Jorge Bichuetti
No quintal, respiro e voo... Num voo solitário, me sinto povoado pela revoada de andorinhas que, embora, não as vejo, sei... ali estão... Como toda passarada, canta a morte - passagem, encantamento - do grande mártir Sócrates, herói na luta pela democratização do Brasil, líder da democracia corinthiana... Disseram que ele morreu de cirrose hepática, assim, declara a voz da medicina... No canto dos passarihos e no perfume do meu roseiral, escuto entre versos de louvor que tornou-se encantado, como vida que se doa... Ele, alegre e guerreiro, se deu à luta... Morreu de vida e luta... No céu, agora, é estrela... e brinca de bola com o menino Jesus... Conta para o pequeno na Fiel aprendeu o que é a força de uma paixão... Gaviões e pardais, sabiás e patativas... trinam, sinfonicamente, uma Ave, Maria mesclada com sambas e baladas...
A morte é uma transação solitária - este é o nome de livro de suspense...
Será?... Os psicanilistas dizem que ela é inominável...
Guimarães Rosa diz que é só um encantamento...
A verdade é que ela nos deixa com lágrimas de saudade e com um sério compromisso de manter vivo as vidas que passam semeando as floradas de um novo tempo...
Nos deixam heranças... Deixam vazios...
Fica a necessidade de que carregamos as lições aprendiadas e que nos desdobremos para que a morte não seja capaz de apagar a história, a vida, então, é vida que passa a estar nas nossas mãos...
Povoemos o nosso país com os filhos que na luta, exaltaram a liberdade e a dignidade das vidas que brotavam, brotam e brotarão no ventre da nossa mãe gentil...
Muitas vezes, me pego choroso dos que partiram ou se encantaram... depois, me descubro com uma coletânea de lições e exemplos que eu ainda não dei materialidade na minha vida e caminhada...
Me sinto, então, como aprendiz que clama pelo mestre... pedindo novas lições, antes de ter dado vida às lições recebidas...
Assim, ao Sócrates: nossa gratidão...
E a sabedoria de Rosa: "Saudade é ser, depois de ter"...
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4 comentários:
Bela homenagem! A morte é algo para a qual nunca estamos preparados, ou, talvez, seja a saudade que vem depois que não sabemos equacionar...
beijo grande
Anne
Por quem os sinos dobram?
Sonzinhos...
Você ou eu...
Todos nós
Vamos jogar...
Uma roleta russa com a morte
Uma bala, duas balas, três balas...
Até encher o tambor...
E dobrar os sinos da história.
Se a morte for um encantamento?
E tivermos deixado pelo menos saudades
O tempo se encarregara de apagar
De preencher todo nosso vazio.
Para onde iremos?
Talvez não exista “nada além do esquecimento”
Mas se a alma é eterna?
Os sinos só dobraram por um corpo.
Que nem “Sócrates” ou Platão
Conheceram tal mistério...
Jorge! Amei a sua homenagem a este
Grande Brasileiro. Que o Senhor Jesus!
Renha misericórdia de todos nós
Anne, ou as duas coisas; um extranhamento e depois, um vazio... que o tempo preenche com floradas de carinho.
Abs ternos, jorge Bichuetti
Metalurgia das letras - linda poesia; entre a dor e a poesia voa novos sonhos. abraços ternos, jorge
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