quarta-feira, 30 de novembro de 2011

POESIA: VERDEJAR É FLORESCER NO CAMINHO

                  CINZAS NO VENTO
                        Jorge Bichuetti 


Como verei o luar e as estrelas,
se mãos ávidas na ganãncia estão
com o machado empunhado e já
querem derrubar o verdejante sonho
das matas que abraçam a água da vida
e a vida da ternura que vive pra florir...


Há cinzas no vento, aviso do tempo:
o lucro da queimada dá a sentença...
a vida está por um fio, será crucificada
no silêncio de u'a escura noite... onde
a multidão entorpecida pelo brilho da ilusão
só sentirá... asfixiada... sem esperança... 
quando um outro silêncio
anunciar o fim... na ausência do canto
dos anjos matinais...


Há cinzas no vento...
E nelas o fim... das manhãs
que recolherão num último ato
o choro das estrelas
no deserto silencioso,
onde um dia cantaram
bem-te-vis, sabiás e pardais...

OH! "verde que te quero verde";
oh! vida que te roubaram
o dom de florescer
na cantoria verdejante
das manhãs onde pássaros faziam
de cada árvore
u'a catedral estelar...


                           QUEM ENXUGARÁ...
                                  Jorge Bichuetti

Negociatas mercadejam a vida;
mata seus filhos... estupram seus frutos...


Alegres e vencedores, pactuam e loteiam
o riso raso das moedas acumuladas...


Porém, ninguém se ocupa da vida
que num atoleiro de cinzas morrerá...


Escuto no vento o canto dos pássaros
que piedosos perguntam, entrestecidos:


- quem enxugará o pranto dos Deuses?...

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