sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO; O HORIZONTE AZUL; AQUARELA DA PAZ

                                              Jorge Bichuetti

Dia claro, dia do samba... Há nuvens no céu... Cheiro de terra molhada... Minha roseira acordou toda faceira... penso que é um efeito da nossa conversa de ontem: falamos de amor... Respiro o ar enternecido pela serenidade do verde que eloqüente me conta da chuva que durou toda u'a noite... Silencio, medito... Olho maravilhado a beleza da vida... A vida é bela e terna; cheia de encantos e magias... No meu olhar, nasce u'a compreensão inquieta: a vida é paz e odeia as guerras... A guerra é coisa do homem...
Não lembro de um ano da minha vida que tenha sido um ano sem guerra...
Me angustio quando me implico e recordo que eu também nunca fiz um ano sem discórdia, tensão, raiva, mágoa e ressentimento...
Lembro Ghandi - a paz é o caminho...
Para se viver em paz há que lutar e barrar as guerras... como há de se cortar o hábito paranóico de estar sempre, mentalmente, alimentando uma animalidade, uma discórdia com alguém...
A serenidade não nascerá miraculosamente; nem germinará por geração expontânea...
Há de se semear, cultivar, cuidar da floradas de ternura e dos ventos de solidariedade que arruinam com as guerras e com os conflitos interpessoais...
Mesmo no social, precisamos aprender a lutar, afirmativamente... fugir da lógica paranóica da negação, da falta e da animosidade personificada...
Aprender a viver com serenidade e paz exige aprender a ser continente: fazer o outro, a diversidade caber na vida e no socius...
Andamos adoecidos por opções autofágicas...
Cultuamos a tristeza, a culpa, o ressentimento, a mágoa, o ódio...
Esquecemos que vida flui e se transforma quando contagiada pela ternura e pela solidariedade, se torma marcada por fluxos de tolerãncia, compreensão, perdão, carinho, misericórdia...
Podemos mudar nosso jeito de lidar com vida... Intensificar o que funciona; dar alimento e adubação a tudo que gera vida de compaixão e comunhão... vida de gentileza: precisamos inventar o tempo da delicadeza...
Um retorno a Marx, dialogando com as flores da contracultura que ousavam clamar e viver a paz...
2 de dezembro: precisamos de samba, alegria e dança, brincar e sonhar...



POR UMA NOVA SUAVIDADE - O TEMPO DA DELICADEZA

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