ANDANÇA
Jorge Bichuetti
Ando e não temo
o vento no tempo,
nem o tempo no vento...
Amigo das nuvens, ali, descanso;
sonho no silêncio do caminho
a vida passarinheira que tece,
no meu corpo, meu destino...
Assim, sigo... plebeu errante
nas asas do próprio infinito...
ESTA CRUZ...
Jorge Bichuetti
esta cruz tatuada no meu corpo;
já não é um grito de lamento...
nela, meus passarinhos fizeram ninho
e, assim, ora, sangro sonhos; ora,
sou flor e espinho... no jardim
que dribla o deserto co' floradas
na nascente dos cantos e magias
que fazem do amor mi'a casa,
caminho e moradia...
domingo, 27 de maio de 2012
BONS ENCONTROS: AS DORES DA VIDA NO ESCURO DO BECO...
1. Me perguntam: o que faço com meu filho que está se drogando e todo dependente do crack?
R. Ame. Caminhe, partilhando vida e sonhos... Cuide... Estimule a busca der cuidados e produções novas de vida alegre... E, nas lágrimas, ternamente, o coloque em seu colo, lhe acaricie e cante...
2. Se o cuidado é uma caminhada, como seguir... onde buscar forças?
R. Dialogue com a vida, cantando junto com as estrelas e o luar...
3. Ajudando na potência do amor, aceite-os... e não os prive do seu carinho; assim, para manter no caminho do amor que não rompe-se na medo da perda ou na desilusão do insucesso, cante...
QUEM AMA, CUIDA... SABENDO QUE O AMOR É NA VIDA AS JANELAS DA IMENSIDÃO NO TIC-TAC DOS NOSSOS PRÓPRIOS CORAÇÕES...
R. Ame. Caminhe, partilhando vida e sonhos... Cuide... Estimule a busca der cuidados e produções novas de vida alegre... E, nas lágrimas, ternamente, o coloque em seu colo, lhe acaricie e cante...
2. Se o cuidado é uma caminhada, como seguir... onde buscar forças?
R. Dialogue com a vida, cantando junto com as estrelas e o luar...
3. Ajudando na potência do amor, aceite-os... e não os prive do seu carinho; assim, para manter no caminho do amor que não rompe-se na medo da perda ou na desilusão do insucesso, cante...
QUEM AMA, CUIDA... SABENDO QUE O AMOR É NA VIDA AS JANELAS DA IMENSIDÃO NO TIC-TAC DOS NOSSOS PRÓPRIOS CORAÇÕES...
SOCIEDADE DE AMIGOS: NO CARINHO ETERNO, A POESIA É TERNURA NUM ABRAÇO - CORPOS ENTRALAÇADOS NO COMPASSO DOS VERSOS
PARA MINHA
IRMÃ ADRIANA
Paulo Cecílio
permanecerei,
mas so uma coisa nao farei:
deixar de crer que ao fim deste deserto
irei encontrar-te meu amor luz da minha vida .
o filme se chamava "RETRATOS DA VIDA", e voce me arrastou para ve-lo e sair todo arrepiado girando ao som de Ravel naquela pracinha empoirada de goiania..
tá Adriana,
minha querida:fiquei
ao ver-te partir
soube que recebera
a inacreditável sentença de permanecer .
aceito isto ate porque outros anjos
voam nas madrugadas de desespero
dançando teu perfume que me faz tremer
permaneço.
faço em teu nome.
farias tambem,
mas quem maninha
vai me fazer um dia
café preto de colher e meia?
haverei de sobreviver
sem tuas bonecas velhas
teu fogaozinho de barro
haverei de dormir um dia
sabendo que acordarei
novamente sem voce.
haverei de pagar
todas promessas
que prometemos juntos
sonhando sob a sombra sob o sol.
haverei de passar
meu café solitário
ate que caia
o ultimo pó
a ultima colher.
farei isto em memoria de nós.
haverei de permanecer
ainda sem saber nunca
por onde são meus caminhos
sem ti... sem teus passos
meus passos meus dias
sem tua alva risada travessa
que todo dia cava em mim
um palmo mais de fundura
num buraco que nao termina.
haverei de ouvir ravel
ate a ultima nota
sem soltar um ai sequer.
