TROVAS
JORGE BICHUETTI
A solidão fere e mata,
mas não é amoldiçoada;
ela, também, nos desata
do rebanho, da tourada...
Vivo... minha mortalidade
e, nela, forjo espansões;
sendo o fim, fatalidade:
Que suba alto os balões!...
****
Desejo e não esqueço
o nosso amor desprezado;
pois, um dia, virá o avesso
e não serás tão amado!...
Minhas trovas são balelas,
meus versos rascunhados....
Navego. Barco sem velas,
. Sigo triste com meus fados...
domingo, 31 de outubro de 2010
MESTRES DO CAMINHO: OS POETAS DO AMOR
POEMA AMOROSO
CORA CORALINA
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
POEMINHA SENTIMENTAL
MARIO QUINTANA
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
SONETO DE FIDELIDADE
VINICIUS DE MORAES
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
VINICIUS DE MORAES
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
SONETO / CAMÕES
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
As sem-razões do amor
CARLOS DRUMOND DE ANDRADE
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
CARLOS DRUMOND DE ANDRADE
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
ANGÚSTIA - VIA CRUCIS
JORGE BICHUETTI
A angústia é via crucis de todos nós, pobres mortais...
Sensação de sufocamento, falta de espaço e ar, coração oprimido, um vazio e uma ausência de sentido...
Estamos sem chão... e sem teto... Nós e o nosso mal estar...
Freud a explicou como uma reprodução do medo de castração, oriundo dos nossos desejos incestuosos...
Os existencialistas, pela falta de sentido da vida... A vida não tem um sentido em si mesma.... E é a angústia , então, que nos levaria a um movimento de produção de sentido, anulando-a que emerge como uma resposta de eu ao nada que lhe sempre antepõe.
Outros a viram na sua complexidade e heterogeneidade.
Os surrealistas desvelaram a fragilidade da vida moderna que empobreceu o homem com o seu desencantamento do mundo, necessário a introdução da vida fabril e do pensamento positivista.
Muitos esudiosos conseguiram ligá-la à alienação do trabalho, à opressão de classe e à própria coisificação da vida com a vigência do império-fetichismo das mercadorias.
Deleuze-Guattari assina vários elementos que confluem na produção da angústia:
- o predomínio da produção de reprodução - somos repetitivos e isto à custa de uma negação da nossa singularidade e diferença;
- somos, então, escravos de um rotina, de um scripit, de um modo de existir desconctado com as possibilidades da nossa produção desejante; sem nossos desejos, robotizamos um jeito de ser e acabamos vítimas da angústia;
- para que nossa produção desejante flua, somos es triados, policiados e submetidos a severos mecanismos ( explícitos ou implícitos) de controle,vivendo, asim,, sob pressão;
- a imposição do sistema de controle que nos inibe do desenvolvimento de nossas potências como multiplicidade, gera uma constante insatisfação coom a vida que levamos e com a nossa dificuldade de enfrentar o mundo com esta identidade egóica frágil e restrita;
- a carências de linhas de fuga...
Sofremos... Porém, a saída está na construção de processos libertários que nos permitam romper com o assujeitamento e nos fomentem a reinvenção de nós mesmos, como singularidade, multiplicidade, devires, linhas de fuga, desejo e produção, subjetivações livres...
Restará então um boa angústia: desejo do novo, de novas experimentações, de vôos para além do que ousamos até momento... Seremos filhos da aurora, andarilhos da vida que se afirma potência e desejo, diferença e uma nova ética e uma nova estética... Um modo de viver e existir aberto ao inusitado, a amplidão do que pode um corpo...
A angústia é via crucis de todos nós, pobres mortais...
Sensação de sufocamento, falta de espaço e ar, coração oprimido, um vazio e uma ausência de sentido...
Estamos sem chão... e sem teto... Nós e o nosso mal estar...
Freud a explicou como uma reprodução do medo de castração, oriundo dos nossos desejos incestuosos...
