segunda-feira, 29 de agosto de 2011

POESIA: CALVÁRIO NOS BECO DA SOLIDÃO

                             CORPO NEGADO
                                       Jorge Bichuetti


Caído no chão, cego 
vejo olhares;
intimidado, encolho 
quase fetal 
e a vida negada pulsa 
na minha pele,
sem que eu possa 
dizer mi'a história, 
meu nome, caminhos 
e sonhos...
perdidos nos vendavais...


Sou da vida a lágrima...
que segue na correnteza
como escória indesejada
no lamaçal da exclusão...


Sou... o corpo negado, 
corpo maltratado;
que só na noite encontra 
um pouco de paz,
mirando o céu estrelado, 
onde cantam as profecias
e os sonhos de libertação...


No mundo, eu sou um nada;
mas, ora na minha indigência,
rogando aos céus que a morte
não chegue antes que eu possa
renovar minha pobre esperança
no singelo calor de um abraço...


              OCA, MALOCA...
                         Jorge Bichuetti

Da rua, tenho, por leito,
as folhas secas das árvores
e envelhicidos jornais...
Esquecido, não não sou visto;
penso até que mi'a vida
é adereço da noite
onde meu coração pulsa
humanizando os restos,
o lixo e os entulhos,
das vidas glorificadas...

Vivo só... só caminho,
entre espinhos e pedras...
mas, adormecido sonho
com o luar que me vigia,
com as  estrelas que me embalam...
e sonhando até creio
que um dia... já não serei
um anônimo excluído...
encontrei u'a oca, maloca
no horizonte azul... e ali
nos pés do Altísssimo,
eu que nem sei rezar...
beijarei os seus pés
e apenas lhe direi:
Senhor, eu também fui na vida
um pobre crucificado...


                                    ESTE SANGUE...
                                          Jorge Bichuetti


Este sangue empoçado,
já correu nas mi'as veias e
era vitalidade, força e fé
no caminho...
Depois, de açoitado,
meu sangue é mancha no asfalto;
e na mi'a veia corre as lágrimas
da vida que aviltada,
é rio de agonia
entre os espinhos da terra
e o choro indignado
que contrái, ondeando,
o azul celeste do mar...


Este sangue... empoçado
é sangue da humanidade...


07 DE SETEMBRO - 9:00 - NA PRAÇA DA IGREJINHA SANTA RITA...
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        O GRITO DOS EXCLUÍDOS

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