sem um suspiro que contamine
o perfume que me deixaste de partida.
mas so uma coisa nao farei:
deixar de crer que ao fim deste deserto
irei encontrar-te meu amor luz da minha vida .
entao
vou gritar com voce
vou exigir que me explique
como me deixaste sem dizer adeus.
como deixaste em minhas maos
as tuas ja partidas
pra que eu menino tomasse conta.
sei que deveria agradecer
a tua eleição a mim mas nao consigo
nao sou do tamanho que pensaste maninha
porque estava com os pes sobre teus ombros,
é que pude roubar a fruta do vizinho pra dividir contigo...
perdão
mas como esquecer
as surras que dividistes comigo?
entenderei um dia
quando vier
o tempo da delicadeza
teu gesto de partir sorrindo
sem nada me dizer
sem me deixar um pouco
do teu ar do teu folego.
entenderei.
aprendi a esperar com voce.
entao quando vem a vida
arrancando pedaços de mim
recolho cacos de joelhos
e oro a ti
que carne foi de mim.
fico aqui lembrando
teus dentinhos brancos
os mostravas a mim na mesinha de café
com que me aguardavam teus olhinhos brilhantes
teu sorriso
foi com teu sorriso
que fostes em silencio em silencio!
entao choramos por Ravel
oramos
pelos retratos da vida
pelas flores laranjas
de tua casinha no jardim america
entao brincamos celebramos outros choros
que vinham de tanto rir.
ah! como rimos,maninha...
como rimos tendo deus
por maestro fantástico.
mudo refaço o caminho
onde pagamos promessas
pro nosso velho ficar bom.
tinhamos os pés em bolhas
e o coração leve
carregavamos um ao outro.
então
desculpe maninha
mas tua suavidade
como descrevê-la
como desenhar tua ternura
se levastes as folhas de papel em branco
com todos projetos que fazíamos sem compromisso ?
ah! maninha maninha!
porque tenho que esperar tanto
antes que finalmente possa de novo
te apertar ao meu peito, e brincar de brincar
nos verdes campos dos olhos que nunca me fecham?
MESTRES DO CAMINHO: TERNURA; VOO E VIDA DE CRIANÇA...
REFLEXÕES:
- "Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que posso ser." Jean Piaget
-"Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo. Mas nem todas as respostas cabem num adulto."
Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes
- "Ainda há gente que não sabe, quando se levanta, de onde virá a próxima refeição e há crianças com fome que choram." Nelson Mandela
- "Imaginando oceano, as crianças brincam na poça d água." Carlos Novais
sexta-feira, 25 de maio de 2012
SOBRE O CRACK: ALGUNS APONTAMENTOS...
Jorge Bichuetti
1. Diabolizar o usuário de crack e reprimi-lo é uma postura desumanizada e desumanizante; anti-terapêutica e estigmatizante. Uma violência aos direitos humanos e ao direito à diferença... è uma postura fascista, manicomial e inibidora dos projetos de cuidado.
2. O cuidado na dependência química deve respeitar algumas contribuições que já permite ver no horizonte clareiras libertárias:
- Ninguém suporta a normalidade ( Frei Betto );
- Só se combate a problemática da drogadição, sendo mais sedutor do que o universo das drogas ( Rotelli );
- As ditas drogas são amplificadores do nível de consciência e propiciam experimentações vitais; contudo, por n fatores, passam a funcionar como um buraco negro - vida esvaziada de sentidos e compulsão onde se existe em função da próxima dose ( Rotelli e Deleuze );
- O desejo na contemporaneidade se reterritorializou; abandonou o campo das representações e da memória e se concentra nas percepções e micropercepções ( Deleuze );
- Para se libertar deste jogo de dependência e autodestrutividade, é necessário que o usuário se apaixone por uma causa - política, artística, amorosa, espiritual, existencial... um projeto de vida ( Frei Betto);
- Urge construir planos de vida onde as intensidades vividas no uso, possam gerar caminhos existenciais( Deleuze)...
3. O crack é clinica de acolhimento e inclusão; de singularidade e devir...
Fazemos, muitas vezes, um projeto de cuidado fadado ao insucesso: são normativas e repressivas, com atividades cinzentas, desvinculadas do mundo sociocultural da juventude, com sisudez e alegria anêmica e fugaz...
