O Grito dos Excluídos é um espaço histórico que dá voz e expressão à dor dos que vivenciam no cotidiano da nossa realidade social as agruras da exclusão: grito indignado diante da injustiça social, da miséria e da marginalização... mas, também, grito de ousadia que anuncia a esperança e a luta, a consciência de que o compromisso social com os oprimidos é um caminho de concretização dos sonhos de libertação...
O Grito dos Excluídos é um um basta... um não... Basta de violência, chega de exclusão... não aceitamos mais que a vida seja a abundância de poucos baseada na morte, nas vidas mortificadas da maioria oprimida...
E o Grito dos Excluídos é um afirmativo sim... Um outro mundo é possível e necessário... E o queremos: queremos construir na luta um mundo de solidariedade e paz, justiça social e amor, igualdade e liberdade, ternura e inclusão social...
Não somos independentes... Não somos livres... A independência é um mito: já que poucos dela usufruem; e muitos são nela excluídos, oprimidos, marginalizados e mortificados numa vida de desvalia e asfixia, morte civil... O Grito dos Excluídos reafirma a liberdade e a esperança na invenção de um novo mundo que será gestado como mundo de todos e para todos...
Muitos não percebem a dor da exclusão... e acreditam que com a redemocratização já vivemos num mundo justo e digno... Precisamos ter a coragem e a ousadia de ver que o nosso mundo é ainda um cruel e sanguinário mundo de exclusão...
E só veremos, superando a ideia fatalista, que legitima a tirania,crendo que este é o único mundo possível...
Há exclusão... a agonia de um povo que luta e sofre... na penúria e na estigmatização...
Não é anotação de um panfleto político... é o que grita a lágrima do povo da rua, dos povos indígenas, das crianças e dos velhos, das mulheres espancadas, dos negros, dos gays, dos Sem-Teto e dos Sem- Terra, dos favelados e dos pobres... Dor na lágrimas dos dependentes químicos e dos portadores de sofrimento mental; dos portadores de incapacidade física; dos doentes que não conseguem medicação, exames e tratamento digno... Das vítimas da violência institucionalizada.... Dos que são discriminados e marginalizados e que, assim, vivem longe de realizar sua criatividade porque o nosso mundo não é um mundo onde todos podem desfrutar de oportunidades, elas, as oportunidades, são graduadas e revelam o grau de exclusão a que cada um de nós somos submetidos...
Os processos de inclusão são lentos e restritos ...
E inegavelmente vivemos na globalização neoliberal um execrável processo de inclusão diferencial...
Podemos... mas não podemos além do que nos é dado no escalonamento da vida que cria agora no tecido social mecanismos de microfascismos onde a cidadania é aviltada na capilaridade do tecido social... Podemos, desde que não desejemos ser sujeitos dos nossos desejos e sonhos... Só podemos, se nos resignamos às migalhas do estado mínimo...e nos sujeitamos as restrições territoriais de vida marginal...
O Grito dos Excluídos é grito da vida generosa e maternal que não diferencia seus filhos...
O Grito dos Excluídos é o grito dos direitos humanos e da cidadania que não se realizam longe da plenificação da vida de autonomia e singularidade, plenitude e amor...
O silêncio que impede muitos de escutarem o que gritam os oprimidos é a própria exclusão... A mídia, os poderosos e as elites dominantes pautam a vida, excluindo o que fala a lágrima do nosso povo...
Assim, neste ano, mais vez, na caminhada pela libertação... no 7 de Setembro, esqueçamos os gritos ufanistas que silenciam os sonhos de liberdade e vida... escutemos e gritemos por vida e liberdade, solidariedade e amor, justiça social e cidadania plena... escutemos e gritemos com os oprimidos e com eles, caminhemos para que um dia a paz não seja o silêncio dos que padecem e se não falam é, tão-somente, porque amordaçados, só conseguem narrar as dores e chagas do calvário de um povo na lágrima que o sistema busca tornar invisível...7 DE SETEMBRO DE 2011 - 9:00 - UBERABA / MG; BRASIL
NA PRAÇA DA IGREJINHA SANTA RITA...
O GRITO DOS EXCLUÍDOS...
4 comentários:
...Que gritem cada vez mais alto e forte...
Abraços...com ternura...Mila.
"o silêncio que impede muitos de escutarem o que gritam os oprimidos é a própria exclusão"
Também porque estamos acostumados a nos distanciar tanto, que vemos mas não conseguimos enxergar, podemos até ouvir mas não entendemos.
Mila, nossos sonhos de libertação são ecos da poesia visceral que canta na natureza, clamores de mudança... ternura e compaixão nos voos da liberdade; abs ternos, jorge
Pamela; sim, ver e sentir o outro como vemos sentimos a vida na pele... busca de sentido; reinvenção do con-viver... como você creio que necessitamos nos aproximar dos que sofrem... i veremos com lucidez... Abs ternos, jorge
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