Os sinos badalam; embora, os passarinhos permaneçam quietos... Os conheço; o vento frio lhes deixam mareados de sossego no aconchego amigo das árvores maternais... Céu azul, claro... Abraço minha Lua e vejo que a Luínha nota minha lentidão... Há um friozinho no ar; que pressinto logo ceder ao fogo do calor ardente do sol de cerrado. Escrevo vagaroso... Porém, alegre me coloco em sintonia com a vida e a penso...
No dia-a-dia, a vejo de diversas cores na aflição que maltrata os que carregam dores e espinhos... dores e espinhos, marcas do caminho.
Acelerados, cheios de afazeres e com pouco tempo, somos uma humanidade ansiosa...
"A cada dia basta suas preocupações" - hoje, tem sido uma lição distante... Sobrecarregado de preocupações, o ser humano sente o peso da contemporaneidade... Um mundo tenso, de vida agitada, carga horária excedente nas ocupações estressantes do dia-a-dia; quase nenhum tempo para a vida interior e as relações de amizade... E, raramente, conseguimos alguns minutos para ócio... Na agitação da vida moderna, pouco a pouco, nos consumimos... Quando acordamos já estamos adoecidos...
Adoecemos na ansiedade, na velocidade de uma vida sem freios... Preocupamos com o futuro, deixando o presente ir-se sem que o desfrutemos...
Atolados nas obrigações diárias, nossa vida foge de nós... sem que possamos vivê-la na intensidade da alegria e da paz, da serenidade e da ternura... Vamos ficando desvitalizados... Excessivo desgaste; quase nenhuma reposição...
A Internet... e o celular... a TV... nos globalizam: tudo sabemos, tudo conhecemos; enviamos emails, compramos à distância... E ficamos com a sensação de que nossa vida é vida povoada... Um dia, contudo, as dores e angústias nos consomem e nos vemos num deserto... Deserto árido e que ainda nos penaliza com um sentimento de culpa... A sensação é de já não temos potência, serventia e um horrorosa impressão de fomos os exilados; estamos num fora... incapazes de acompanhar o frenético do existir moderno e, assim, despovoados...
Para que não sejamos consumidos pela vida robotizada e frenética, azulemos nosso existir... E para azular nossa vida, gerenciemos nosso tempo abrindo espaço na vida para a nossa subjetividade, para as linhas da alegria e da paz...
Observemos: quanto minutos por dia tiramos para encontrar os amigos e dialogar?... quanto nos sobra para uma boa leitura, para ouvir música, ver um filme?...
A vida de nossas crianças analisa o mundo e como o tempo vem sendo consumido, criando um insuportável nevoeiro existencial... Elas levantam... vão ao colégio; depois, ao estudo de um idioma... academia, conservatório, tarefas escolares... O tempo restante ficam hipnotizadas numa tela de computador ou de TV...
Criámos uma vida sem tempo para o encontro, para o brincar, para o relaxar-se...
Não contemplamos o verde das matas nem aspiramos o perfume das flores... Não nos permitimos dialogar com o luar, com as estrelas... nem temos tempo para, mergulhando no horizonte azul, asserenamo-nos...
Robôticos, estressados, repetitivos... com vida cronometrada... Vamos acinzentando o cotidiano...
Fujamos desta vil e cruel destinação... Azulemos nosso cotidiano...
Ousemos quebrar a rotina.... Roubemos um pouco de tempo da vida cinza, para viver azulados... azulados pelo belo e singelo da natureza que nos tranquila o coração... azulados pela alegria dos bons encontros que nos potencializam na arte de existir, povoando de vida as nossas vidas... azulemos, buscando a serenidade de viver com intensidade o presente, evitando antecipar ansiosamente as preocupações do futuro...
A serenidade e paz, a ternura e a alegria florescem no caminho... mas, não as encontramos se no existir atropelamos o nosso próprio coração, silencionando-o... não as encontramos se atropelamos a própria vida , sucateando-a com a repetição de uma rotina onde não há espaço para nossa humanidade, nem espaço para que nossa humanidade possa alçar voos na amplidão...
2 comentários:
Jorge, sim vamos azulando nosso dia e lembrando que ele é um presente para nós!
Abraços...com ternura...Mila.
Mila: viver alegrando-se por coragem... Com carinho, jorge
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