Os existencialistas, pela falta de sentido da vida... A vida não tem um sentido em si mesma.... E é a angústia , então, que nos levaria a um movimento de produção de sentido, anulando-a que emerge como uma resposta de eu ao nada que lhe sempre antepõe.
Outros a viram na sua complexidade e heterogeneidade.
Os surrealistas desvelaram a fragilidade da vida moderna que empobreceu o homem com o seu desencantamento do mundo, necessário a introdução da vida fabril e do pensamento positivista.
Muitos esudiosos conseguiram ligá-la à alienação do trabalho, à opressão de classe e à própria coisificação da vida com a vigência do império-fetichismo das mercadorias.
Deleuze-Guattari assina vários elementos que confluem na produção da angústia:
- o predomínio da produção de reprodução - somos repetitivos e isto à custa de uma negação da nossa singularidade e diferença;
- somos, então, escravos de um rotina, de um scripit, de um modo de existir desconctado com as possibilidades da nossa produção desejante; sem nossos desejos, robotizamos um jeito de ser e acabamos vítimas da angústia;
- para que nossa produção desejante flua, somos es triados, policiados e submetidos a severos mecanismos ( explícitos ou implícitos) de controle,vivendo, asim,, sob pressão;
- a imposição do sistema de controle que nos inibe do desenvolvimento de nossas potências como multiplicidade, gera uma constante insatisfação coom a vida que levamos e com a nossa dificuldade de enfrentar o mundo com esta identidade egóica frágil e restrita;
- a carências de linhas de fuga...
Sofremos... Porém, a saída está na construção de processos libertários que nos permitam romper com o assujeitamento e nos fomentem a reinvenção de nós mesmos, como singularidade, multiplicidade, devires, linhas de fuga, desejo e produção, subjetivações livres...
Restará então um boa angústia: desejo do novo, de novas experimentações, de vôos para além do que ousamos até momento... Seremos filhos da aurora, andarilhos da vida que se afirma potência e desejo, diferença e uma nova ética e uma nova estética... Um modo de viver e existir aberto ao inusitado, a amplidão do que pode um corpo...
GEOGRAFIA DA SERENIDADE: RECEITUÁRIO
JORGE BICHUETTI
O murmúrio sibilante do riacho, um mantra de paz... A contemplação silenciosa de um céu estrelado... O exercício de respirar profundamente, inebriando-se com o perfume das flores... A caminhanda entre árvores, com o cheiro de mato e tera molhada, inoculando-nos forças germinais... A sinfonia de passarinhos despertando a aurora para novos sonhos... A leitura de um poema... A escuta de uma canção... O diálogo com os deuses-natureza-vida... A renovação dos próprios pensamentos com a potencialização de idéias e imagens de afirmação da vida e da alegria... Desobrigar-se de se sentir um deus onipotente todo-poderoso... Aceitaar os paradoxos da vida... Inventar e reinventar a vida e a si mesmo...
*** ***
Cultivar ternura, bom ânimo, meiguice e calma... Deixar para depois os problemas insolúveis no agora... Simplificar a própria vida... Diminuir suas expectativas sobre si e sobre os outros... Rir, brincar, dançar, sapatear... Realizar pequenas travessuras...
***
Perder o relógio... Estragar a bateria do próprio celular... Doar seus sapatos e comprar uma confortável franciscana... andar, vestir e viver com leveza...
****************
Ver o pôr-do--sol...
Amar. cantar e sonhar...
***
Confiar que como tudo na vida as dores, problemas e frustrações< também são finitos...
*
Amar-se com autoaceitação e crescimento prazeroso, sem culpa ou ressentimento...
*****************************************
Não levar nada demasiadamente a sério, inclusive tudo que você acabou de ler..
