Jorge Bichuetti
No quintal, a vida e seus paradoxos... Ali, estive. Mirar o céu estrelado e o luar; ver o verde e o sereno me inspira a recomeçar um novo dia com a alegria de buscar o amor e a paz, a ternura e a compaixão, a justiça e a solidariedade. Para mim, a natureza é um livro que dialoga e e muito me ensina... A Luinha, já dona de si, muitas vezes, fica dormindo... A madrugada lhe aconchega no reino dos sonhos; e sei que os sonhos são outro livro valioso onde estão escritos o que o racionalismo e o pragmatismo roubou da humanidade... assim, respeito seu sono. Fui, só... Queria ver a roseira... Nunca havia passado tanto tempo sem um cacho de rosas... E os encontrei. A Minha peralta roseira se mesclou com os galhos dos álamos e ali, como se nascessem deles, há dois belos cachos de rosas... Cheirosas, mimosas... Meu barulho espantou as rolinhas que dormiam sossegadas... Vagarosa, sai... e vim. Vim com u'a inquietação recorrente.... A humanidade, nós, somos pródigos em criar divisões, guerras, exclusões... E ali num cantinho de quintal, a vida revelava-me, novamente, o que pode o amor...
O amor é força de agregação, cria elos, fertiliza... encanta e suaviza... enternece... e gera comunhão. Ele - o amor - é a antítese da intolerância, é compreensão mútua... união. A pluralidade e a diversidade, no amor, germinam e florescem cheias de brilho e paz.
Muitas vezes, pensamos a vida e até sonhamos com a inclusão social... mas, o máximo que alcançamos é pensar no que o outro vive como falta, no que lhe negado, no que lhe extorquido... Ali, percebi que inclusão social é convivência, é vida partilhada...
Descobri que a solidariedade é muito mais do que um ato de doação; é composição na diversidade para tecer elos e abraços que germinem no encontro a sinfonia da paz...
Ali, todos sabiam que o sol não é propriedade de ninguém, e que ele se levanta para que sua luz seja luz de todos...
Na vida, muitas vezes, nos equivocamos... queremos dividir o sol e reparti-lo... fatias de sol, mantendo a distância entre os seres e a vida.
Até admitimos que todos devam ter a sua fatia de sol... Mas, nunca perguntamos ao venerável astro solar se ele se sente cômodo sendo fatiado pelas mãos segregacionistas do ser humano.
Ali, lições... Nunca consegui agasalhar minha rolinhas e pardais... Coloquei iscas, petiscos, oferendas... E nada. Porém, a convivência harmoniosa da roseira com o álamo lhes deram a garantia de que o quintal era do sol... Como eu, também, nada mais sou do que um simples comensal dos frutos solares...
O amor tudo pode...
Ele modifica a existência: socializa a vida na comunhão afetiva da ternura que é acolhimento e partilha.
Creio, agora, que o novo e a mudança... que o milagre da vida remoçada na solidariedade viva e ativa... nada mais é do que um singelo produto das germinações do amor.
Do amor - língua dos anjos; poesia do cosmos; arte e artimanha da vida que se plenifica no encontro que é alegria e paz...
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