quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DIÁRIO DE BORDO: PELO FIM DE TODA TIRANIA...

                                     Jorge Bichuetti

Noite estrelada... Aconchego meu coração, como se conseguisse descansar, por alguns minutos, nos embalos ternos da nossa Avó Lua... Luínha resmunga; sente sono... talvez, um pouco de preguiça... Esta preguiça matinal que é um patrimônio da humanidade: muitos a sentem... Viver é menos difícil do que acordar, erguer-se e, por teimosia, caminhar...  Me olha ciumenta, quando me nota deslumbrado com as belezas dos álamos... A compreendo, ali moram, de pousada, os passarinhos que ela julga invasores do seu diminuto mundo, do nosso encantado quintal...
No pensar, acabo me deparando com algo que me inquieta sempre... As nossas pequenas contradições...
Alegro-me com a queda dos tiranos que pouco a pouco vão sendo destronado pela primavera árabe... Me encanto os indignados da Espanha, os jovens lutadores do Chile...
Creio que isso se passa com todos nós... Sonhamos com um mundo de liberdade e paz, queremos justiça social e relações novas, solidariedadee ternura...
Olho e, rapidamente, concluo: amamos a luta pelos direitos humanos e pelo direito à diferença... almejamos um mundo sem tirania...
Todavia, frequentemente, somos, sem que percebamos, pequenos tiranos no correr do cotidiano...
Relembro, como se o escutasse, Deleuze: " não quero ser a má consciência do mundo."
Filósofo cuja obra é atual; porém, que esta assertiva traduz uma velha lição: "não julgueis"...
Não nego, pelo contrário, admito com profundidade o valor da criticidade... Mas, aqui, falamos de algo distinto... Falamos da nossa mania de se colocar diante do outro como um superego tirânico, que inclemente julga e condena, nunca procurando compreender...
Somos pouco propensos a aceitar as limitações da humanidade que habita o outro tanto quanto nos habita...
Gastamos demasiado tempo cuidando da intimidade alheia... Críticos, moralistas, donos da verdade... Assim, nos colocamos na vida com exagerada frequência... Nosso prosear é permeado de rigorosos e cruéis vereditos...
Erros, equívocos, quedas, limitações são vistas por nós e as olhamos sem generosidade, sem compaixão, sem amizade... Valores éticos que cremos quando acertadamente nos encolerizamos com os tiranos...
Contudo, somos permissivos com nossas pequenas, mas maldosas, tiranias...
Condenamos, decapitamos... desmoralizando, ridicularizando, humilhando...
O ser humano é inacabamento... Precisamos de compreender os limites e as limitações da nossa humanidade...
E esta reflexão vem para que nos despertemos, pois fazemos o mesmo no ato de cuidar de si...
Aliás, não cuidamos de nós mesmos... Não nos aceitamos, não nos compreendemos... Pequenos tiranos carregamos nossa vida com o peso da culpa e do ressentimento...
Quantas vezes, inconscientemente, nos sabotamos... mobilizados pelo necessidade interna de punição, punição decretada pela nossa tirania doméstica.
Não somos onipotentes... Precisamos parar de mutilar nossa vidas, depondo o nosso tirano interno...
Viver é caminhar; caminhar é experimentar... Caídos, reergamos com a valentia do sonho de quem almeja o horizonte azul da utopia ética; mas não nos martirizemos... a autoflagelação, presente em tantos adoecimentos, revela o nossa tirania que clama por uma primavera de libertação...
Convivamos, com o outro e conosco, no clima da poética de Fernando Pessoa: "Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do Mundo...".
De fato, podemos dizer... pouco sou, "mas tenho todos os sonhos do mundo "



9 comentários:

Anônimo disse...

Pra que lembrar desse descabeceado?
De

CLARA disse...

Dr. Jorge, faço das palavras do livro "Carta entre amigos" do Padre Fabio de Melo e Gabriel Chalita" as minhas "Suas palavras funcionam como chaves. Abrem quartos escuros de minha morada interior, lugar que me fazem retomar, trazer à consciência. Processo maiêutico que faz vir à luz oque em mim insistia em permanecer velado, não nascido."
Obrigada pela chuva mansa que suas palavras representaram na minha tarde de hoje e sempre, momento em que meus olhos puderam ver que o brilho nos seus olhos será sempre a luz do seu coraçao.
Muito obrigada

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Denise: é u'a ulustração que se relaciona com o texto; o eu-tirânico... abs ternos, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Clara, somos amigos do caminho... caminhos dos sonhos belos , poetizados na voz do vento... abs ternos, jorge

Anônimo disse...

Dr Jorge, Denise

Charles Chaplin fez esse filme "engraçado" e sua genialidade marcou para nunca mais esquecer, este monstro.
No mundo existem centenas de tirânos, mas esse aí deixou uma marca que atinge e praticamente inspira gerações.Ele deveria ser obrigatóriamente esquecido por toda a humanidade.Castigo, castigo.

Anônimo disse...

Kd minha resposta. Vc anda impossível.
Já tenho receio de esscrever aqui além de acreditar na tirania para o bem.
De chorosa.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Queridos amigos: não pensem que neglegencio meu carinho... domingo estive de cama... e hoje o blog só começará suas postagens pelos trabalhos de carinho da luta que me ocuparam,,,, assim peço perdão por não conseguir ser e atendê-los a contento... é a luta, não é desamor nem desatenção... por exemplo, agora, estou lutando por manter a utopia ativa com um computador bichadoe eu nesse louco noot... tenho minhas dificuldades... e meu amor ao sonho de partilhar nossas lágrimas e sorrisos no caminho da libertação, abraços a tos com carinho... minha ternura eterna; jorge

Anônimo disse...

Meu querido,
Fico triste quando vc conta que está acamado, ou ficou acamado.
Está lhe faltando algoEm BH existe um homem que fabrica remédios.Eu vi ele curar o Rubens Buzollo eis sogro da minha irmã.
Fique com Deus, Denise

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Denise: é só aquele meu problema de pele... você conhce que os remédios curam , mortificando... meu carinho e minha ternura, jorge