quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DIARIO DE BORDO: COMO É BELO O CANTO DA VIDA!...

                        Jorge Bichuetti

O despertador não tocou... Os pássaros, sim; eles me acordaram... Suavemente, como se quisessem que o orvalho da manhã me enternecesse e fecundasse... de alegria e paz... A Luinha fingiu nada ouvir... Só se levantou quando junto aos álamos eu dialogava coma vida... Ressabiada, parecia temer por minha sanidade...
Conversamos, comumente, com pessoas que não nos escutam; mas nos sentimos um poco loucos dialogando com a vida, mesmo ante a a escuta permanente da natureza que sua mineiridade é boa de prosa...
Nunca paramos para fugir dos parâmetros médicos e ouvir nosso coração e escutá-lo no seu parecer sobre o que normalidade e o que é loucura...
Olhamos o mundo com os olhos dos compêndios de psiquiatria...
E cremos neles: as flores não falam... o luar e as estrelas não sentem... Será?...
Os passarinhos orquestram no canto do amanhecer a poesia da esperança...
O orvalho fecunda o coração da terra, fazendo florescer num ato guerreiro de quem nega o pessimismo e o fatalismo e crê na fecundidade do destino e da história...
Tenho no luar e na minha pequena Luinha dois amores que acolhem, me cuidam, me acariciam e me ensinam a amar, não como quem se apropria, mas como quem se dá...
Os loucos deliram; contudo, a guerra é racional... Lúcida na sua ganância de empoderar-se através da destruição do outro...
O delírio do loucos é a lucidez terna da vida que brinca de fantasiar como quem inventa um novo caminho que embora invisível, mora no ventre grávido do tempo que tem ânsia de mudança e inovação, vida nova, nova suavidade...
Nunca ou quase nunca escutamos os delírios dos loucos... e tanto não serem ouvidos, eles se mesclam com figuras e linhas do passado... Ocultam a poesia do porvir, temerosos do mundo que massacra quem ousa conjugar a vida no tempo da esperança...
Vendavais; tormentas... falam do cansaço da mãe natureza...
A violência é o grito agônico de uma sociedade de competição e exclusão...
A vida fala e não a escutamos...
Brincamos de temer o apocalipse, fabricando-o com nossa cultura bélica e fascista... com a nossa destrutividade...
Mas, a vida canta... E como é belo o canto da vida....
A vida é ânsia solidária e compassiva, sonhando com o amanhecer do novo... Da vida de partilha e comunhão, de inclusão e fraternidade...
Enquanto idolatramos o individualismo... a vida é humanidade em luta com a nossa desumanidade...
Ela espera... seus guerreiros e seus poetas... os que ousarão ir no horizonte buscar a aurora de um novo tempo de amor e paz...
A morte discursa; a vida canta...
A morte escraviza; a vida encanta...
Ela é a magia do porvir... negada pela mediocridade da nossa vidinha tristonha e cinzenta...
Assim, a morte dita suas verdades absolutas... e vida germina na sementeira includente do devir, do sonho e da arte... ela canta na ardência do que não vemos nem vivemos, ela canta nos etecéteras que serão paridos um dia na alvorada do amor terno das manhãs encantadas pela poética dos passarinhos...



4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Jorge, "ombro a ombro, passo a passo, seguindo a canção..." como diz a música, não estamos sozinhos, apenas às vezes me perco achando que o mundo conspira contra mim. Mas o mundo caminha ao ritmo das bem-aventuranças, quem disso não se percebe são os que solitários vagueiam pela vida imaginando-se plenos em sua ilusória felicidade, narcisos que no fatídico momento, como diz Zé Ramalho, o poeta visionário, terminam por se encontrar tão solitários em seus próprio egos, cheios de verdades vâs e vazios de verdadeiro sentido. Um grande abraço de João, o Batizado.

Anya Piffer disse...

Olá Jorge,
Deixei uma mensagem no seu facebook e estou repetindo por aqui... "Sou amiga do Adilson de Vitória/ES e visito seu blog diariamente e vez ou outra deixo meu comentário.
Estava conversando com Adilson sobre um trabalho que pretendo publicar e gostaria de saber da sua disponibilidade e/ou interesse em fazer algum comentário na obra.
Posso lhe explicar melhor por e-mail.

Meu e-mail é o elaniapiffer@gmail.com.
Abs

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Elania, meu carinho e admiração... Verei o facee e entro em contato, sabendo que me alegra a sua lembrança... Abraços com ternura, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Caro João, caminhar juntos na luta nos dá textura e corpo ma quínico... novas forças que anulam os mecanismo do mundo que nos paralisam... Lutemos no caminho, partilhando sonhos e amizade. Abraços com carinho, jorge