terça-feira, 9 de agosto de 2011

DIÁRIO DE BORDO: NO RECOMEÇO... AS CORES DA AURORA.

                                            Jorge Bichuetti

Noite silenciosa... Os sinos já deram seu aviso: um novo dia começou... Luinha dorme. Quieta, sossegada. Ontem, o vento dando vida ao bailado das pequeninas folhas dos álamos me contagiaram com um manancial de paz e harmonia, que cheguei a pensar que a Mãe Natureza é a grande universidade que desprezamos; aliás, que desprezamos diariamente... nunca a vemos. Os pássaros não acordaram; pelo menos, não iniciaram sua sinfonia matinal. São pássaros urbanizados, se dão ao fluxo humano que evita-se madrugadeiro.Mas, para mim, a hora é de recomeço...
Já tenho dito muitas vezes que viver é recomeçar...
A arte de recomeçar não é simplista, pois tendemos a cristalizar traumas, frustrações, bloqueios, medos, insatisfações, repetições nevoentos do que passou... Tendemos, imprevidentes, a presentificar os horrores e o mal estar dos dias anteriores, prolongando-os, eternizando-os...
Já iniciamos o dia com uma quota de dor e preocupações que carregamos de um dia para o outro.
Teimamos e não queremos nomear o dia que começa como dia novo, novo dia...
Um novo dia: novas experiências, novas oportunidades... Novos sonhos, novas experimentações...
A mãe natureza tudo realiza para que possamos renovar a vida, nos reinventar...
A escuridão da noite, com o suave brilho das estrelas e o prateado do luar, é tempo de refazimento: restauração de energias, limpeza do universo mental... Ela nos banha com a poética suave e inebriante para que nos prontifiquemos ao exercício do recomeço na aurora...
Um novo dia é parido... Dia-criança: cheiro de mato, sinfonia matinal da passarada e o céu iluminado com cores vivas que nos chamam para um caminhar e um con-viver de alegria e paz, ternura e compaixão, esperança e invenção...
Apoteose da vida: a vida recomeça...
Se permanecemos presos ao ontem, pouco a pouco, nublamos a aurora e a vida cinzenta retorna com a sua fúria e suas desilusões... Retomamos, automáticos, o mesmo caminho: mesmo fardo, mesmo farnel...
Todavia, se reiniciamos a vida abertos para o novo da dia, reinventamos caminhos e reinventamos a nós mesmos...
Retomamos a vida do ponto que paramos, entretanto, não necessitamos rodopiar no entorno do que ficou no caminho já percorrido...
Se erramos, modifiquemos no dia de hoje atitudes e visão... Ousemos arriscar a inventar o temido e o que nos paralisou , ontem... porém, façamo-lo com novo disposição: novo ânimo, novas ideias, novos sonhos...
Para isso serve o alvorecer...
Tomemos um pouco da valentia e audácia do sol que rompe a escuridão da noite, colorindo o céu com o esplendor de seu brilho...
Deixemos a candura e o singelo do canto dos passarinhos enternecer nossos corações...
Permitamos que a maciez e a meiguice do orvalho impregne nossa pele de suavidade...
Viver é recomeçar...
Mas, recomecemos renovados pelo canto de esperança que pulsa no coração da vida...
Assim, seguiremos... buscando seguir adiante e voar na amplidão da alegria sem fim.



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