terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE BORDO: SOB AS BÊNÇÃO DO CÉU ESTRELADO

                            Jorge Bichuetti

Entre os álamos, a lua crescente brilha e contagia... sussurra um poesia sem palavras que arrepia a minha pele: sinto a beleza da vida nos trilhos da imensidão... Os álamos bailam, ternos e suaves... o vento caminha num voo lento como se quisesse me mostrar  a magia de partir e chegar, a vida em movimento... As rosas perfumam o meu corpo e ele já não sente doído e exuasto... Respiro o ar da manhã... Contemplo o céu estrelado... Cato flores e frutos... Fico: pensando, sentindo - deixando a vida me despertar para a suavidade que mora no coração do alvorecer...
Meu quintal silencioso, escuta os pássaros nos ninhos; ainda, dormem... Sonharão? Não o sei... A Luinha sonha e conversa dormindo... Está, hoje, nos meus braços...
Digo-lhe, não sabemdo ao certo, se me escuta: a vida é uma poesia desenhada no coração do infinito que orvalha fecundando de sonhos a alma da gente...
Vivemos sem riquezas e poder...
Vivemos sem uma grande paixão...
Vivemos entre lutas, pedras e espinhos...
Mas, não vivemos sem sonhos...
Volto a mirar o céu estrelado... Grandeza, beleza... Trilhas na imensidão que nos levam a pensar na vida como um jardim encantado, florido, fértil... nele, a abundância clama por novas sementeiras de amor e compaixão, ternura e paz... Eis o grito do céu estrelado...
Viver o alvorecer... com sua magia e encanto... é colocar o corpo para que ele seja, então seduzido pela poesia insurgente da vida que não entende porque só sonhamos adormecidos.
Ali, sob o céu estrelado escuto o clamor da vida que se sente indigente e maltrapilha quando o mundo acorda pelo avesso, inibindo nossa capacidade de sonhar... de ver e ouvir, de sentir... a vida navegando em busca do oceano amoroso e terno da solidariedade...
A vida grita silenciosa... Teme ser na mão da humanidade um instrumento da morte e da destruição...
O céu estrelado poetiza a vida de partilha e comunhão... Estrelas, astros, cometas... vive e baila... é um coletivo; é o brilho da multidão...
Nosso individualismo não é um produto expontâneo da vida orgânica, da biologia... Ele é criado pela ideologia que nos formata nos desconectando da vida que pulsa, brilha e baila na multidão cósmica e no coração do outro que sempre abriga um novo outro... nos tecendo também multidão...
Se a infelicidade é uma questão de prefixo, como assevera Guimarães Rosa; o individualismo é um fruto das conjunções possessivas...
Viver não é possuir, nem possuir-se... Viver é aumentar, intensificar nossa própria alteridade no dar e no se dar... Vida que desencapsulada passa ser fonte e ponte; cais e mar...
Assim, nos ensina a sinfonia do amor que escutamos no canto mágico do céu estrelada... Magia do luar; oração viva da aurora...

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá! A alma influencia o corpo e o corpo influencia a alma. Se o corpo não está bem, a alma sentirá a morte em andamento. A morte é mais pecebida quando adquirimos certos hábitos. Todo fumante deve ter sempre em mente a necessidade de se policiar quanto a quantidade ingerida do veneno. Dica de quem remoçou depois que parou de tragar a fumaça intoxicante: o melhor é parar totalmente, depois de gradualmente diminuir a dose de nicotina. Quando passei a usar dez cigarros por dia usei Champix com excelente resultado: não fumo desde cinco anos atrás. Sentir-se velho é um estado de espírito, frase velha mas verdadeira. Um grande abraço, João Mulambo.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Amigo João, sinto que precisamos cada vez aprender a sentir a vida: no vento, no azul do horizonte, na lágrima do próximo... no céu estrelado... Quanto ao cigarro o tenho como um dos meus menores problemas... não que não reconheça seu nefasto papel no câncer e no enfizema; é que me preocupa mais meu esejo de ser mais terno e o meu ideal de mar mais, com maior compaixão e solidariedade... Gasto muito tempo contendo meu orgulho e egoísmo, vícios que tenho e me horrizam... Assim, é a vida... Cada um segue no labor da sua sementeira... Abraços com carinho, jorge

Anônimo disse...

Caro Jorge, não quero perturbá-lo. Como você carinhosamente disse, "cada um cuida de sua sementeira." Como fumante por 20 anos sei sobre as necessidades essenciais de um fumante. Há muita propaganda enganosa sobre parar de fumar. As campanhas sobre tabagismo mostram o vício como um "mal invencível", como para dizer: "não comecem a fumar". Mas o que fazem é criar um "trauma antecipado" sobre aqueles que desejam parar de fumar. Há também o relato dos que tentaram e não conseguiram. Parece coisa da indústria do tabaco. A mais famosa é a American British Tobbaco, aqui no Brasil, com o nome de Souza Cruz. Penso que parar de fumar é como ir para o clube cedo para dar um mergulho na piscina. Você olha aquela água fria e sente frio, parece osmose. Então mergulha e sente o frio entorpecer seus músculos e as fisgadas frias na pele. Mas depois de alguns minutos, seu corpo está adaptado à temperatura da água. Assim é, penso eu. Sem dramas nem traumas. As pessoas que estão parando de fumar tem de ter paciência consigo mesmas por causa da dificuldade de trabalhar e a irritabilidade nos primeiros dias. Mas comigo esqueci completamente do cigarro depois de três meses. O chamado arco-reflexo se desmanchou da mesma forma como foi criado em minha mente. Nem coloco no plano das coisas em que devemos dizer ao outro: "nada é impossível". Ninguém nasceu fumando, oras bolas. Sem dizer que uma carteira de cigarros custa 4,50, um assalto ao bolso. Parar de fumar não é nem pelo câncer, que 30% da população terá um dia, segundo os cientistas. Nem pelo enfizema, todos morrem de alguma doença um dia. A gente vai tomando uma morfina enquanto espera a morte. Muito menos pelo conceito de "politicamente correto". Eu tenho aversão até mesmo pelo termo. Mas apenas para viver melhor, pela qualidade de vida. Não voltaremos mais ao assunto. Desculpe o incômodo. Agradeço a paciência. Um grande abraço, João.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

João, aprecio sua convicção... e creio que há tratamentos que são eficientes e valiosos; mas todos contam com o desejo do usuário... O lucro capitalista é horrível/ aliás, não aprovo nem mesmo a propriedade privada porque ter e sempre uma construção baseada no não ter de alguém... Assim, seguimos lutando e sonhando com mundo de ternura e paz, justiça social e igualdade... Meu carinho, abraços ternos, jorge

Tânia Marques disse...

Beijossssss!

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Tânia, meu carinho e ternura... Sonhos azuis. Beijos, jorge