Jorge Bichuetti
Pedras e espinhos, secura agreste,
vida dura no redemoinho das desilusões...
Quando uma lágrima nubla nosso olhar,
o mundo escurece e cegos, nem vemos
que o deserto é fértil... ira florir, verdejar...
Passarinhos no asalto cantam juvenis o
que ja chegou , mas ninguém viu...
Florece no horizonte sonhos vivos;
nascentes rompem o concreto armado
e a utopia já vive no ar... caminha, marcha:
- é grito, é dança... rebelião dos indignados...
E o mundo na cegueira da desesperança
não percebe o cirandar da revolução...
No silêncio, miro longe... e enfeitiçado,
escuto o canto da vida insurgente
nas ruas do mundo de todos
e nos becos de ninguém...
A vida canta e poetiza as nascentes da esperança
que voltou cristalina... rebeldia insurgente:
- muitos calculam os juros das bolsas esvaziadas;
outros já deixaram o declinio da apatia
dos confortáveis sofás,
eles sob bênção da esperança,
redescubriram a história,...
a poder e a alegria,
de quebrar a ladainha do sim,
ousando ser na rua, ante o horizonte azul,
a Romaria do Não... UTOPIA ATIVA
Jorge Bichuetti
Muitas vezes, me vi alucinando
sonhos e esperanças que pareciam
múmias criadas pela minha mania
de ler no luar e nas estrelas
o cirandar da história
e a cantoria da vida...
Agora, ando louco, de verdade,
os procuro no horizonte
e eles não estão lá...
Vasculhei meus velhos livros,
assustado, notei
que já ali não percebia,
minha doce companheira,
a minha utopia ativa...
Como não sentia nem solidão ou saudade,
temi... temi ter perdido meu amor de eternidade...
Depois, já mais sereno, a vi
andarilha da arte;
da arte arteira dos jovens indignados...
Hoje, ela caminha nas ruas do mundo inteiro...
Hoje, ela guerrilha na ousadia viva dos que são já no hoje
as flores do amanhã...
Minha doce utopia, anda ocupada demais...
Pulsa e brilha, guerreira, nos en-cantos da resistência
que é coragem e alegria, valentia e luta ardente,
na vida ressuscitada,
na esperança renascida,
nos sonhos reencaranados,
na dignidade retomada,
por tantos que até penso...
que o mundo agora é paixão
na vida que voa encantada
de ver que a utopia é de novo
a doce suave namorada
da nossa humanidade...LUÍNHA
Jorge Bichuetti
Luínha, acorda e vem,
a vida está a chamar...
Lá fora, o mundo luta,
a alegria quer o poder...
Vem, menina, a hora é
já... Vê o que nos fala
as vozes do nosso quintal:
- o luar e as estrelas, a poesia
e o canto dos passarinhos,
todos, já foram,
todos estão lá...
São os índios do Xingu;
São os jovens do Chile;
São uma nova Israel; e
são a democracia real...
Não é delírio, filhinha,
nossos amigos, a vida,
borboleteiam no ar e são
o ser e a palavra que se erguem
na ousadia da mudança semear...
Assim, lhe digo, filha,
eles são sonhos
no tempo da espera;
depois, se tornam guerreiros
na luta do bem contra o mal...
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