sexta-feira, 21 de maio de 2010

PÚBLICO VERSUS PRIVADO

                                          QUE ESTADO DESEJAMOS?
                                          QUE SOCIALIMO VIVE NO NOSSO HORIZONTE?
                                          QUE ORGANIZAMOS PARA TRANSFORMAR O MUNDO?
                                                                                    JORGE BICHUETTI

Esta reflexão me parecia já desnecessária: público versus privado.
Debate que retornou na Conferência Estadual de Saúde Mental. Motivo: uma visão estativista pró-capitalismo.
Ninguém que estudou economia política ignora que o estado brasileiro é fomentador do desenvolvimento capitalista. Não é, nem agora, num governo de centro-esquerda, um patamar de construção do socialismo.
Funciona muitas vezes, inclusive na saúde mental, como um público privado e privatizante.
Não se tem ingerência dos recursos destinados quem são rotineiramente deslocados para outros fins.
Não aloca na finalidade, os Caps não gerenciam: são sucateados e imersos na paralisiada burocracia da submissão à lógica do funcionalismo público.
Não se submetem a uma lógica transformadora, nem conseguem arquitetar equipes com sonhos e competência.
Os dispositivos ( chamados privados pelos que padecem de uma miopia stalinista) são ONGs que , embora, privadas, são não públicas, como revolucionárias no seu caminho, na sua vivência cotidiana e no seu funcionamento disruptivo.
Podem gerir e montar equipes, persistem num plano ideológico de mudança e se dão solidariamente ao trabalho que cuidar e acolher, alocando TODOS os recursos no seu fim: a saúde e a reforma psiquiátrica.
São o que Bauleo chamava de contraionstituição.
São o que João Machado e Paul Singer denomiram de implantes socialistas.
São espaços do novo, da cidadania e da solidaridade que se monta como estado popular, conceito tão caro ao movimento social
Cabe recordar Rosa de Luxemburgo e perguntar aos que negam o papel das ONGS se não padecem de um oportunismo-reformista.
Rotelli, que traduz o pensamento da atuação no estado, como mudança de correlação de foraça à la Gramisci, sempre as defedeu.
Guattari , nelas via o insurgente.
Diante de destas reflexões, não sei o que pensar..
Não são estes que negam as ONGs viciados no poder pelo poder.
Não são apêndices viscerais do aparelho de estado.
Penso... E pergunto: de que lado estão?
Que são bons advogados do capitalismo, não podemos negar...
... Mas que tentem nos tirar a ousadia do novo, do socialismo de base e libertário, não.
Que se assumam do outro lado dorio, com a mais -valia, com a violência espúria do capital e com a função do estado de legitimadora e promotora da exclusão, exploração e dominação.
Nos, seguiremos com nossas utopias... Persistimos no caminho da revolução

14 comentários:

Anônimo disse...

Dr. Jorge,

Para que esses pensamentos negros.
Já sabemos onde vai dar.
As vezes eu vejo uma pessoa em um meio favorável e me pergunto? Por que ela está ali e eu aqui?
O Sr. ficou ateu?
A vida é legal mas como em uma escola onde o professor é muito exigente.Viva a inteligencia, belo presente! Denise

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

uma dificuldade dos nécios é descobrir o valor do público não-estatal:
- não vivenciam a solidariedade fora do confuso meandro do estado burguês, burocrático e submisso ao capital;
- não inventam um mundo paralelo, sempre correndo atrás da agenda burguesa;
- não se vêem capazes de ser e estar no mundo, fora dos ídolos que os capturam nos registros vigentes de uma política neoliberal, onde cabe todos, mas com inclusão diferencial.
Desculpe-me, são servis, com crachás de valentes ondes depositam a própria covardia....
Um outro mundo é possível...
E ele virá dos sofrendo, clamam...
Dos que excluídos, dirão: chega!...
jorge

Lia disse...

Jorge, você disse o que estava entalado na garganta! Com a coragem a e a doçura dos que sentem a dor e a alegria de viver aquilo em que acreditam! Saudações carinhosas, Lia.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Sim, Lia, a garganta entala-se com muitas questões que sem serem aprofundadas, passam a fazer parte do léxico das bandeiras progressitas: - uma ONGs, o terceiro setor, pode representar, muitas vezes, o espaço de alteridade, dando permanência, transparência e fertilidade aos processos instituintes, consolidando um espaço público não-estatal;
- o público, não raras vezes, é privatizado, burocratizado e partidarizado, inviabilizando o novo, pois fica à mercê dos humores dos mandantes...
Quantas vezes, não vimos o novo ser intertitado pelo estatal à revelía das leis e programas de avanço do SUS e da Reforma Psiquiátrica.
É necessário separar o joio do trigo...
Controle Social - sempre...
participação popular livre e consciente - sempre...
Fiscalização geral...
... O público não-estatal é um espaço mais liso, menos vulnerável à politicagem e à arbitrariedade.
É dispositivo, contrainstituição e implante socialista.
Caminhemos inventando um espaço do povo.
jorge bichuetti

Anônimo disse...

