O cheiro de mato no meu quintal alvoreceu, hoje, seduzido pela beleza das rosas... A roseira florida parece ser um encanto... do infinito... Noto que o verde dos álamos e do limoeiro baila com o vento, como se quisesse beijar, acariciar as brancas rosas do singelo roseiral...
O dia belo e suave domou a preguiça da pequena Lua... Ela brinca: corre, carrega, de um lado para o outro, seus delicados brinquedos... Me lambe num bom-dia que me faz suspirar... O carinho tem esta magia: mexe com a alma da gente; acorda nosso desejo de ser e amar...
Esqueço do tempo, brincando... E quando me percebo, estou rabugento, dizendo num solilóquio demente: já perdi muito tempo...
Assusto com meu próprio pensamento: afinal, viver é brincar...
Não quero perder a minha capacidade de brincar...
Os homens sérios que vejo me confirmam - não iremos sobreviver, longe da criança que nos habita...
A tropa de choque que desalojou a juventude da reitoria da USP é tão séria... Não quero fazer uma séria análise política... conto aqui o que sentiu meu coração... Fiquei encolhido no sofá, temeroso... A repressão dá medo... Não tive medo do olhar da moçada nem me horrorizei com suas travessuras... Recordei de que sempre que usei, abusivamente, do poder numa sala de aula era porque me faltava ali autoridade moral e criatividade para inventar saídas...
A seriedade na Síria já matou mais 3500 pessoas; gente que luta, sonha, pulsa... quer o alvorecer...
A seriedade no Rio de Janeiro tomou gosto pelo poder e se organizou... virou milícia, terror cotidiano... è a vida, não lhe ensinaram a brilhar numa roda de samba, a brincar de ser feliz...
José Gil, filósofo, afirma que o brincar é imprescindível para que a vida não se cristalize, não se enrijeça, não se brutalize...
Precisamos reinventar o brincar... No público e no privado... Na rua e na vida de intimidade...
Brincar é ousar inventar um outro mundo; aceitando a dura realidade de que o mundo que ai está não basta, nem é suportável...
Os grandes estados do império preparam um ato sério, a guerra contra o Irã... Um corpo caído no Congresso Nacional... desnuda o que produz a seriedade...
Responsabilidade ética, sim, eu quero... seriedade repressiva, não... pois, ela adoece, oprime, fomenta o fascismo...
Brincar é viver na intensidade da utopia; na leveza da compreensão da nossa humanidade; na produção criativa de uma nova suavidade...
Seriedade repressiva é poder opressivo sem densidade ética...
Brincar é a suavidade de ser o voo terno do borboletear pelas vielas da vida...
Nele, mora as potências do devir... Na repressão viceja os espinheirais da morte...a vida voa nas asas da liberdade...
autoridade ética, sim... repressão, não...
sem medo de ser feliz...
12/11/2011 - encontro mensal da universidade popular; uberaba, mg
2 comentários:
19 de novembro ou antes, meu dr.Anjo Bichuetti gostaria de curtir a noite,tomando um prosseco?
Só nós dois? Quase não acredito.
Ou vc vai atender? Igual um dia que queria ouvir sua voz, liguei e vc me dispensou?Eu deveria ter aceitado o dormonid,não consigo dormir. Vc sempre tem razão.Sentadinha no seu colo um abraço de tirar o folego.Denise
Denise, infelizmente estarei fora.... mas lhe agradeço a a tenção; abs, jorge
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