sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CAMINHOS DA UTOPIA NA CONTEMPORANEIDADE

                                          Jorge Bichuetti

Acolher é incluir, com ternura e solidariedade, compaixão e cumplicidade... O acolhimento não é técnica, é vínculo; não é protocolo, é encargo; e não é relação líquida, é corresponsabilização...
A relação entre as elites dominantes e os oprimidos, entre as políticas públicas e os excluídos, muitas vezes, recusam a potência libertária do acolhimento, e já não conseguindo governabilidade sem dar resposta às dores do mundo e da vida, tendem a criar mecanismos que visam tornar invisíveis os que com suas chagas e lágrimas revelam a perversidade da realidade de exploração, opressão e mistificação que sustenta a ganância , as riquezas e privilégios de poucos às custas da marginalidade e miséria, exclusão, da maioria...
Tornar invisível é excluir com "cuidados" estigmatizantes, segregatórios e restritivos.
Cala-se a dor... evita-se a indignação... alimenta a apatia e a acomodação... e assim perpetua-se a desumanidade que existem nestas realidades...
As cifras computam serviços prestados... Não dão espaço e voz, auto-determinação... direitos de cidadania... liberdade e inclusão...
É preciso repensar nossa realidade...
A despersonalização do cuidado como técnica, protocolo e produtividade gera a invisibilidade dos que sofrem... Somente a escuta, o diálogo e as ações coletivas que possibilitem a intervenção dos oprimidos e excluídos como protagonistas reverterá o perverso neoliberalismo... e os microfascismos que na capilaridade dos encontros interpessoais e na violência social institucionalizada acionam os mecanismos da morte civil, para calar a indignação e rebeldia que se fazem necessárias e vitais na luta pela superação das injustiças sociais.
Urge retomar a prática política como prática na luta social... uma vez que ela hoje legitima a invisibilidade das chagas e dores da exclusão focando-se na luta burocrática no interior dos aparelhos partidários e do estado...
Dar visibilidade aos problemas e resgatar a capacidade de sonhar e lutar pede um giro... que voltemos nosso olhar e nosso agir para o trabalho com os grupos excluídos, para que assim num devir comunidade possamos, então, caminhar com a vida que se deseja vida de liberdade e paz, justiça e amor...
E aqui parece eloquente o pensamento do Subcomandante Marcos: " Não preciso conquistar o mundo. Basta fazê-lo novo. Hoje.. Nós"...


2 comentários:

Mila Pires disse...

Jorge, penso o acolher como aconchego...em um humanizar profundo...que poucos o sabem...
E nós, em continuidade com o tempo presente, nos encontramos no hoje.... sejamos pois felizes...buscando o crescimento bio, psíquico, social e espiritual.
Abraços...de aconchego...Mila.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mila: creio na sua reflexão e vejo no seu carinho as mãaos da vida que me cuidam, muitas vezes, sem mesmo saber das lágrimas... mila-devenir acolhimento no meu cotidiano, obrigado e meu terno abraço, jorge