NO SILÊNCIO
Jorge Bichuetti
No silêncio ouvi
meu corpo alijado de palavras;
nele, tão-somente, os murmúrios do vento,
as pulsações do tempo e ele:
visceralidade eloqüente
com sibilos, sussurros, suores febris
e o sangue fervido
na fogueira enluarada das paixões...
Eu ouvi: a voz do suor acariciado pelo vento;
meus excrementos germinando no chão a flor
e o meu coração, ali, calado e encantado, como se fora a vida
u'a terra deserta só de sonhos povoada... minha terra é azul,
meu céu estrelado... mas, minha solidão não é nuvem, nem é
a encruzilhada da estrada... sou apenas o cio da semente
nos braços fortes e acolhedores da minha cova rasa...
Um dia, serei fruto... verde ramagem... rocha...
Um dia andarei pelas trilhas cósmicas num sem fim...
Um dia, sem palavras, eu serei a voz que grita no verso
da poesia que não teme o avesso nem o reverso da vida...
sexta-feira, 4 de maio de 2012
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