O murmúrio sibilante do riacho, um mantra de paz... A contemplação silenciosa de um céu estrelado... O exercício de respirar profundamente, inebriando-se com o perfume das flores... A caminhanda entre árvores, com o cheiro de mato e tera molhada, inoculando-nos forças germinais... A sinfonia de passarinhos despertando a aurora para novos sonhos... A leitura de um poema... A escuta de uma canção... O diálogo com os deuses-natureza-vida... A renovação dos próprios pensamentos com a potencialização de idéias e imagens de afirmação da vida e da alegria... Desobrigar-se de se sentir um deus onipotente todo-poderoso... Aceitaar os paradoxos da vida... Inventar e reinventar a vida e a si mesmo...
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Cultivar ternura, bom ânimo, meiguice e calma... Deixar para depois os problemas insolúveis no agora... Simplificar a própria vida... Diminuir suas expectativas sobre si e sobre os outros... Rir, brincar, dançar, sapatear... Realizar pequenas travessuras...
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Perder o relógio... Estragar a bateria do próprio celular... Doar seus sapatos e comprar uma confortável franciscana... andar, vestir e viver com leveza...
****************
Ver o pôr-do--sol...
Amar. cantar e sonhar...
***
Confiar que como tudo na vida as dores, problemas e frustrações< também são finitos...
*
Amar-se com autoaceitação e crescimento prazeroso, sem culpa ou ressentimento...
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Não levar nada demasiadamente a sério, inclusive tudo que você acabou de ler..
POESIA: ASAS NÔMADES
SONHOS DE AMOR DE NOITE DE VERÃO
JORGE BICHUETTI
Um beijo...
Uma flor...
Uma dor...
Um olhar...
Um silêncio...
E um adeus...
LUA
JORGE BICHUETTI
Lua, celeste anjo,
qu e me conta,
diariamente,
os segredos do deuses:
- Vida de Deus, menino,
é só sonhar e brincar...
AMOR DE PASSARINHO
JORGE BICHUETTI
Onde se esconde
a magia do teu olhar?
Onde se oculta
a poesia terna do teu amor?...
Nunca és... Arredio, voas
e eu, teimoso, persisto,
catando gravetos de sonhos
e as penas
das esperanças perdidas;
na delirante ilusão
de que acordes, um dia,
e sintas
meu corpo-ninho...
A CHAMA
JORGE BICHUETTI
Espero a aurora,
sem relógio ou calendário...
Em mim, a vida implora
um quantum de claridade...
Assim, de noite,
acendo uma vela
e na chuva
me molho
com um arco-íris
na alma...
O MAR
JORGE BICHUETTI
No mar azul-verde,
céu e mata, megulho
numa busca tresloucada:
seus frutos, suas estrelas
não são...
Ele - o pobre mar -
tão somente reflete
do mundo as ilusões...
APOLO E DIONÍSIO
JORGE BICHUETTI
Uma coroa de louros, um corpo escultural e belo...
A lira, a poesia e o trabalho árduo de ferreiro...
Um deus infalível, disciplinado e laborioso.
Uma taça de vinho, danças, festas e alegria...
Nos bacanais a ousadia de se experimentar o novo...
Um Deus vulnerável, pois encarna no teatro das intensidades
a condição de senhor e escravo dos prazeres.
Duas linhas, dois caminhos: a vida e suas faces...
Um diálogo, um pacto - que tornaria o desejo,
vida e a vida, uma alegre e encantada viagem...
Contudo, só Apolo pode mobilizar este encontro divinal...
Pois, no excesso de alegrias e prazeres, Dionísio
vive meergulhado na euforia de seus festivais;
depois, embriagado e cansado, simplesmente, adormece...
sábado, 30 de outubro de 2010
DIÁRIO DE BORDO: AMANHÃ!...
JORGE BICHUETTI
Madrugada... Silêncio total... Um automóvel transita, distante; escuto uma buzinna, tão-somente uma buzina...
Recordo-me que amanhã, acordarei com os sinos... Aconchegante, místico e poético...
A lua despertará cheia e desejos: brincar, correr, ver o mundo...