Urge aceitar alguns elementos que compõe a subjetividade dos jovens e dos que se aventuram no universo das drogas, e usá-las na sua potência de emancipação:
- coletivismo tribalista;
- arte insurgente;
- desejo de autogestão;
- rebeldias indignadas;
- criticidade ativa;
- criatividade e alegria;
- companheirismo e solidariedade...
Assim, é clinica do amor... da liberdade... dos sonhos e da poética de reinvenção da vida e do socius...
Senão, simplesmente, repetimos o mundo e os caminhos já negados...
Eis uma clínica da ternura e da compaixão, da partilha e da libertação...
Não é... não pode ser... canibalismo educado da morte civil...
1. Diabolizar o usuário de crack e reprimi-lo é uma postura desumanizada e desumanizante; anti-terapêutica e estigmatizante. Uma violência aos direitos humanos e ao direito à diferença... è uma postura fascista, manicomial e inibidora dos projetos de cuidado.
2. O cuidado na dependência química deve respeitar algumas contribuições que já permite ver no horizonte clareiras libertárias:
- Ninguém suporta a normalidade ( Frei Betto );
- Só se combate a problemática da drogadição, sendo mais sedutor do que o universo das drogas ( Rotelli );
- As ditas drogas são amplificadores do nível de consciência e propiciam experimentações vitais; contudo, por n fatores, passam a funcionar como um buraco negro - vida esvaziada de sentidos e compulsão onde se existe em função da próxima dose ( Rotelli e Deleuze );
- O desejo na contemporaneidade se reterritorializou; abandonou o campo das representações e da memória e se concentra nas percepções e micropercepções ( Deleuze );
- Para se libertar deste jogo de dependência e autodestrutividade, é necessário que o usuário se apaixone por uma causa - política, artística, amorosa, espiritual, existencial... um projeto de vida ( Frei Betto);
- Urge construir planos de vida onde as intensidades vividas no uso, possam gerar caminhos existenciais( Deleuze)...
3. O crack é clinica de acolhimento e inclusão; de singularidade e devir...
Fazemos, muitas vezes, um projeto de cuidado fadado ao insucesso: são normativas e repressivas, com atividades cinzentas, desvinculadas do mundo sociocultural da juventude, com sisudez e alegria anêmica e fugaz...
Urge aceitar alguns elementos que compõe a subjetividade dos jovens e dos que se aventuram no universo das drogas, e usá-las na sua potência de emancipação:
- coletivismo tribalista;
- arte insurgente;
- desejo de autogestão;
- rebeldias indignadas;
- criticidade ativa;
- criatividade e alegria;
- companheirismo e solidariedade...
Assim, é clinica do amor... da liberdade... dos sonhos e da poética de reinvenção da vida e do socius...
Senão, simplesmente, repetimos o mundo e os caminhos já negados...
Eis uma clínica da ternura e da compaixão, da partilha e da libertação...
Não é... não pode ser... canibalismo educado da morte civil...
DIÁRIO DE BORDO: CAMINHOS DA HUMANIDADE...
Jorge Bichuetti
Dia claro... Claro no azul do céu; claro na ternura que pulsa, sacudindo meu coração... Nuvens de algodão. Espinhos, pedras, obstáculos, críticas são só artefatos do caminho que teimoso, persiste na arte de tecer nos andarilhos a capacidade guerreira de sonhar, brilhar, lutar...
O café demorou... Esperei-o, para que ele ouvisse a alegria da manhã... Cantoria, pássaros voando. rosas perfumadas...
Gastamos tanto tempo com o medo, a insegurança e as tristezas represadas no coração que, quase nunca, vemos o belo... A vida e suas procriações singelas, mas que vistas, enche o peito da gente de novas emoções...
O pessimismo e o fatalismo se sustentam na nossa cegueira generalizada. Cegos, nada vemos... Surdos, nada escutamos...
Contudo, a vida é bela e canta...
Canta a sinfonia do recomeço que instala, em cada manhã, um convite de mudança.
Nos madrigais matutinos, a vida orvalha a terra e a nossa pele; solfeja um hino de esperança; grita no horizonte policrômico que o cinzento é uma permanente ação do mundo, onde negamos as floradas primaveris de uma vida nova.
