sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SOCIEDADE DE AMIGOS: VIDA; CAIS E MAR - A POESIA DE PAULO CECÍLIO TATUADA NA PELE DA EXISTÊNCIA

CONFESSO!!!
                Paulo Cecílio

confesso que fiquei sem fôlego :
detonei pulmões levitando pelado nos teus braços 

confesso que amei até romper meus tendões 
confesso que menti para as crianças dizendo: 
papai noel existe
confesso que chorei  
confesso que sonhei 
confesso que enloqueci de paixão 
confesso que me melei todo com as amoras de verão 
confesso que fui bruto : 
neguei a carne do meu espírito à lapidação hipócrita 
confesso que amei e amei 
até me equivocar 
até me confundir 
até empanturrar 
até ser expulso do paraíso
confesso confesso que repito todo dia 
as palavras estrela cigarra estrada porto 
esperança ternura chôro riso partida saudade mar 
confesso que estou ferrado 
destruido pelo excesso de madrugadas prateadas 
de tanto café coado cheirando a terreiro de sensala 
confesso que tenho nos olhos as brumas da neblina 
das manhas partidas úmidas com gosto de pétalas 
confesso meu reumatismo porque vaguei descalço na relva 
no capim molhado no cimento queimado 
confesso que fiquei sem fôlego :
detonei pulmões levitando pelado nos teus braços 
confesso que sou imprudente 
que tive filhos sem pensar se podia 
sem pensar nas dores que eles teriam 
mas deus meu como eu quis meus filhos
como fiquei forte diante das hienas das traiçoes 
dos pecados das maldições das esquinas da vida 
confesso que fiquei velho velho muito mais que velho 
penetrei na vida muito mais que o zangão na abelha 
e lá deixei minhas visceras meu perdão minhas magias...

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