Sentirei o orvalho na companhia de minhas amigas: as samambaias, os lírios, o pé romã, o limoeiro e os frondosos e bailarinos álamos...
Votarei: na hora do verde, confirmarei minha fé nos sonhos...
Já vivemos tantos sonhos... Não sei viver sem sonhos, lutas, causas, utopias... Me fabriquei assim...
Como dói: a fuligem da cana,; os velhos esquecidos que conversam com os anjos enquanto os carros correm e os ameaçam, eles, solitários com seus solilóquios, os carros com sua vida rotineira de motores submissos aos relógios.. Como dói: jovens caídos, maltrapilhos e delirantes, seviados pelo crack... Dói a fome, o desemprego, o preconceito, a violência doméstica... Dói o abuso sexual, a prostituição, a vida estropeda pela opressão...
Olho o céu... azul e sei que a cada minuto destruimos nosso planeta... Dói o lixo no chão, nos barrancos, nos rios... dói o desperdício... as lâmpadas ligadas... os agrotôxicos.... as chaminés...
Uma árvore cortada sangra minha alma com o punhal da impunidade.
Quantas dores? Serão elas dores privadas? Não creio... São dores públicas e o exercício da cidadania nos exige um radical não... Um basta, um agora chega...
Que país queremos? Não uma pergunta que se divorcia de outra: que vida levamos? Menos ainda de outra: que atitude tomamos?
Saibamos agir com indignação, com rebeldia e com postura de engajamento ético...
Devemos exigir das autoridades, da polícia, dos responsáveis... Porem, somos também responsáveis, exijamos já!...
Cortemos o mal e não despresemos que nossa palavra e o nosso corpo é um fuzil...
A esperança e o novo são forças da vida... contudo pedem corpos de passagem...
Assumamos as causas e entreguemos à luta nossa palavra e nossos corpos...
Assim, nasce o amanhã.. O sol só nos trz um outro dia.
Madrugada... Silêncio total... Um automóvel transita, distante; escuto uma buzinna, tão-somente uma buzina...
Recordo-me que amanhã, acordarei com os sinos... Aconchegante, místico e poético...
A lua despertará cheia e desejos: brincar, correr, ver o mundo...
Sentirei o orvalho na companhia de minhas amigas: as samambaias, os lírios, o pé romã, o limoeiro e os frondosos e bailarinos álamos...
Votarei: na hora do verde, confirmarei minha fé nos sonhos...
Já vivemos tantos sonhos... Não sei viver sem sonhos, lutas, causas, utopias... Me fabriquei assim...
Como dói: a fuligem da cana,; os velhos esquecidos que conversam com os anjos enquanto os carros correm e os ameaçam, eles, solitários com seus solilóquios, os carros com sua vida rotineira de motores submissos aos relógios.. Como dói: jovens caídos, maltrapilhos e delirantes, seviados pelo crack... Dói a fome, o desemprego, o preconceito, a violência doméstica... Dói o abuso sexual, a prostituição, a vida estropeda pela opressão...
Olho o céu... azul e sei que a cada minuto destruimos nosso planeta... Dói o lixo no chão, nos barrancos, nos rios... dói o desperdício... as lâmpadas ligadas... os agrotôxicos.... as chaminés...
Uma árvore cortada sangra minha alma com o punhal da impunidade.
Quantas dores? Serão elas dores privadas? Não creio... São dores públicas e o exercício da cidadania nos exige um radical não... Um basta, um agora chega...
Que país queremos? Não uma pergunta que se divorcia de outra: que vida levamos? Menos ainda de outra: que atitude tomamos?
Saibamos agir com indignação, com rebeldia e com postura de engajamento ético...
Devemos exigir das autoridades, da polícia, dos responsáveis... Porem, somos também responsáveis, exijamos já!...
Cortemos o mal e não despresemos que nossa palavra e o nosso corpo é um fuzil...
A esperança e o novo são forças da vida... contudo pedem corpos de passagem...