Evitamos o novo... Mergulhamos nossos corações no lamaçal da mesmice.
Queremos ouro e prata; glória e fama; poder e supremacia...
Individualistas, suprimimos o outro... Consumistas, acumulamos e não desfrutamos... Competitivos, deixamos de investir no nosso próprio crescimento; gozamos com a pequenez e desvalia dos outros...
Desumanizados nas potências afirmativas da vida, vivemos... com angústia e tédio, depressão e solidão... alienados, nos destruímos... e banais, nem vemos a alegria e o amor estampados no rosto da vida, dizendo-nos que a paz e a serenidade moram no caminho da partilha e da solidariedade...
Não reconhecemos que a vida é bela e canta... no seu sonho de ver no caminho a consumação da ética do Bem Comum.
Aliás, somos capazes de oprimir e reprimir em nome do puritanismo moralista... por ele, engaiolamos e somos engaiolados... Mas, a vida voa nas asas da liberdade. É amor incondicional; misericórdia e compaixão na ânsia de permanente e irrestrita inclusão.
Silenciosa, a vida tece a poesia da ética da amizade... Conspira por sustentabilidade ecológica...
Não aprendemos a arte de conviver com a nossa própria humanidade: vulnerabilidade; recomeço; inacabamento... um ser metamorfoseante na travessia da própria existência.
Nossas neuroses vinculam-se ao nosso modo de ser... Servis e submissos, ante o status quo; coniventes e cúmplices das injustiças; algozes severos da singularidade alheia... Assim, armamos um psiquismo que nos desconstrói enquanto potência criativa e nos engessa na condição de árbitros da intolerância...
Nos entomos, desta maneira, um existir sob o paradigma da destrutividade, passiva ou ativa...
Escravos acorrentados... não voamos, não sonhamos, não tecemos tribos, não brilhamos... não nos descobrimos humanidade...
Poderíamos concluir que estamos todos agonizando de uma mesma patologia: excesso de narcisismo; incapacidade de amar... de se dar... de encontrar e tecer com om outro caminhos e horizontes que nos subtraia dos abismos hodiendos da nossa desumanização.
CUIDAR É INCLUIR; INCLUIR É ACOLHER; ACOLHER É PARTILHAR...
Dia claro... Claro no azul do céu; claro na ternura que pulsa, sacudindo meu coração... Nuvens de algodão. Espinhos, pedras, obstáculos, críticas são só artefatos do caminho que teimoso, persiste na arte de tecer nos andarilhos a capacidade guerreira de sonhar, brilhar, lutar...
O café demorou... Esperei-o, para que ele ouvisse a alegria da manhã... Cantoria, pássaros voando. rosas perfumadas...
Gastamos tanto tempo com o medo, a insegurança e as tristezas represadas no coração que, quase nunca, vemos o belo... A vida e suas procriações singelas, mas que vistas, enche o peito da gente de novas emoções...
O pessimismo e o fatalismo se sustentam na nossa cegueira generalizada. Cegos, nada vemos... Surdos, nada escutamos...
Contudo, a vida é bela e canta...
Canta a sinfonia do recomeço que instala, em cada manhã, um convite de mudança.
Nos madrigais matutinos, a vida orvalha a terra e a nossa pele; solfeja um hino de esperança; grita no horizonte policrômico que o cinzento é uma permanente ação do mundo, onde negamos as floradas primaveris de uma vida nova.
Evitamos o novo... Mergulhamos nossos corações no lamaçal da mesmice.
Queremos ouro e prata; glória e fama; poder e supremacia...
Individualistas, suprimimos o outro... Consumistas, acumulamos e não desfrutamos... Competitivos, deixamos de investir no nosso próprio crescimento; gozamos com a pequenez e desvalia dos outros...
Desumanizados nas potências afirmativas da vida, vivemos... com angústia e tédio, depressão e solidão... alienados, nos destruímos... e banais, nem vemos a alegria e o amor estampados no rosto da vida, dizendo-nos que a paz e a serenidade moram no caminho da partilha e da solidariedade...
Não reconhecemos que a vida é bela e canta... no seu sonho de ver no caminho a consumação da ética do Bem Comum.
