, que só os organismos morrem? A arte não é algo que resiste a morte, tornando-a acontecimento? A morte, pois, como reinvenção dos sentidos, ali onde tudo parecer padecer. O artista, o pintor, sobremodo o barroco, ao representar um morto ou a morte com imagens não são mais terrestres, não mais humanizadas, não associa a morte a certa forma de sedução ou de erotismo, à maneira do cinema contemporâneo japonês? A morte como acontecimento, ao ultrapassar as fronteiras do Ocidente, não encontra no luto do “Outro” um limiar de vida, um puro acontecimento?
sábado, 2 de outubro de 2010
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4 comentários:
Oi, Jorgito.
Hoje, esta foi inevitável. O despertar da morte em vida, de um sono profundo. O homem-gado que sentindo a dor do ferro em brasa na carne, lembrou-se que tinha asas e em seu cavalo montou... pra cavalgar num reino que não tem rei...
bjs, samara.
Disparada
Prepare o seu
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar...
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...
Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...
Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...
Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe do que eu...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
Geraldo VandréPrepare o seu
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar...
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...
Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...
Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...
Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe do que eu...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei
Geraldo Vandré
Samara, morremos feito gado.... No matadouro, entre sangue e gemidos, temos que mudar a vida para que a morte seja o vôo de um passaro que busca as nuvens na suavidade do canto vivido e da vida cantada. abraços. Carinho, minha doce amiga e leal campnhia que me alegra e me faz seguir. jorge
Catulo da Paixão Cearense
(1863-1946)
LUAR DO SERTÃO
(1908)
Não há, oh gente
oh não, Luar
Como esse do sertão
Oh que saudade
Do luar da minha terra
Lá na serra branquejando
folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão
Não há, oh gente...
Se a lua nasce
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão
E a gente pega
Na viola que ponteia
E a canção
É a lua cheia
A nos nascer do coração
Não há, oh gente...
Coisa mais bela
Neste mundo não existe
Do que ouvir-se um galo triste
No sertão, se faz luar
Parece até que a alma da lua
É que descanta
Escondida na garganta
Desse galo a soluçar
Não há, oh gente...
Ah, quem me dera
Que eu morresse lá na serra
Abraçado à minha terra
E dormindo de uma vez
Ser enterrado
Numa grota pequenina
Onde à tarde a sururina
Chora a sua viuvez
Não há, oh gente...
Com carinho Maria Alice
Querida Maria alice, morrer,não e não.... O Daniel está certo, nos encantaremos, e a canção nos permite superar medos e desespero com o canhão da viola ponteando a vida que floresce e brilha, na lágrima que cai e é uma elegia ao amor. abraços jorge
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