Longe do meu quintal, entre papéis e livros... eu escrevo. Meu coração anda por caminhos que me levam a crer na vida como co-existência... A Luinha, generosa e terna, me acompanha... Nos meus pés, ela me conduz a sentir que existe um chão. A vida que levamos é marcada pelo chão que nos dá caminhos e horizontes...
Meu quintal é um canto da vida onde encontro o cosmos; embora, o cosmos que se mostra na minha contemplação... me habita, como habita o coração dos amigos com quem partilho a minha caminhada...
A Luinha é minha e deles...
A ideia de que somos num eu absoluto e soberano é uma falácia das ilusões criadas pelo individualismo...
Existimos no entre das relações que nos agenciam ou atravessam...
"Somos todos desertos, povoados de tribos, floras e faunas." - já nos afirmava Deleuze.
Assim, somos as tribos que cativamos, inventamos, aderimos, alimentamos...
Por isso, digo: hoje, sou, pele e coração, pura saudade...
A globalização nos aproxima; mas, para quem sente o peso e aperto da saudade,logo descobre que ela banaliza uma ideia de que somos uma única aldeia...
Con-viver é trocar, partilhar, ser cúmplice... Con-viver é mergulhar nossas relações num oceano de ternura e amizade, generosidade e solidariedade...
É carinho; carícia... toque... Escuta e palavra...
Podemos viver, longe... mas, não podemos deixar que liquidez e banalização das relações humanos no neoliberalismo, nos impeça de sentir o desejo de nos encontrar...
Prosear... Abraçar... sonhar juntos, olhando um no olhar do outro...
Se somos dados na co-existência, toda limitação do encontro é uma violência aos direitos humanos... Porquanto, longe dos encontros passamos a ter nossas vidas corroídas pelas feridas que se abrem na nossa pele afetada pelo espinheiral da saudade...
Todo não-encontro é um mau-encontro... decompõe as potências da vida nos nossos corpos e nos engaiolam nos porões da tristeza...
A Internet, muitas vezes, é um instrumento valioso e fecundo de diminuição das distâncias... propicia bons encontros... Porém, não substitui a potência dos encontros quando a nossa pele afeta e é afetada pela pele do outro...
Quanta saudade!!!
E quanta indignação... ante a ilusão de que vivemos num mundo sem fronteiras...
Toda fronteira, física, social, ideológica, política ou psíquica, que inibe os bons encontro é uma violência fascista dissimulada... Uma negação da existência... Afirmação da existência de aparências e negação da segunda existência, da existência libertária... como conceitua Lyotard.
Plenifiquemos nossa capacidade de existir...
Usemos todos os meios de aproximação... Conectemo-nos... Todavia, busquemos a vida de encontros alegres que fecundam, em nós, a nossa potência de experimentar a vida de ousadia e sonhos...
Que ousemos lutar por co-existir na alegria da roda onde a fogueira dialoga com o luar...
4 comentários:
Nossa cosmo-visão deu-nos interação entre nossos sonhos e flutuações do devir! Deve vir um bom-encontro por aí! Saudades transcendentais!
Michel; digo - amém... o caminho é um voo onde os amigos funcionam como asas... abs ternos, jorge
Sempree profundo e enriquecedor me sinto nos trilhos quando leio seus textos - Dr. Jorge sinto que esta na hora de reencontrá-lo mas nao estou conseguindo falar com o Pierre como eu faço abraços clara
/////clara, sudade!.... ele estará hoje das 14 às 18 hs... meu carinhoso e terno abraço, jorge
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