Aliás, somos capazes de oprimir e reprimir em nome do puritanismo moralista... por ele, engaiolamos e somos engaiolados... Mas, a vida voa nas asas da liberdade. É amor incondicional; misericórdia e compaixão na ânsia de permanente e irrestrita inclusão.
Silenciosa, a vida tece a poesia da ética da amizade... Conspira por sustentabilidade ecológica...
Não aprendemos a arte de conviver com a nossa própria humanidade: vulnerabilidade; recomeço; inacabamento... um ser metamorfoseante na travessia da própria existência.
Nossas neuroses vinculam-se ao nosso modo de ser... Servis e submissos, ante o status quo; coniventes e cúmplices das injustiças; algozes severos da singularidade alheia... Assim, armamos um psiquismo que nos desconstrói enquanto potência criativa e nos engessa na condição de árbitros da intolerância...
Nos entomos, desta maneira, um existir sob o paradigma da destrutividade, passiva ou ativa...
Escravos acorrentados... não voamos, não sonhamos, não tecemos tribos, não brilhamos... não nos descobrimos humanidade...
Poderíamos concluir que estamos todos agonizando de uma mesma patologia: excesso de narcisismo; incapacidade de amar... de se dar... de encontrar e tecer com om outro caminhos e horizontes que nos subtraia dos abismos hodiendos da nossa desumanização.
CUIDAR É INCLUIR; INCLUIR É ACOLHER; ACOLHER É PARTILHAR...
POESIA: CORPO E VIDA NO COMPASSO DA ALEGRIA
ESTAS LÁGRIMAS
Jorge Bichuetti
Estas lágrimas que correm
nas rugas enviezadas do meu rosto,
...vão, serpenteiam e bailam, saltam cachoeiras
e, depois, num segundo... desalojam da tristeza
para serem ondas... remanso... um canto de mar.
A tristeza evapora... enamora-se da esperança;
e, louca na maresia, já não sabe a distância entre
o punhal que a minou e o azul horizonte, que a chama;
chama de vida remoçada num trapezista amor...
RISO DE MENINO
Jorge Bichuetti
meu riso é riso de menino:
alegria que nasce no caminho
onde pedras miudinhas são cometas estelares...
meu riso é... vida livre, voo de trapezista
na travessura brejeira de ir-se
por onde pássaros e bichos melodiam
a esperança... que é sonho de verdade
no meu coração de criança...
meu riso é só um riso;
um raio cortando as cinzas
que nublam e entristecem
a água da tempestade... onde meu barco
navega sem medo... co'suas velas de papel...
A FLOR E O ESPINHO
Jorge Bichuetti
O espinho feriu a flor.
ela não chorou; sorriu;
sabia trapacear... ela, então,
na teimosia de ser um além da alegria,
tão-somente, perfumou...
e o espinho envergonhado,
ali mesmo, secou...
a flor, vendo triste, de compaixão:
deu-lhe um beijo, orvalhando-o
co'suas lágrimas
ela não sorriu, só chorou...
Jorge Bichuetti
Estas lágrimas que correm
nas rugas enviezadas do meu rosto,
...vão, serpenteiam e bailam, saltam cachoeiras
e, depois, num segundo... desalojam da tristeza
para serem ondas... remanso... um canto de mar.
A tristeza evapora... enamora-se da esperança;
e, louca na maresia, já não sabe a distância entre
o punhal que a minou e o azul horizonte, que a chama;
chama de vida remoçada num trapezista amor...
RISO DE MENINO
Jorge Bichuetti
meu riso é riso de menino:
alegria que nasce no caminho
onde pedras miudinhas são cometas estelares...
meu riso é... vida livre, voo de trapezista
na travessura brejeira de ir-se
por onde pássaros e bichos melodiam
a esperança... que é sonho de verdade
no meu coração de criança...
meu riso é só um riso;
um raio cortando as cinzas
que nublam e entristecem
a água da tempestade... onde meu barco
navega sem medo... co'suas velas de papel...
