quarta-feira, 9 de novembro de 2011

POESIA: PÁSSAROS FERIDOS

                     PÁSSARO FERIDO
                                     Jorge Bichuetti


Aprendi, ainda pequeno, que eras
mãe, mãe gentil... amor incomensurável;
agora, me enlouqueço vendo-a silenciosa
quando sobre teu chão corre nos rios
o sangue marginalizado dos teus
pequeninos filhos... feridos no espinheiral
da cruel vilania que te amordaça os lábios,
e eu, entre a dor e desespero, só escuto
o canto melancólico d'um terno pássaro ferido...


Pachamama! Pachamama!!! nu'a lágrima te imploro:
vida e liberdade, canto e voo na alvorada...
Não negues a tua escuta... nem fujas da verdade...

As matas verdejantes choram e agonizam;
ante o horizonte que ecoa
o canto dos pássaros feridos...


                                     MEU CURIÓ
                                 Jorge Bichuetti


Meu curió anda triste;
se canta, soa um lamento...
o choro da própria vida.


Meu curió anda triste...
não voa, não sonha...
teme o mundo cinzento


e de olhinhos molhados,
só ora... reza indigente...
onde solicita aos céus


o azul do horizonte e a
paz, o fim das correntes,
u'a flor na caminhada e


a vida de partilha na
cantoria alegre dos que
na semente, frutificam


a magia da vida nova,
verdejante primavera
onde o amor cante e

baile a valsa da justiça,
dos humanos direitos
nas asas da liberdade.

Meu curió anda triste;
A vida, de asas rotas...
e a noite com saudade


do luar e das estrelas
que choram co'o curió...

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