quarta-feira, 31 de agosto de 2011

DIÁRIO DE BORDO: AMOR É CAMINHO DE PARTILHA E SONHOS...

                                                       Jorge Bichuetti

Galos, pássaros apressam a manhã... No quintal, entre o místico e o poético, me peguei adorando o céu estrelado, vendo os álamos bailando como se cortejassem as estrelas... O cheiro do orvalho umidecendo a terra, nos traz , de volta, a vida de antes... Éramos amigos da natureza; nela e dela vivíamos... Alguns minutos de serenidade no silêncio do alvorecer para o tempo... Sinto nas sombras da penumbra matinal... os guerreiros Caiapós, habitantes desta terra... Os reverencio... 
Em casa, meu cafezinho e os festejos da Luínha... Não dormiu comigo: custo e venço meu narcisismo e meu amor edípico... renuncio meu ciúme e não investigo a razão...Brinco e sentimos que nos amamos . Isto basta...
O amor é um campo da fica que costumeiramente acidificamos, transformando-o num deserto existencial... Ciúme e mágoa... Controle e ressentimentos... Dominação e servilismo... Triangulações e lágrimas... Traição e paranóia... Amamos , contaminando o amor com nosso individualismo e com os leis do mercado - monopólio, mais-valia, exploração, leis de exclusividade e juros... Juros, sim; negamos o amor-doação; vivemos o amor-dívida e transformamos o diálogo num permanente movimento de cobranças onde monetaristas sobretaxamos o outro com nossas exigências descabidas...
Amor é doação e compreensão...
Nos burgueses  e nos proletários, na classe média ou nos camponeses, o amor, se amor, é sempre socialista... é o brilho e o encanto dos encontros que se consumam na conjugação do verbo reflexivo dar-se...
Dar-se presença e carinho, carícia e cumplicidade... Dar-se alimento e vida.... Dar-se poesia e sensualidade...
O amor é ato ativo de vivaz de generosidade... Ele é alérgico: alérgico ao individualismo, ao narcisismo, ao orgulho e ao egoísmo...
Se o queremos, estejamos abertos, pois o amor é ato- processo criativo e surreal...
Não se enquadra na lógica matemática, nem na lógica dos estriamentos lineares da vida quadriculada do Capital...
O amor é potência, fluxo... produção de vida. Vida abundante e de alegria...
Nunca, penso eu que saberemos, assim o é: nunca saberemos se ele é um encanto e um encantamento das estrelas e do luar ou se é ele que encanta com a sua magia o céu estrelado...
O amor é a flor da janela; a serenata bela... a singela caminhada de mãos dadas...
O amor é expansivo: os apaixonados, que não temem o amor, mergulham no oceano da compaixão, e intensificam a alegria do romance,tecendo-o uma epopeia que se desdobra num intenso e fértil amor à humanidade...
Amor é caminho de partilha e sonhos....
Semente, sementeira... um semear, um celeiro...
Não floresce longe do caminho onde os corações no amor se reinventam e se consubstaciam... tornam-se vidas partilhadas...
Não voa, não atinge os cumes da imensidão longe dos sonhos... pois, o amor é sonho de vida que se renova e procria na fertilidade dos sonhos azuis que se eternizam na capacidade de alados pela comunhão da ternura se reinventarem corpos e almas conectadas na produção da aurora ... Aurora que tecem e aurora que os tecem na ternura do amor que se renova no alvorecer - clarão e clareiras do caminho... da vida parida na alegria de ser um... e  ser multidão...


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