sexta-feira, 15 de outubro de 2010

POESIA: REDEMOINHOS E TROVOADAS

                                                                            E AGORA?
                                                                                         JORGE BICHUETTI

Viveste tudo: toda vida e algo mais...
Comeste o pomar e calado, não
beijaste nemhuma semente...
Sugaste o mel das flores, e só:
não sentiste o perfume no ar,
nem viste as abelhas e seus vôos...
Viveste tudo: gol impedido,
gozo roubado, carta falsa
e a vida seguindo a tua valsa...
E agora? desnudo, amarelado
e agonizando, que farás?
Uma pedra ou um ombro
recolherá tuas cinzas,mas
nenhuma nuvem agasalhará
teus sonhos... Viveste tudo e tanto
que nunca tiveste um minuto
ou a valentia de sonhar!...

Oh! pobre amigo, só os sonhos não  passam,
só eles - os  sonhos - nunca morrem...


TROVOADA
JORGE BICHUETTI

A chuva caiu bruta...
Trovoada!...
Tive medo....
A canoa, não;
o rio é a sua casa.




                                                             REDEMOINHO
                                                                                      JORGE BICHUETTI

Voando sem asas,
sou uma pipa dada ao vento,
sonhando o destino
dos pássaros e das borboletas
que sabem da árvore e da flor,
e, assim sentem-se seguros...
Não há solidão... há uma espera...

No redemoinho, mora o coração
da aventura... Na poeira, há um bailado
nos compassos dos desatinos... Uma vida
ou uma morte, um deus ou um corrisco,
um tudo ou um nada.... Um místerio
nas piscadas da encruzilhada!...



                                                                 MINHA CASA
                                                                           JORGE BICHUETTI

Deitado na relva orvalhada,
aspirando o perfume da noite
que partiu,sem ir embora;
sonhando com jardins encantados,
escondidos na maciez das nuvens...
Ouvindo o sabiá e os assobios do vento,
alucino tua presença e na loucura orada,
 teu abraço é minha casa...



                                                   AMOR
                                                      JORGE BICHUETTI

Se amo, sou colibri... esquecido, carrapato... O amor, mesmo, é penas voando no ar!...




6 comentários:

Josiane disse...

CRIAÇÃO

Enquanto ouço a enxurrada escorrer pelas gretas da rua,
Deslizo ondulamente meus dedos sobre o papel vazio
Na esperança de que sentindo-se acariciado,
Possa gerar e dar a luz a um lindo poema.
Mero engano...
Pois, enquanto acaricio o papel,
Nada em sua superfície emerge,
Continua mudo e pálido.
Mas...sinto algo!
E sentindo é que escrevo.
E chovendo é que escorro.

EU-CHUVA

Eu queria ser como a chuva.
Essa coisa que nasce de uma nuvem,
Cai cantarolando,
Escorre dançando, e
Vai embora, pela rua, brilhando.
É de uma constância tão estranha, ouvi-la:
Parece ir molhando os pensamentos,
Enxarcando os sentimentos...
Faz criar lodo nas lembranças!

Anônimo disse...

Nunca conversei com o Dr. Jorge Bichuetti. Sempre o admirei. Diante do blog, vejo a admiração ainda maior. Epifania?! Sim! E P I F A N IA!

Li texto por texto. Ainda não conheço o Dr. Jorge Bichuetti. E o admiro sem conhecer, mas o Jorge aqui postado dispensa apresentações. Ainda não oconheço o Dr. Jorge Bicuetti, seria uma honra conhecer. Até que isso aconteça, vou me deliciar da epifania de aqui estar.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Janaína, nos conhecemos pois o seu carinho me diz da sua alma especial e terna, e partilhar estas conversas no blog é uma grande alegria; e, um dia,, dividiremos um café. um abraço com carinho jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Josie, poeta-terapêuta: amiga e irmã... vamos voar ainda muito... e não nos impediirão de bailar e cantar nos territórios dos sonhos. Lá os opressores se calam e choram a vida perdida e as vidas maltratadas. jorge

Unknown disse...

Gostei muito da sua poesia Redemoinhos e Trovoadas,ás vezes nos vemos entre redemoinhos e trovoadas. Assim são as passagens de nossas vidas. Precisamos sempre estar desviando-nos de redemoinhos e trovoadas.
Abraços
Helidamar

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Heilidamar, viver é resistir... As flores pedem cuidado com os espinhos e o caminho com as pedras e abismos. Podemos ser felizes, simplificando nossos sonhos e aproveitando as experiências como aprendizagem.Abraços com ternura e carinho imenso jorge