quinta-feira, 18 de agosto de 2011

DIÁRIO DE BORDO: O RENASCIMENTO DO HUMANO

                                                      Jorge Bichuetti

Olho e me encanta o vigor dos álamos... Altivos, gigantes; são acolhedores... Nos seus frágeis braços, ninhos de andorinhas procriam os voos futuros e o céu com seus bailarinos. Pois, não resta dúvida que os passarinhos são no seu existir uma escola de liberdade. Os sinos badalam a canção do amanhecer... Um novo dia: caminhos, sonhos; lições... A Luínha adormecida me enternece... Aliás, a natureza é encantadora...
Vivemos um tempo de pujança do tecnológico: somos robôticos...cibernautas, existências no novelo da técnica... A técnica é um acessório que teria por tarefa dinamizar o humano... O capitalismo em crise na pós-modernidade suprimiu o humano... Não a mais-valia; não a exclusão... A voz humana, o perambular humano; o sentir humano; o sonhar humano; o lutar valente e destemido do humano...
A internet nos ilude... tudo sabemos, nunca nos encontramos. O encontro humano é energizante, vitalizante, fecundante...
O sexo é livre; porém, com mordaças e acorrentado na liquidez das inviabilizações do vínculo. O vínculo é humanização que coletivizada se potencializa na criatividade , na rebeldia e na insurgência: gera de vida de mudanças...
Num mundo de espetáculos, de dissimulação e de liquidez... a exploração e a exclusão são forjadas como invisibilidades... e se as dores são ocultadas pelo véu de neón da vida maquiada  e perfumada , longe dos jardins... vai gerando-se um existir onde a compaixão e a solidariedade são secundarizadas. Vida de desumanidades... De lágrimas sintéticas; risos ortopédicos... O homem , longe do humano...
Urge rehumanizar o mundo já...
Ser humanidade é ser no caminho e caminho... é ser de partilha e partilha... é ser de amor, para o amor e o amor...
Se humanizados, somos indignação diante da injustiça; alegria e celebração na produção criativa que afirma a vida libertária e de igualdade...
Somos, então, a ternura... que cuida, que acolhe, que é cúmplice, que caminha...
Rehumanizados, não seríamos mais marionetes...
Rehumanizados não seríamos mais o triunfo abstêmio que sobriamente desfila nas passarelas da vitória e das conquistas...
O humano é agente da vida e da vida que se quer libertação...
Muitos não compreendemos o que ocorre com o corpo humano... Deprimidos, panicados e dependentes químicos... com fibromialgia, dores generalizadas, cefaleia... com câncer e degenerados.... somos o corpo humano que não suporta nem comporta a dissociação entre o existir e o humanizar-se...
Nosso coração pulsa clamando por vida de verdade... Não simulacro de vida, vida dissimulada...
Nosso coração é passarinho que sente solidão e nostalgia, pois vive longe da sua tribo... voa só na imensidão, sem cais e sem ninho.


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