A Luínha dorme... O silêncio domina a noite... Nem mesmo os ruídos dos que na noite tecem a própria vida soa... Tudo é silêncio: Quietude, sereno... O cheiro da terra evapora-se nostálgico... Quanta solidão!... O luar entre nuvens me parece um amor longínquo... inacessível. Respiro o ar da manhã... O sol tarda, os sinos dormem... Os pássaros aninhados, guardam seus voos para um depois... Só eu velo... Barco sem velas ; barco sem vela... Quase triste me deparo com a poesia da flor que canta silenciosa no galho da minha tão querida roseira...
Somos obras em construção, inacabamento, tarefas: um permanente aprendizado.
A rosa na solidão da noite perfuma...
A rosa na escuridão do sua própria solidão ergue-se altiva e bela...
A rosa vive para rosear...
Confia nos raios do sol que chegarão com o alvorecer; compreende o voar livre e andarilho de pássaros e borboletas... Convive com as ervas daninhas que medram no chão que ela brota... as olhando com carinho e ternura, como se compreendesse que, na vida, dá o que possui de melhor...
A rosa ama... ela canta entre espinhos a poesia do amor.
Eu, aqui, escrevendo com o peso das minhas dores, me envergonho... A vida não é o neón artificial que clareia energizado por um fora que o alimenta; a vida é o prodígio dos que brilham, consumindo-se para que a luz não escasseia a ponto de que a esperança feneça...
Podemos sempre... fazer um pouco mais...
Podemos sempre... ir adiante, dando alguns novos passos, no esquecimento do peso nos ombros, animados pelo horizonte azul que é Maiakowisky e diz: gente é feita pra brilhar...
Não se consegue brilhar na paralisia das contas aritméticas das dificuldades e limitações; brilhar é ato de coragem e esperança; é perseverança...
Não se consegue brilhar na apatia de quem espera as condições ideais... o cenário perfeito; brilhar é ato de doação e generosidade de quem guerreira pela luz nos entreveros da escuridão...
E para brilhar, cada um, necessita descobrir seu brilho...
Muitos dirão: não o tenho. Falsa humildade, auto-rejeição... Humildade é a nossa consciência de pequeninas peças na sinfonia universal da imensidão; não é negação do próprio valor...
Brilhemos no caminhar, no sorrir, no partilhar, no dar-se... no ser palavra e silêncio; canto de ternura e grito de indignação... Brilhemos no carinho ofertado, na carícia partilhada... Brilhemos no trabalho, no prosear... no cantar com alegria a beleza da vida que é arte de clarão e clareiras para que se germine nos encontros a potência do alvorecer de um novo tempo no coração do homem...
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