quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O GRITO DOS EXCLUÍDOS

                                      Jorge Bichuetti

O Grito dos Excluídos é um espaço histórico que dá voz e expressão à dor dos que vivenciam no cotidiano da nossa realidade social as agruras da exclusão: grito indignado diante da injustiça social, da miséria e da marginalização... mas, também, grito de ousadia que anuncia a esperança e a luta, a consciência de que o compromisso social com os oprimidos é um caminho de concretização dos sonhos de libertação...
O Grito dos Excluídos é um um basta... um não... Basta de violência, chega de exclusão... não aceitamos mais que a vida seja a abundância de poucos baseada na morte, nas vidas mortificadas da maioria oprimida... 
 E o Grito dos Excluídos é um afirmativo sim... Um outro mundo é possível e necessário... E o queremos: queremos construir na luta um mundo de solidariedade e paz, justiça social e amor, igualdade e liberdade, ternura e inclusão social...
Não somos independentes... Não somos livres... A independência é um mito: já que poucos dela usufruem; e muitos são nela excluídos, oprimidos, marginalizados e mortificados numa vida de desvalia e asfixia, morte civil... O Grito dos Excluídos reafirma a liberdade e a esperança na invenção de um novo mundo que será gestado como mundo de todos e para todos...
Muitos não percebem a dor da exclusão... e acreditam que com a redemocratização já vivemos num mundo justo e digno... Precisamos ter a coragem e a ousadia de ver que o nosso mundo é ainda um cruel e sanguinário mundo de exclusão...
E só veremos, superando  a ideia fatalista, que legitima a tirania,crendo que este é o único mundo possível...
Há exclusão... a agonia de um povo que luta e sofre... na penúria e na estigmatização...
Não é anotação de um panfleto político... é o que grita a lágrima do povo da rua, dos povos indígenas, das crianças e dos velhos, das mulheres espancadas, dos negros, dos gays, dos  Sem-Teto e dos Sem- Terra, dos favelados e dos pobres... Dor na lágrimas dos dependentes químicos e dos portadores de sofrimento mental; dos portadores de incapacidade física; dos doentes que não conseguem medicação, exames e tratamento digno... Das vítimas da violência institucionalizada.... Dos que são discriminados e marginalizados e que, assim,  vivem longe de realizar sua criatividade porque o nosso mundo não é um mundo onde todos podem desfrutar de oportunidades, elas, as oportunidades, são graduadas e revelam o grau de exclusão a que cada um de nós somos submetidos...
Os processos de inclusão são lentos e restritos ...
E inegavelmente vivemos na globalização neoliberal um execrável processo de inclusão diferencial...
Podemos... mas não podemos além do que nos é dado no escalonamento da vida que cria agora no tecido social mecanismos de microfascismos onde a cidadania é aviltada na capilaridade do tecido social... Podemos, desde que não desejemos ser sujeitos dos nossos desejos e sonhos... Só podemos, se nos resignamos às migalhas do estado mínimo...e nos sujeitamos as restrições territoriais de vida marginal...
O Grito dos Excluídos é grito da vida generosa e maternal que não diferencia seus filhos...
O Grito dos Excluídos é o grito dos direitos humanos e da cidadania que não se realizam longe da plenificação da vida de autonomia e singularidade, plenitude e amor...
O silêncio que impede muitos de escutarem o que gritam os oprimidos é a própria exclusão... A mídia, os poderosos e as elites dominantes pautam a vida, excluindo o que fala a lágrima do nosso povo...
Assim, neste ano, mais vez, na caminhada pela libertação... no 7 de Setembro, esqueçamos os gritos ufanistas que silenciam os sonhos de liberdade e vida... escutemos e gritemos por vida e liberdade, solidariedade e amor, justiça social e cidadania plena... escutemos e gritemos com os oprimidos e com eles, caminhemos para que um dia a paz não seja o silêncio dos que padecem e se não falam é, tão-somente, porque amordaçados, só conseguem narrar as dores e chagas do calvário de um povo  na lágrima que o sistema busca tornar invisível...






















7 DE SETEMBRO DE 2011 - 9:00 - UBERABA / MG; BRASIL
NA PRAÇA DA IGREJINHA SANTA RITA...
     O GRITO DOS EXCLUÍDOS...


4 comentários:

Mila Pires disse...

...Que gritem cada vez mais alto e forte...
Abraços...com ternura...Mila.

Pamela disse...

"o silêncio que impede muitos de escutarem o que gritam os oprimidos é a própria exclusão"
Também porque estamos acostumados a nos distanciar tanto, que vemos mas não conseguimos enxergar, podemos até ouvir mas não entendemos.

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Mila, nossos sonhos de libertação são ecos da poesia visceral que canta na natureza, clamores de mudança... ternura e compaixão nos voos da liberdade; abs ternos, jorge

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Pamela; sim, ver e sentir o outro como vemos sentimos a vida na pele... busca de sentido; reinvenção do con-viver... como você creio que necessitamos nos aproximar dos que sofrem... i veremos com lucidez... Abs ternos, jorge