segunda-feira, 29 de março de 2010

SER E DEVIR COM...

                                                  CO-EXISTENTES
                                                                      Jorge Bichuetti


“Existirmos a que será se destina?” - indaga Caetano Veloso. Igualmente, o homem no cotidiano sempre, sempre se depara com situações que o desafia, perguntando sobre o sentido da vida.
Para Sartre, o outro é o nosso inferno.
De fato, somos co-existentes.
Vivemos, sobrevivemos tecendo o conjunto das nossas relações.
Também, encontramos o outro mediando nossos sonhos, nossas construções.
Vítimas ou algozes, na solidão ou numa comunidade - o outro emerge; às vezes, concretamente, doutras, como mero fantasma, porém, o outro emerge no cenário da existência revelando-nos nossa própria condição de vida. Uma vida de relações...
Não fabricamos felicidade ou amargura, isolados. Nem construímos solidariedade ou exclusão, solitariamente...
Diante da vida, da vida pessoal e coletiva, somos co-autores...
Escrevemos o destino em parceria com outros homens.
A ilusão de uma redoma de vidro que nos separasse das mazelas do mundo, permanece no campo da ideologia desumanizante da sociedade mundial de controle, com a sua expressão política neoliberal que reafirma o individualismo, ofuscando uma realidade de um império globalizado, sem fronteiras e com uma inclusão diferencial.
Existe, agora, vida, espaço de vida para todos, desde que não se tenha o desejo de justiça social e igualdade.
Inclusão diferencial eis a insígnia do nosso tempo.
Coexistentes, coexistimos... E coexistimos com o outro excluído, excluído pelo desemprego, pela miserabilidade reinante.
Assim vemos o outro. O outro permeia nossas vidas.
Os grandes problemas do nosso cotidiano terão respostas simplistas, comésticas, se não aceitarmos discutir a real situação de vida do outro.
A violência, o desabrigo, a fome, o vazio existencial depauperam o nível das relações, e, assim, fazem do outro um inferno.
Todavia, como entender e superar o inferno, sem indagar e enfrentar o que fez a vida infernal.
Queremos uma vida serena e alegre pacífica e produtiva, mas não a teremos, assim, se buscarmos tais valores tão - somente para nosso círculo restrito. Sempre restará o outro...
Deste modo, podemos admitir que a mudança desejada deve incluir todos e gestar um panorama de paz e solidariedade, para, então, afirmarmos: o outro é e será o nosso céu.

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