Dia claro com a chuva noturna presente... no chão encharcado, na casa molhada... No quintal, a quietude dos passarinhos... temem outro temporal...
A Luinha aceitou meu pedido e dorme, sonhadora, no seu canto preferido...
Olho o céu e voo com a esperança do dia que começa...
As rosas , no quintal, permanecem belas e altivas... Os álamos verdejam alegres e cheios de vitalidade...
Me encanto co'a ternura das rosas...
A rosa pequena e frágil... ali, cheia de viço, me revela o que pode a ternura...
Quando vivemos nas nossas vidas pessoais um vendaval, quase sempre somos nocauteados... e permanecemos um longo tempo no chão...
Rígidos, inflexíveis... rudes... somos abatidos pelos vendavais do cotidiano.
A ternura baila, voa, e, dançando com o vento, vence-o... Ele não a aniquila...
O coração terno... ante um abismo, aceita os limites do caminho e bifurca... cria novas saídas: se renova, se reinventa... Mantêm a alegria e a leveza... Não se desespera; assim, não perde forças que acostumam seguir o rio lodoso criado pelo desespero...
Vivemos fragilizados...
Desconhecemos nossa grandeza e força interior...
Perante uma dificuldade, tendemos a paralisar nossas vidas...
Exploramos pouco o que pode o agir que se movimenta com e pela ternura...
A ternura quebra o poder opressivo e abre janelas no coração da vida e cria vielas na epiderme do mundo...
Domesticamos a natureza e civilizações com a força bruta... e não percebemos que danificamos a própria vida...
Chamados a agir... busquemos da ternura a nossa máquina de guerra, não bélica... uma máquina de afirmação da vida singular e criativa...
Antes nossos heróis eram a força bestial versus nossos inimigos... Assim, críamos o mundo paranóico que nos oprime e subjuga....
A ternura afirma a vida, reinventando-a, para que esta viceje no seu esplendor...
A ternura... é suavidade, compreensão, afabilidade, mansidão, leveza, generosidade e compaixão...
Não é o império da força bruta; é a vida vicejando no que pode a suavidade...
A suavidade conecta o homem e as coisas... é u'a incubadora da solidariedade, da partilha, da vida de comunhão...
Gera uma nova subjetividade, um novo mundo... U'a perene primavera...
Assim, cabe auscultar com atenção esta assertiva:
- "Quando chega a morte, não é da nossa ternura que nos arrependemos: é da nossa severidade." George Eliot
4 comentários:
Oi Jorge!
sua poesia faz a cabeça desinchar e as costas se expandir em fumacinha!
um beijo!
Olá Jorge,
O coração termo bifurca...cria novas saídas. Muito legal isso.
Adorei a sensação de saber que há ressonância nesse modo de pensar.
Abs
Miwa; sua ternura é encanto da vida... meu carinhoso abraço; jorge
Eliana, bifurca e germina novos caminhos, se reinventa... buscando o horizonte da alegria; abs ternos: jorge
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