Assumamos as causas e entreguemos à luta nossa palavra e nossos corpos...
Assim, nasce o amanhã.. O sol só nos trz um outro dia.
ESPACIO UTOPÍA ACTIVA: MARIO BENEDETTI
EL INFINITO
MARIO BENEDETTI
De un tiempo a esta parte
el infinito
se ha encogido
peligrosamente.
Quién iba a suponer
que segundo a segundo
cada migaja
de su pan sin límites
iba así a despeñarse
como canto rodado
en el abismo.
se ha encogido
peligrosamente.
Quién iba a suponer
que segundo a segundo
cada migaja
de su pan sin límites
iba así a despeñarse
como canto rodado
en el abismo.
LO QUE NECESITO DE TÍ
MARIO BENEDETTI
No sabes como necesito tu voz;
necesito tus miradas
aquellas palabras que siempre me llenaban,
necesito tu paz interior;
necesito la luz de tus labios
!!! Ya no puedo... seguir así !!!
...Ya... No puedo
mi mente no quiere pensar
no puede pensar nada más que en ti.
Necesito la flor de tus manos
aquella paciencia de todos tus actos
con aquella justicia que me inspiras
para lo que siempre fue mi espina
mi fuente de vida se ha secado
con la fuerza del olvido...
me estoy quemando;
aquello que necesito ya lo he encontrado
pero aun !!!Te sigo extrañando!!!
No sabes como necesito tu voz;
necesito tus miradas
aquellas palabras que siempre me llenaban,
necesito tu paz interior;
necesito la luz de tus labios
!!! Ya no puedo... seguir así !!!
...Ya... No puedo
mi mente no quiere pensar
no puede pensar nada más que en ti.
Necesito la flor de tus manos
aquella paciencia de todos tus actos
con aquella justicia que me inspiras
para lo que siempre fue mi espina
mi fuente de vida se ha secado
con la fuerza del olvido...
me estoy quemando;
aquello que necesito ya lo he encontrado
pero aun !!!Te sigo extrañando!!!
INTIMIDAD
MARIO BENEDETTI
juntos despertamos
el tiempo hace o deshace
mientras tanto
no le importan tu sueño
ni mi sueño
somos torpes
o demasiado cautos
pensamos que no cae
esa gaviota
creemos que es eterno
este conjuro
que la batalla es nuestra
o de ninguno
juntos vivimos
sucumbimos juntos
pero esa destrucción
es una broma
un detalle una ráfaga
un vestigio
un abrirse y cerrarse
el paraíso
ya nuestra intimidad
es tan inmensa
que la muerte la esconde
en su vacío
quiero que me relates
el duelo que te callas
por mi parte te ofrezco
mi última confianza
estás sola
estoy solo
pero a veces
puede la soledad
ser una llama.
