sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ARTE, DESEJO E CULTURA

                                                                           JORGE BICHUETTI

A arte é fundamental no processo de produção da vida.
Vivemos, e produzimos arte que sustenta a lida com o real e com o virtual, com o concreeto e com os nossos sonhos.
Nela, a dor sangra e se  desfaz dos focos pestilentos da destrutividade.
Nela, igualmente, a alegria encanta e fortalece a vontade de vivê-la e realizá-la.
Freud somente a percebia na sua função superior de sublimação.
Para ele, ela era somente o produto dos desejos inconscientes reprimidos.
Era a válvula de escape...
Ele a via como um fruto do angústia humana que não suportava a castração. Ela, então, servia de compensação para o desespero de um homem fadado à infelicidade.
Este homem estaria sempre numa luta fraticida, se a arte não sublimasse os seus desejos proíbidos.
A angústia vinha das suas perdas: a perda do prazer oceânico do útero materno e a renúncia do amor edípico pelo medo da castração.
Um homem e uma sociedade: narcisista, falocêntrica, e repetitiva dos conflitos básicos nunca superáveis.
Deleuze-Guattari,, com a sua concepção de inconsciente produtivo e desejante, dá um outro lugar para a arte.
O desejo é construtivismo e a arte, produção criativa...
Não se reproduz o passado permanentemente, cria-se novas rrealidades e novos sentidos. a vida bifurca e se reinventa...
O inconsciente tende à produção permanente do novo e sendo o novo ameaçador para o status quo, esta produção é vigiada e controlada...
A arte é uma potente ferramenta do inconsciente que através dela, se libera das restrições normativas, e produz linhas de fuga que são linhas de afirmação da vida na sua potência de geração do novo, do inétido e do inusitado.
Assim, para eles, a arte cura... não simplesmente por seu efeito purgativo. Ela cura porque nos possibilita a subjetivação e singularização da vida.
Dá expresssão ética-estética a nossa própria diferença.
E mais: atualiza virtualidades que somente se revelavam como garatujas na imaginação, na fantasia e no sonho... Já que é em si o novo impensável.
O surrealismo andou por estes teritóorios de fecundas criações inovadoras.
E hoje a clínica nos mostra o que pode arte, não apenas na reabilitação psicossocial dos ditos loucos, mas como intensificação, potencialização, diversificação e singularização na vida de todos nós.

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