A FLOR E O ESPINHO
Jorge Bichuetti
O espinho feriu a flor.
ela não chorou; sorriu;
sabia trapacear... ela, então,
na teimosia de ser um além da alegria,
tão-somente, perfumou...
e o espinho envergonhado,
ali mesmo, secou...
a flor, vendo triste, de compaixão:
deu-lhe um beijo, orvalhando-o
co'suas lágrimas
ela não sorriu, só chorou...
SOCIEDADE DE AMIGOS: A POESIA DE PAULO CECÍLIO NA LIRA DOS SONHOS PASSARINHEIROS
SONHOS
MORREM !!!
Paulo Cecílio
como um
documento amarelo que guardo:
uma carta
que escrevi
no tempo
que tinha dedos
quando
ainda existiam poemas
e o sol
se punha sob cavernas perdidas
nas
entranhas dos amores com teu cheiro
de peixe
sem aquario ofegante angustiado
morre um
sonho
e isto eu
nunca vira:
os sonhos
tambem morrem
mas
morrem nascendo
como a
crizálida que explode
em dor e
levita em asas novas
morre o
dia sem
sem rojões
sem medéias
sem
mulheres medusas
sem que o
do vento sul
encha de
caroços minha pele
cobras
esvoaçantes na cabeça
nos
corais sentado
com menos
que um sorriso
me
desfaço
diante do
perfeito compasso
do
arquiteto na curva do céu
permanece
lá meu motor de pano
impávido
com suas velas remendadas
de sonos
sem dormir de sonhos sem sonhar
nas
estrelas de ontem
parecia
intransponivel
o
mar cheio de magias em
sonhos de
ulisses ilhas desertas
a carne
do marlin masco
e ofereço
a gaivota que calada
espera o
momento incerto da partida
quis
partir um dia remando
de
qualquer modo escondido
sob o
lenço que ao chao lançaste
pra que
eu menino me curvasse
e olhasse
pra ti dos pés ao alto
ate
morrer em teus cabelos cinzas de vulcão
no
assovio do teus ventos
moram
lendas sussurradas
gravadas
aos pes de fogos solitários
como um
documento amarelo que guardo:
uma carta
que escrevi
no tempo
que tinha dedos
quando
ainda existiam poemas
e o sol
se punha sob cavernas perdidas
nas
entranhas dos amores com seu cheiro
de peixe
sem aquario ofegante angustiado
entao
acordei assim
sem cores
nos olhos
ou musica
nos ouvidos ou vento na pele
apenas o
aroma de meus albatrozes cinzas
meus
olhos secos sem lagrimas
encheram
esta bacia tao grande
pra que
tu pudesses de mim partir
nao quero
partir mais nada
apenas
descansar
num
tempo
sem
sonhos
sem
despedidas
com meus
peixinhos descalços:
o mar
tornou-se pequeno!
BONS ENCONTROS: O OFÍCIO DE VIVER...
1. Para fortalecer nossas vidas, fugindo dos abismos, deve-se viver precavido, evitando as lágrimas e as dores do coração?
2. A lágrima é uma maldição... Neste mundo de alegrias banais, como humanizar novamente nossos corações?
3. como exorcizar os males deum mundo que estigmatiza e exclui?...
4. Qual é a oração que nos dá força... desanuvia nosso psiquismo e nos faz cantar no singelo a beleza do infinito?
Amigos, eis uma sessão de terapia no caminho da arte... Vida que se torna alada na força dos versos que triscam o céu... e nos permite voo na ousadia de quem vê e sente a vulnerabilidade mutante do humano....
2. A lágrima é uma maldição... Neste mundo de alegrias banais, como humanizar novamente nossos corações?
3. como exorcizar os males deum mundo que estigmatiza e exclui?...
4. Qual é a oração que nos dá força... desanuvia nosso psiquismo e nos faz cantar no singelo a beleza do infinito?
"Poema de beco
Que importa a paisagem, a Glória, a baía
a linha do horizonte?
-O que vejo é o beco.
Manuel Bandeira"Que importa a paisagem, a Glória, a baía
a linha do horizonte?
-O que vejo é o beco.
Amigos, eis uma sessão de terapia no caminho da arte... Vida que se torna alada na força dos versos que triscam o céu... e nos permite voo na ousadia de quem vê e sente a vulnerabilidade mutante do humano....
