terça-feira, 30 de agosto de 2011

DIÁRIO DE BORDO: POR UMA NOVA SUAVIDADE

                                              Jorge Bichuetti

O alvorecer coloriu o céu com ternura e suavidade... Os passarinhos cantaram a leveza da vida que entre as nuvens e o horizonte azul tecem a mensagem  de harmonia e paz... A brisa matinal e o orvalho me acariciaram quando reverente despedi-me do luar e abracei a chegada do sol... Os álamos bailam, na mansuetude graciosa das cirandas e das rodas onde o ser humano se une ao outro e sente-se, num pleonasmo de alegria, uma só humanidade...
A vida , velozmente, consome o tempo... Rodopiamos nos minutos e pisoteamos nos séculos vividos...
O ser humano já não suporta a vida por ele criada: criamos um mundo de hostilidade e competição, de orgulho e vaidade, de individualismo e egoísmo... criamos um mundo de guerras, violências e exclusões... Um mundo bélico, um mundo de desamor...
Rezamos, rogando paz; porém, contaminando os altares com as fuligens dos nossos fuzis...
Somos um mundo de paranóia... Há sempre um perseguidor, um inimigo...
Nas relações materiais, buscamos enriquecer sobre a exploração do trabalho alheio e sobre as vantagens das nossas espertezas no mercado...
Nas relações pessoais: somos brutos, rígidos, moralistas... Discriminamos, marginalizamos... Excluímos... E sempre queremos nocautear o próximo, conquistando o que chamamos de nosso valor e poder, humilhando, vencendo, derrotando... Deixamos no chão, sempre, alguém caída em cada uma das nossas vitórias...
Contudo, agora parece que ou mudamos ou viveremos na barbárie...
Produzimos um oceano de sangue e lágrimas... E neste oceano, vemos o mundo naufragar-se... Estamos agonizantes na asfixia das águas pestilentas que nós mesmos inventamos numa racionalidade de ódio e desamor...
É hora de mudar...
A nossa Mãe Terra já lançou seus apelos, e ela grita desespera em cada tufão, nos vulcões, nas tempestades, no aquecimento global, nos tsunamis...
Ou inventamos um novo mundo, um novo tempo; ou seremos os dinossauros pós-modernos ossificados na morte que tecemos quando a vida depositou em nossas mãos o destino do planeta...
É hora... Urge criar um mundo de ternura e suavidade, de amor e paz... Um mundo onde solidariedade substitua a competição; onde a paz se imponha e extermine com as  guerras... onde a generosidade e a mansuetude nos leve a con-viver vendo no outro a nossa própria vida, vida de humanidade...
Ainda temos tempo...
Mas, inclemente, o relógio gira... precisamos agir...
Por uma nova suavidade, lutemos...
Reinventemos nossos caminhos e sonhos...
O destino mora nas nossas mãos...
Cuidemos da vida... Das florestas, da biodiversidade, da sustentabilidade...
Cuidemos da vida... O outro é suor, lágrima, sangue da humanidade... Cuidemos de todos com compaixão e generosidade, ternura e misericórdia... justiça social e cidadania...
Cuidemos da vida... e a deixemos guiar os caminhos da história, pois a essência da vida é amor incondicional e sem fronteiras...
Tudo passará... mas, o amor permanecerá como fonte de vida... e é ele a nossa única esperança...

2 comentários:

Anônimo disse...

"Simplesmente maravilhoso"

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Wellington, meu carinhoso abraço: paz e alegria... ternamente, jorge