segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UM MINUTO DE TERNURA, UMA GOTA DE ESPERANÇA

                                                                                JORGE BICHUETTI
A nossa subjetividade fálica e onipotente, ego hipertriofiado, nos torna ansiosos e depressivos.
Lidamos mal com a derrota, com a espera, com os adiamentos, com nossas limitações em conseguir que o destino seja um escravo da nossa vontade.
Aceitamos mal a vida, e, porisso, a modificamos com dificuldade, porquanto, diante dos obstáculos, nossa desilução nos paraliza.
Se o trem atrasa, não perdemos a viagem,mas ganhamos uma cefaléia de pura preocupação antecipada.
Se o alguém não chega na hhora marcada, já não conseguimos a alegria dos bons encontros, pois o mal humor nos dominou e na hora do abraço no rosto já está contraído e contorcido.
Se a chuva... Se o sol... Se a vida...
Vivemos  e não usamos desta poção milagrosa: um minuto de ternura e uma gota de esperança...
Um gesto de ternura desmonta as nuvens cinzentas e renova o nosso céu psíquico, asserenando-nos com o brilho do sol límpido que fecunda e nasce nos nossos corações um jardim de flores de amabilidade e carinho.
Um ato de esperança doma a tempestade e cava veredas onde parecia haver somente um denso e irremovível paredão, com ela nasce forças novas, novo olhar e fortalecidos e olhando com novas forças e novo olhar, enxergamos com a potência de quem vê o amanhã e novos amanhceres e, assim, a noite densa e triste se esvai e nos deixa com o céu estrelado para que possamos seguir forjando com nossa resistência e nossa luta um novo tempo.
A ansiedade e o  medo é egocentrismo onipotente, pois a vida sempre pode mais...
O pânico é antecipação com agonia da derrota e da falência quando o tempo somente nos pede reorganização de desejos e tempo, esforço e sonho para que busquemos, para além do cinza do hoje, as luzes de um novo alvorecer.
Nem acomodação, nem precipitação ansiosa: a cada dia basta os seus tormentos.
Lutemos... Sonhemos... Cantemos...
Caminhemos: e que cada passo nosso seja a ternura e a esperança que remove montanhas, pois os que lutam, perseverantes e pacientes, chegam... no paraíso que no caminho inventam para si e para a própria vida.

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