MESTRES DO CAMINHO: COM A PALAVRA - NISE DA SILVEIRA, A DEUSA HUMANA DA LUTA ANTIMANICOMIAL E O ANJO DA VIDA HUMANIZADA
REFLEXÕES:
“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade.”
“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.”
“Para começar a estudar é preciso, de início, capinar. Capinar, capinar, capinar... Intensamente. Somente, após longo trabalho de capinação é que você poderá trocar o ancinho por um longo pente, e passá-lo sedosamente nos cabelos de uma mulher.”
“A contaminação psíquica é pior que piolho. Vai passando de uma cabeça para outra, numa rapidez incrível. E, como você sabe, todo mundo já pegou piolho.”
“Há no meu temperamento essa fúria. Quando eu quero uma coisa, eu insisto. Todo o dia, sem falta, eu levantava cedo, pegava o ônibus e ia trabalhar em Engenho de Dentro. Todo dia, todo dia... Nada me tirava daquele caminho.”
“Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos.”
“Desprezo as pessoas que se julgam superiores aos animais. Os animais tem a sabedoria da natureza. Eu gostaria de ser como o gato: quando não se quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não tem papo.”
“Eu me sinto bicho. Bicho é mais importante que gente. Pra mim o teste é o bicho, se não passar por ele, não tem vez. Freud disse que quem pensa que não é bicho, é arrogante.”
“Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles. Sinto-me um deles.”
“Só os loucos e os artistas podem me compreender.”
“A pesquisa e o estudo a partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem se dedicar intensamente, pois, das imagens surgirão não só revelações sobre o corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história da raça humana.
“Madame Adelaide Sechehaye. Ela me disse: ‘Só se pode progredir pelo prazer’, meu encontro com ela foi um grande prazer.”
“Há beleza na vida, há beleza em tudo. Vocês veem?... Há beleza na alegria, e mesmo na saudade, na tristeza, no sofrimento e até na partida, há beleza. A vida é uma beleza.”
“O Laing era um gato.”
“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte.”
“Quando descobri a unidade da matéria e da energia, uma coisa se transformou na outra; minha vida mudou.”
“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade.”
“É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.”
“Para começar a estudar é preciso, de início, capinar. Capinar, capinar, capinar... Intensamente. Somente, após longo trabalho de capinação é que você poderá trocar o ancinho por um longo pente, e passá-lo sedosamente nos cabelos de uma mulher.”
“A contaminação psíquica é pior que piolho. Vai passando de uma cabeça para outra, numa rapidez incrível. E, como você sabe, todo mundo já pegou piolho.”
“Há no meu temperamento essa fúria. Quando eu quero uma coisa, eu insisto. Todo o dia, sem falta, eu levantava cedo, pegava o ônibus e ia trabalhar em Engenho de Dentro. Todo dia, todo dia... Nada me tirava daquele caminho.”
“Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos.”
“Desprezo as pessoas que se julgam superiores aos animais. Os animais tem a sabedoria da natureza. Eu gostaria de ser como o gato: quando não se quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não tem papo.”
“Eu me sinto bicho. Bicho é mais importante que gente. Pra mim o teste é o bicho, se não passar por ele, não tem vez. Freud disse que quem pensa que não é bicho, é arrogante.”
“Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles. Sinto-me um deles.”
“Só os loucos e os artistas podem me compreender.”
“A pesquisa e o estudo a partir das vertentes imagísticas estão apenas começando. Somente o ponto do iceberg despertou. A partir do século XXI, os interessados neste assunto devem se dedicar intensamente, pois, das imagens surgirão não só revelações sobre o corpo psicológico e físico, como descobertas das potencialidades mentais dos seres humanos. As descobertas futuras sobre o inconsciente revolucionarão a história da raça humana.
“Madame Adelaide Sechehaye. Ela me disse: ‘Só se pode progredir pelo prazer’, meu encontro com ela foi um grande prazer.”
“Há beleza na vida, há beleza em tudo. Vocês veem?... Há beleza na alegria, e mesmo na saudade, na tristeza, no sofrimento e até na partida, há beleza. A vida é uma beleza.”
“O Laing era um gato.”
“Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte.”
“Quando descobri a unidade da matéria e da energia, uma coisa se transformou na outra; minha vida mudou.”
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