RESSURREIÇÃO
Paulo Cecílio
então navegarei.
porque é preciso.
porque é belo.
porque quero.
porque é segredo.
ou, apenas porque navego.
quilhas, trilhas, sorrindo: meu destino de menino dando adeus..
colhido em esperança,
durmo meu sono.
minhas palavras velam por mim
são elas minhas asas, meu funeral
vultos desconhecidos
que pranteiam num canto anônimo
perdidas no algodão das nuvens
ou nas mechas azuis de teus cabelos.
palavras de prata ou brancas como lirios,
de negro, muito negro, outras vezes.
incolores no silencio amigo,
exalam o perfume de outubro,
num plantão virtual como se,
doídas, tivessem receio de enlouquecer,
tomar-me o leme, macular minha carne podre,
que se serve do próprio adubo ao renascer.
renascerei novamente num momento destes sem lua,
numa estação de verniz laqueada,
abraçado com minhas estrelas preferidas
minhas nebulosas sutis.
neste tempo tao familiar, e tao estranho,
meu corpo novo esquecerá dores,
e minha pele estará irregular de arrepios,
de emoções reconstruídas.
aqueles dentes podres, membros amputados, se esquecerão de mim.
então navegarei.
porque é preciso.
porque é belo.
porque quero.
porque é segredo.
ou, apenas porque navego.
quilhas, trilhas sorrindo, meu destino de menino dando adeus..
Nenhum comentário:
Postar um comentário