SEÑAS DEL CHE
MARIO BENEDETTI
Todo campo
es el nuestro
por ejemplo está éste
verde dispuesto verde
los surcos y los surcos
las nubes con sus gordas
pantorrillas de lluvia
está tambien el otro
campo de pronto abismo
recién nacidos muertos
sin haberse atrevido
a estrenar sus pavores
está el amor de siempre
el corazón del tacto
la noche de la piel
los poros y los poros
y la gloria y el beso
está la llamarada
la hoguera de la piel
el cuerpo brasa infame
el hombre que no sabe
por qué lo incendia el hombre
verde dispuesto verde
campo de pronto abismo
los surcos y los surcos
las nubes con sus gordas
pantorrillas de lluvia
recién nacidos muertos
sin haberse atrevido
a estrenar sus pavores
está el amor de siempre
está la llamarada
el corazón del tacto
la hoguera de la piel
la noche de la piel
el cuerpo brasa infame
los poros y los poros
y el hombre que no sabe
y la gloria y el beso
por qué lo incendia el hombre
desde un sitio cualquiera
montaña
o selva
o sótano
hay alguien que hace señas
agitando su vida
todo campo
es el nuestro
por ejemplo está éste
verde dispuesto verde
los surcos y los surcos
las nubes con sus gordas
pantorrillas de lluvia
está tambien el otro
campo de pronto abismo
recién nacidos muertos
sin haberse atrevido
a estrenar sus pavores
está el amor de siempre
el corazón del tacto
la noche de la piel
los poros y los poros
y la gloria y el beso
está la llamarada
la hoguera de la piel
el cuerpo brasa infame
el hombre que no sabe
por qué lo incendia el hombre
verde dispuesto verde
campo de pronto abismo
los surcos y los surcos
las nubes con sus gordas
pantorrillas de lluvia
recién nacidos muertos
sin haberse atrevido
a estrenar sus pavores
está el amor de siempre
está la llamarada
el corazón del tacto
la hoguera de la piel
la noche de la piel
el cuerpo brasa infame
los poros y los poros
y el hombre que no sabe
y la gloria y el beso
por qué lo incendia el hombre
desde un sitio cualquiera
montaña
o selva
o sótano
hay alguien que hace señas
agitando su vida
todo campo
es el nuestro
BONS ENCONTROS: A AMIZADE
Nunca me sinto verdadeiramente merecedor dos amigos que a vida me oferece... São oferendas dos deuses que , também, gostam de acariciar seus filhos, nós, os humanos que temos saudade do futuro.
Recebi uma poesia: bela, encantada e alada... Peca, apenas, porque anuncia os caminhos que terei que percorrer para merecê-la...
Compartilho com vocês esta alegria:
Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
*********
Minha outra oferta é:
Recebi uma poesia: bela, encantada e alada... Peca, apenas, porque anuncia os caminhos que terei que percorrer para merecê-la...
Compartilho com vocês esta alegria:
Poema
(Andréia Attié)
Para meu querido amigo Jorge,
Meu amigo tem asas nos pés.
Asas nos pés?
É:
V – O – A – R E V – O – A – R
Ele voa para poder ficar perto do céu do mundo.
O céu é sempre um conjunto para não solidões.
Vou segredar-lhe uma cousa:
A voz dele é como infusão de ervas-doces,
E elas banham que alivia a seca da gente.
Tal como uma brisa em tempo de cimento quente,
Depois se espalha de si para ventar em outros chãos.
Confesso,
Sempre tive medo dos dias que não ventam...
Porque são dias forasteiros de estranhezas difíceis.
Mas, para minha graça, ele sopra alegre lá em casa.
Se você se encontrar com ele por aí, soletre:
A – V – E – N – T – U – R – A – S
Que mil letras virão passarinhar ao redor.
Meu amigo é assim:
Fértil de avoar, arejando-me com seu amor dadivoso.
O conceito de bom encontro para mim é algo que mescla amizade ealegria, cumplicidade e partilha.
Assim, lhe retribuo o afeto com dois poemas de almas queridas:
Saber Viver / Cora CoralinaNão sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
*********
Minha outra oferta é:
TODAS AS VIDAS / CORA CORALINA
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho, olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho, olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
- Enxerto de terra,
trabalhadeira,
madrugadeira.
analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
a mulher roceira.
- Enxerto de terra,
trabalhadeira,
madrugadeira.
analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!
E, assim, abraço com carinho e ternura a amiga Andréia e todos os meus amigos...
Nada sou... Nada tenho... Nem mesmo todos os sonhos do mundo; mas tenho e me alegro e canto agradecido... eu tenho amigos que ensinam o valor da amizade, a gostosura do sereno das auroras madrugadeiras e a serenidade que nasce do amor à poesia: ela - a poesia guarda infindáveis asas de passarinhos... Basta amar, sonhar ... e a coragem de voar.!
DEVIR MULHER: A CAPTURA MASCULINA
JORGE BICHUETTI
Se todo devir é minoritário, pode-se, facilmente, perceber os movimentos majoritários que exercem o controle e moblizam as capturas...