Nescinho,
Aqui é a Nescita.
Já que você exalta o sadismo,vista uma farda tesuda,e vá morar em Cuba.
Não se esqueça dos charutos e de um fusil fálico. Enquanto isso eu iria para Roma maravilhosa.
Existindo coisas belas por que ignorá-las? Eu heim! Eu heim!
Coisas belas não se ignora inclusive tu. Bjo De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Cuba, quanta beleza!
Alguns atrapalhos néscios e ou nescitas, produzidos pelo imperialismo.
Nunca ignorei coisas belas...
Onde não as vi, talvez, elas se ocultaram.
Sigo com Che, Las Madres, MST, Zapatistas : e tudo que vamos construíndo de belo, novo, de igualitário.
Não quero o luxo às custas da fome de tantos.
É minha ideologia... prá viver...
jorge

Anônimo disse...

Não o convidei para Cuba como turista.
É para morar lá no meio dos cubanos mesmo.
Nada de praia paradisíaca.
Ah como médico tem muito serviço!
Vou dizer: você me enganou!
Assistiu o filme Chico Xavier?
Só chorando. De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Os sonhos necesitam de pontes para que possam florir o chão...
A defesa das ONGs não deveria motivar tanta polêmica.
Creio no valor da liberdade, da solidariedade e dos direitos humanos,na ternura e na suavidade, na generosidade e na compaixão, no carinho e no amor...
Sigo... buscando-os.
Embora, nem sempre consiga.Persisto.
carinhosamente, jorge

Anônimo disse...

Retrocedendo?

Nem todos tem a vida que pediu a Deus.

Jorge, estou numa fase de "me abandonar" justamente pelo desamor, pelo egoísmo,pela desorientação dos meus velhos pais.
Morrer tudo bem, mas ficar maluco antes, isso não vale.Tá difícil.Porém meu filho mais novo não me deixa.Abraços da De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querida amiga, quando notei que não fazia sentido tanto furor, porque sei que também você defende e tem carinho pelas OGNs que solidariamente prestam serviços de amor e solidariedade; percebi que os argumentos lhe contrariavam, e não a idéia central.
Lhe vejo heroína do cuidado, pois podia seguir e ao ficar carrega uma árdua tarefa: cuidar, conviver, partilhar... e fazer dos familiares um espaço onde a solidão se torna menos fatal, pela sua presença persistente e amiga.
Não é fácil...
Não é muitas vezes agradável...
É nobre... e encantador.
Lembre-se dos amigos, escreva...
Muitas vezes, a solidão é uma ilha que pede a invenção de barcos para podermos ir e vir, encontrar e partilhar... tornando-a menos árida.
Com amizade, ternura e carinho
jorge bichueti

Anônimo disse...

Dr. Jorge,
Convivência social anda fora dos meus desejos.
Meu pai tem sido uma prova profundamente desagradável.Mal conheço a mulherzinha dele e ela dá palpite na vida aqui de casa.Meu pai está enfeitiçado. A cidade toda conta essa estória.OGNS nem pensar.
O meu furor inerente a minha personalidade está a flor da pele.Preciso ter cuidado!Não me conformo!Não mereço.
Sinto uma saudade enorme do Arthur e da Anna.Paradoxalmente tenho preguiça de viajar.
Sabe o que eu ando querendo? O meu marido! A minha família constituida novamente.
Beijinho da De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

cada desjo tem um caminho e um preço. Devemos bancá-lo...
Cuide dos seus. Ame...
Viva...
Se não lhe interessa as ONGs, aqui estamos discutindo-as, talvez, seja esta a fonte de tanto malententididos.
jorge

Anônimo disse...

Dr. Jorge,
Tudo tem preço, realmente.
Eu não gosto de manipulação.

Outra coisa que me incomoda é o retroceder aos anos 39,40,50,60,70.
Homenagear pela lembrança os colecionadores de cadáveres.

Beijos,perdoe qualquer coisa.De

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

...UM ABRAÇO FRATERNO.
NÃO HÁ MOTIVO DE PERDOÁ-LA.
TUDO ESTÁ CERTO, CADA PESSOA TEM SEU CAMINHO E SEUS SONHOS...
ANTE MEMÓRIA DE TANTOS DORES, ANTE TANTAS DERROTAS: NÃO FOI EM VÃO QUE ACUMULAMOS TANTOS SONHOS, AINDA QUE HOJE NOS CORTEMOS O CORPO COM TANTOS CACOS DE SONHOS.
ESTA LEMBRANÇA DE POLARI , PARA NÓS É BUSCA, PROCURA... LUTA E CAMINHADA...
UNIMOS A TERNURA DA ROSA COM A VALENTIA DA CACHOEIRA QUE VENCE OBSTÁCULOS EM BUSCA DO MAR... JORGE