No devir mulher, é inegável as capturas do machismo, majoritário.
O próprio podder fálico, a dominação masculina e a submissão histórica das mulheres forjam um campo estriado e cheio de controles e capturas.
A exclusão do mercado, ou,hoje, desvalorização salarial, a dupla jornada de trabalho, os assédios sexuais e a violência doméstica executtam uma função de manutenção do instituído: a dominação do homem, a posição servil da mulher, o falocentrismo, a monogamia feminina e a poligamia masculina, uma sexualidade genital-orgástica. E este modo de existir inibe o devir mulher...
Empobrece o mundo que perde: ternura, sensualidade, maternagem, acolhimento, cuidado, faceirice, sedução e autodefesa viril.
Como o homem, o masculino, consegue anular a força da mulher, se todos carecem do devir mulher?
Não realizaremos um estudo, deixaremos aqui, a palavra do Nietzsche e lúcida compreensão de como os homens lidam com as mulheres:
- " Até agora, as mulheres foram tratadas pelos homens como pássaros que, provindos de alguma região excelsa, junto a eles se extraviariam: como algo muito delicado, mais vulnerável, mais selvagem, mais extranho, mais doce e mais cheio de alma - mas como algo que se precisa trancafiar para que não fuja voando" 237a, In Além do Bem e do Mal.
Deixa -nos Nietzsche sugestivas pistas sobre o devir mulher ( delicadeza selvagem, doce , cheia de alma) que é inibida nos seus vôos de se devir linhas de diferença, sendo engaioladas..
Ficando para todos uma nova pergunta: qual é a gaiolla que me aprisiona e me afastada das minhas potências?
.... Oh! pobres mulheres quão violentas, doutras vezes quão sedutoras são estas tristes gaiolas...
Nelas, se canta sempre um canto melancólico, um lamento, uma tristeza: saudade do território excelso do devir mulher
Se todo devir é minoritário, pode-se, facilmente, perceber os movimentos majoritários que exercem o controle e moblizam as capturas...
No devir mulher, é inegável as capturas do machismo, majoritário.
O próprio podder fálico, a dominação masculina e a submissão histórica das mulheres forjam um campo estriado e cheio de controles e capturas.
A exclusão do mercado, ou,hoje, desvalorização salarial, a dupla jornada de trabalho, os assédios sexuais e a violência doméstica executtam uma função de manutenção do instituído: a dominação do homem, a posição servil da mulher, o falocentrismo, a monogamia feminina e a poligamia masculina, uma sexualidade genital-orgástica. E este modo de existir inibe o devir mulher...
Empobrece o mundo que perde: ternura, sensualidade, maternagem, acolhimento, cuidado, faceirice, sedução e autodefesa viril.
Como o homem, o masculino, consegue anular a força da mulher, se todos carecem do devir mulher?
Não realizaremos um estudo, deixaremos aqui, a palavra do Nietzsche e lúcida compreensão de como os homens lidam com as mulheres:
- " Até agora, as mulheres foram tratadas pelos homens como pássaros que, provindos de alguma região excelsa, junto a eles se extraviariam: como algo muito delicado, mais vulnerável, mais selvagem, mais extranho, mais doce e mais cheio de alma - mas como algo que se precisa trancafiar para que não fuja voando" 237a, In Além do Bem e do Mal.
Deixa -nos Nietzsche sugestivas pistas sobre o devir mulher ( delicadeza selvagem, doce , cheia de alma) que é inibida nos seus vôos de se devir linhas de diferença, sendo engaioladas..
Ficando para todos uma nova pergunta: qual é a gaiolla que me aprisiona e me afastada das minhas potências?
.... Oh! pobres mulheres quão violentas, doutras vezes quão sedutoras são estas tristes gaiolas...
Nelas, se canta sempre um canto melancólico, um lamento, uma tristeza: saudade do território excelso do devir mulher
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